Vivo neste cuidado até me cansar
Numa permanente busca do perdido,
Até que logrando, feliz, encontrar,
Me dê, enfim, como bem merecido.
Mas na vã incerteza de tal labuta
Fico quase perdido, em sofrimento,
Em saber se venci ou perdi essa luta
Ou se dela tive algum merecimento.
Um rio, se nasce para o mar corre
E nada se encontra se não perdido;
Então, sem nascimento, quem morre,
E sem luta quem se dá por vencido?
Talvez seja assim o meu destino:
Uma ânsia continuada de indagar,
Ir ao encontro do toque do sino,
A saber se por festa ou por chorar.
A.Almeida - 14-03-2023