17 de agosto de 2023

Padre Delfim Augusto Guedes

 


Delfim Augusto Guedes, nasceu no lugar da Leira, na Casa do Ferreiro, na freguesia de Guisande, em 14 de Março de 1889. Era filho de Manuel Augusto Guedes, ferreiro de profissão, natural da freguesia de S. Jorge de Caldelas e de Rosa Gomes da Silva, doméstica, natural de Guisande.

Era neto paterno de Bernardo Guedes e de Maria Henriques, do lugar de Azevedo, de S. Jorge de Caldelas e neto materno de Manuel da Silva e de Margarida Gomes, do lugar da Leira, de Guisande.

Foram seus padrinhos de baptismo, em 18 de Março de 1889, Inácio Francisco e Custódia Gomes da Silva, do lugar dos Valos, freguesia de Fiães.

Ingressou no seminário do Porto e recebeu o presbiterado a 12 de Novembro de 1911, em Remelhe, durante a expulsão do bispo D. António Barroso. 

Foi durante vários anos pároco de Santa Eulália de Sanguedo, concelho de Vila da Feira e de seguida paroquiou a freguesia de S. Jorge de Caldelas (Caldas de S. Jorge), terra natal de seu pai, a partir de 28 de Setembro de 1939, sucedendo ao Pe. José Inácio da Costa e Silva, este natural de Pigeiros, que resignou nesse ano, seguindo depois, em 1943,  para a freguesia de Escariz - Arouca, onde faleceu em 1961 e ali foi sepultado no cemitério local, tendo sido muito estimado pelos seus paroquianos. A foto que ilustra este apontamento foi recolhida da respectiva lápide.

1 - Nota à margem:

Sobre este sacerdote, aquando da sua paroquialidade em Escariz - Arouca, José António Rocha, no documento intitulado "A Senhora da Abelheira", inserto no Lusitânia Sacra, 2ª série, Tomo 19-20 (2007-2008), a páginas 449, narra como lhe tendo sido contado pelos locais um episódio que considerou anedótico, mas que numa perspectiva sociológica ou de história das mentalidades, dizia muito. Assim, lá por Escariz dizia-se que o Pe. Delfim (ali pároco entre 1943 e 1961) não era muito devoto da capela da Senhora da Abelheira (porventura pela polémica da sua história e fundação) e que a ela se referia depreciativamente como "...lá em cima do monte". Ora por volta de 1960, numa celebração na dita capela da Abelheira, quando a missa estava a "santos" lançaram os tradicionais foguetes, sendo que um deles caiu sobre o telhado, furando-o e ferindo o pároco na cabeça, tendo sangrado..

Fosse ou não "castigo divino", certo é que a partir dessa data o padre não terá voltado a maldizer a capela.

Nota: Sendo que faleceu em 1961, verdade se diga, o Pe. Delfim também não teve muito mais vida para continuar a depreciar a capela da Abelheira. Não se consta que tenha morrido por causa do episódio do foguete, de resto um acontecimento algo mitificado e lendário, como reconheceu o atrás referido autor José António Rocha.

2 - Nota à margem:

Ainda sobre o Pe. Delfim Guedes, contou-me em vida o avô materno de minha esposa, Belmiro Gomes Henriques, do lugar da Igreja, que o formato da cúpula da torre da nossa igreja matriz de Guisande, em pirâmide de oito faces, se deveu ao pai do referido padre, o qual custeou as obras de remodelação da torre da igreja, que até então era mais baixa e aproximadamente esférica, na condição prévia de ser igual à da torre da igreja da freguesia de Sanguedo, onde ali paroquiava o filho.

Contou-me ainda a propósito, o Sr. Belmiro, que até então o formato da cúpula da torre da nossa igreja fazia lembrar um forno pelo que era alvo de troça das pessoas das freguesias vizinhas, que frequentemente se metiam com os de Guisande, questionando: - Então, vai haver fornada? - Já tiraram o pão do forno?

Resumo:

O Pe. Delfim Augusto Guedes, foi, pois, uma figura com relevância, mas quase ignorada e desconhecida na nossa freguesia, sua terra natal. Não surpreende, pela distância temporal sobre a época em que viveu, mas também porque a sua vida sacerdotal foi toda passada fora de Guisande, mesmo que em paróquias próximas.

Mais gostaríamos de saber e escrever sobre este sacerdote, mas fica para já este apontamento, que de algum modo, lhe faz a devida evocação.