Reunido no seu todo o habitual grupo, de novo rumamos neste Sábado a terras de Sever do Vouga, a descobrir os segredos profundos do rio Gresso, também por ali tratado por Branco. O início da caminhada poderia ser em qualquer outro ponto, mas no nosso caso foi ali à sombra da capela de S. Geraldo que começamos a subida que nos havia de levar até às cascatas desse curso de água e depois no ponto mais a norte do percurso inverter o trajecto mas ainda seguindo-o marginalmente.
O rio Gresso é um afluente da margem direita do rio Vouga, no qual desagua na albufeira de Ribeiradio, junto à aldeia dos Amiais. O seu vale é profundo e fortemente encaixado por entre penedias revestidas a musgo e à sombra de frondosos carvalhais. Esta não é de todo a melhor época do ano para ver o seu impetuoso caudal a esmagar-se naqueles penedos e formando clamorosas cascatas. Estamos no pico do Verão e as suas águas, que começam ali a norte pela encosta da serra do Arestal, entre as aldeias de Folhense e Linhares, são escassas e ainda por cima desviadas por levadas que outrora faziam girar as mós de mais de uma dezena de moinhos, mas que agora, entregues estes à ruína, deixam a água a correr viva para ainda regar sequiosos milheirais ali por aquelas encostas de Sanfins de Rocas do Vouga.
O percurso vale essencialmente pelos troços de subida ou descida do rio, em parte com pontes e estruturas de apoio e segurança, a que chamamos de passadiços, mas todo ele é uma descoberta de pormenores e recantos, incluindo pomares de mirtilos ali a oferecerem-se, que devem ser sempre tidos em conta nestas caminhadas de fruição da natureza.
Havemos, concerteza, de voltar, sobretudo para ver o Gresso a espumar-se de raiva com abundantes águas, que costuma ter por meses mais chuvosos.
O retempero do corpo e da alma foi em Couto de Esteves, onde o Júnior nos presenteou com um dos melhores cabritos e vitela, assados em forno a lenha, que o grupo já teve oportunidade de se deliciar. E, sem falsas modéstias, já temos um fantástico historial de bem comer em locais de eleição, por estas bandas ainda tão desconhecidas da nossa malta litoral. Como se não bastasse, tudo regado com espumante de garrafa de cu-largo, vinda de propósito das terras do Demo, cantadas na prosa de Aquilino.
Boa jornada, a fazer transpirar, mesmo que o sol estivesse envergonhado, mas sobretudo a deixar o desejo de que chegue o próximo Sábado onde, com jeitinho, rumaremos ao Caramulo porque há lá caminhos e paisagens a devorar e carvalhais a oferecerem sombras. E, quem sabe, uma visita ao Fernando e à Margarida a ver o que têm na panela e no forno que possa vir à mesa. Quem sabe...
De seguida alguns dos muitos olhares, mesmo que o raio da machina tenha ficado sem fôlego ainda antes do final. Coisas das tecnologias.