Está relativamente bem documentado, até mesmo pelo Fernão Lopes, cronista contemporâneo, ainda por outros autores posteriores, e que mesmo já ouvi da boca do erudito historiador José Hermano Saraiva, que D. João I, para além da forma muito peculiar com que foi aclamado rei de Portugal, foi muito fraquinho no que toca a feitos de cavalaria. Teve melhor desempenho noutras áreas e o melhor legado deste filho bastardo feito rei pelas Cortes de Coimbra, foi a sua ínclita geração, como a chamou Camões.
Sendo certo que interviu na peleja ou batalha de Aljubarrota, na tarde de 14 de Agosto de 1385, que cimentou a independância face a Castela, teria muitas dificuldades em suster o peso da própria espada e num confronto com um nobre castelhano, Álvaro Gonçalves de Sandoval, só não foi morto graças à intervenção salvadora e corajosa do cavaleiro Martim Gonçalves de Macedo, que quando o castelhano se preparava para desferir o golpe mortal na cabeça do fraco rei caído de joelhos, lhe arrancou a maça que quebraria o crâneo ao ex- Mestre de Aviz. De resto este salvamento da morte certa valeu a Martim Macedo generosas recompensas e doações de terras por parte do resgatado à morte.
Em resumo, no manejo da espada ou da adaga, o Mestre de Aviz, apenas fez figura no acto cobarde quando assassinou a sangue frio o desamparado Conde Andeiro no Paço Real.
Mas a estas coisas nem sempre damos destaque porque em regra as desconhecemos e esta e outras figuras da nossa História, que se mostraram fraquinhas, são recorrentemente polidas e pintadas com cores de valentes guerreiros que marchavam destemidos à frente das suas tropas.
Também na vida e em muitos aspectos dela, com alguma recorrência e similaridade, vamos vendo por aí uns arremedos de nobres e reis com ares de valentões, a fazerem poses de durões, mas que na realidade não passam de umas tristes amostras. De resto a História está repleta destes embustes e até o filme de animação 3D, o Shrek mostra-nos um príncipe minúsculo, o Lord Farquaad, enfiado numa imponente e brilhante armadura.
Hoje, como no passado, há ridículos que se mantêm.