No chão, uma semente esquecida, encoberta,
A terra, com rudeza, a envolve indiferente,
Mas a vida, nesse seio, se faz descoberta,
E nele irrompe a árvore em luta inclemente.
Ramo a ramo alevanta-se, rija, obstinada,
Numa leito de fraga da dureza da serra.
Depois é sombra e dádiva a troco de nada,
Onde os bichos encontram a paz da guerra.
Árvore bendita, que tudo em ti é festa,
Presença austera ou delicada, mas de fé;
És tu mesma, em solidão ou em floresta,
Vivendo generosa até à morte, em pé.
A.Almeida - 210302023