8 de setembro de 2023

Árvore bendita



No chão, uma semente esquecida, encoberta,

A terra, com rudeza, a envolve indiferente,

Mas a vida, nesse seio, se faz descoberta,

E nele irrompe a árvore em luta inclemente.


Ramo a ramo alevanta-se, rija, obstinada,

Numa leito de fraga da dureza da serra.

Depois é sombra e dádiva a troco de nada,

Onde os bichos encontram a paz da guerra.


Árvore bendita, que tudo em ti é festa,

Presença austera ou delicada, mas de fé;

És tu mesma, em solidão ou em floresta,

Vivendo generosa até à morte, em pé.


A.Almeida - 210302023