O senhor Manuel Alves, o nosso Nequita, apesar dos seus já 90 e picos, ainda vai à missa, a conduzir e leva com ele a esposa, a senhora Tina. É bonito, caso raro e contrasta ou acentua a cada vez mais notória ausência de jovens e adolescentes que, desobrigados daquelas celebrações da catequese que ainda vão tendo enquanto são menores, pouco mais que crianças e ainda guiados pelas mãos dos pais, deixaram de frequentar a igreja. Mas isto nada tem de falso moralismo porque eu próprio tenho cá em casa um exemplo dessa ausência que caracteriza a juventude, mesmo considerando que, no caso, tem um turno de trabalho (nocturno) que não ajuda. Mas nestas e noutras coisas, como os outros, é de maior idade, livre e decide por si próprio.
Seja como for, são sinais dos tempos e parece-me (cá está este pessimismo de quem já não vai para novo) que mesmo com o êxito da recente Jornada Mundial da Juventude que refrescou de juventude as nossas paróquias e o país, com mais de um milhão e meio a desaguar no Tejo em Lisboa no início de Agosto passado, em rigor pouco vai inverter esta tendência.
Mesmo o nosso e os outros grupos de jovens ligados à Igreja e ás paróquias, sendo que formados por bons rapazes e raparigas, em rigor pouco acrescentam à diversidade etária das assembleias nas nossas missas porque quase sempre estão ausentes. De resto, tirando um ou outro momento, têm pouco tempo para participar porque a escola, a universidade e já responsabilidades profissionais, deixam pouco tempo para a assiduidade, mesmo que dominical.
É o que é, mas, sem falsos moralismos, não vejo como inverter. Os novos tempos têm novos desafios e excelentes oportunidades, mas com eles perdem-se também bons velhos hábitos. Boas excepções sempre haverá, aqui e em todo o lado, mas já não são regra.
Assim, ainda bem que ainda temos a juventude de alguns senhores Necas para contrabalançar esta realidade. Sem ironias.