Nesta foto, temos duas gerações representadas, o pai, o Albertino da Silva Santos e o Alberto Jorge, um dos seus filhos e meu bom colega de juventude.
Albertino da Silva Santos nasceu em 1 de Novembro de 1927, era filho de Benjamim da Silva Santos, conhecido como "Benjamim do Pomar" e de Joaquina da Conceição. Sobre este apelido "Pomar" falaremos adiante. Dos seus irmãos conheço ou conheci o Alberto, que viveu em Vila Seca, a Conceição, que casou com o Cèsar Rocha e viveu em Duas Igrejas, o António, que viveu na Lama e ainda a Isaura, que vive em Casaldaça. Teve ainda um irmão José que nasceu e faleceu pouco depois do nascimento, mas depois de baptizado, em 13 de Setembro de 1940. Este José era gémeo da irmã Isaura.
Casou com Bernardina Leite de Resende e Silva em 11 de Fevereiro de 1961, a qual nasceu em 6 de Julho de 1936 e faleceu em 8 de Julho de 2016. Figura típica de mulher abnegada de trabalho, amor pelos filhos e pela terra, à qual se dedicou quase até aos derradeiros dias, mesmo que já sem forças. Quem é que não se lembra de, já pela noite alta, de a ver a vir carregada dos campos e lameiros, com pasto ou outras coisas colhidas, algumas vezes acompanhando o carro puxado pelo gado ou mesmo à cabeça ou no atrelado de mão?
Por sua vez, o Ti Albertino e a Ti Dina tiveram vários filhos, o Alcino, o Alberto Jorge, o Inácio, o Albertino, o Carmindo, a Cidália, a Florinda e a Madalena. Creio que não esqueci algum.
Como se vê pela foto acima, o Ti Albertino está ainda vivo da silva e com bom aspecto mas naturalmente já com o peso da idade, pois que vai fazer daqui a nada (1 de Novembro - como eu) 96 anos porque nascido em 1927, por isso já a caminho dos 100. Encontra-se bem cuidado, num lar em Maceda - Ovar, recebendo a visita frequente dos filhos.
A figura do Sr. Albertino é por demais conhecida e dispensa apresentações para a maioria dos guisandenses, mas com características muito próprias e peculiares, podendo, sem sombra de dúvidas, ser o modelo de pessoa calma e pacata, a quem uma casa a arder ou uma vaca a parir não causam a mínima aflição.
Sobre este seu modo de ser, há muitas histórias divertidas, umas mais que as outras mas em todas elas o traço da sua personalidade de homem calmo, despreocupado. Desde logo, invariavelmente, chegava sempre à missa quando esta já tinha começado, ia a meio e ou tantas vezes já a acabar. Mas, verdade se diga, era costume não só do Ti Albertino.
Como muitos bem sabem, entre as suas ocupações que fazia calmamente, também fazia de barbeiro e os seus clientes, como o meu tio Neca, quando para lá iam sabiam ao que iam e por isso sem hora para regressar a casa. Contou-me, ele, o meu tio, que não raras vezes o corte da sua barba era interrompido a meio porque chegara alguém a casa do Albertino para este lhe lhe fazer chegar o touro à vaca. Como se sabe o Ti Albertino teve durante algum tempo um imponente touro de cobrição que se assegurava de emprenhar as vacas da freguesia e de outras vizinhanças. Ora um barbeiro a acumular outros trabalhos é coisa para trocar as voltas a quem precisava de cortar o cabelo, aparar a barba e bigode ou escanhoar o rosto.
Ora lá ficava o meu tio Neca com metade da cara com a barba desfeita e outra metade ensaboada durante meia hora ou mais. Mas, dizia ainda o meu tio, que bastava chegar alguém e bater à porta, mesmo que por assunto de menor importância, que o Ti Albertino abandonava os clientes para dar uns dedos de conversa. Ora na realidade eram dois dedos, mais os três, a mão inteira e rapidamente um recado de dois minutos passava a uma hora, esquecendo-se do tempo
Também se conta que uma vez o Ti Albertino e o Ti António, Simeão, do Viso, combinaram, cada qual na sua bicicleta, irem pela manhãzinha à Feira das Debulhas a Cabeçais, que se faz ali pelo 13 de Julho. Ora com tanta calma e tanta conversa com pausas, e as bicicletas a serem pouco ou nada usadas, ainda com uma paragem no Carvalhal para no Barrigas molharem as gargantas secas de tanto paleio, certo é que quando chegaram à festa já os comerciantes estavam a desmontar as tendas. Só não chegaram de madrugada a casa pelo que o caminho de regresso era a descer até Santa Ovaia e depois de uma curta subida por Tozeiro, novamente a descer de Cimo de Aldeia a Guisande e as bicicletas lá fizeram o seu papel. Mas já era noite quando chegaram ambos a Guisande.
Voltando ao pai do Ti Albertino, o Benjamim da Silva Santos, de que ainda tenho memória, nasceu em 28 de Julho de 1895 e faleceu em 12 de Maio de 1985. Era filho de Joaquim da Silva e de Margarida de Jesus Santos (nascida a 20 de Novembro de 1852). Era neto paterno de José Bernardo da Silva e de Micaela Maria Rosa e neto materno de Manuel José de Oliveira e de Ana Francisca dos Santos.
O Benjamim casou com a Joaquina em 7 de Junho de 1924. A Joaquina era filha de Joaquim Ferreira Linhares e de Rosa Maria da Conceição, neta paterna de José Custódio e de Maria Joaquina da Costa e neta materna de Domingos José Custódio e de Joana Pinto de Almeida. Faleceu esta Joaquina, esposa do Benjamim, em 27 de Janeiro de 1968.
Para além de outros, que ainda não consegui pesquisar, era irmão de Maria dos Santos (nascida em 22 de Fevereiro de 1890 e falecida em 10 de Abril de 1979) esta que casou em 21 de Outubro de 1911 com Manuel Ferreira Coelho. Este Manuel e a Maria dos Santos eram os pais da popular Ti Elvira Ferreira dos Santos, que casou em 2 de Março de 1940 com Mamede da Conceição, este nascido a 19 de Junho de 1911, por sua vez pais do Américo, do Miguel e do David Ferreira da Conceição. A Ti Elvira teve outros irmãos, nomeadamente o Abel Ferreira Coelho e o Armando Ferreira Coelho, este nascido em 15 de Abril de 1927, ambos que foram emigrados no Brasil. Este Abel, que nasceu em 5 de Setembro de 1915, continuou com o negócio do pai com serviço de bar e restaurante no Rio Janeiro. Nasceu este Abel em 5 de Setembro de 1915. Outro irmão desta prole, o David Ferreira Coelho, que também emigrou para o Brasil e que dizem que chegou a ser lutador de boxe. Ainda o António Ferreira Coelho que também emigrou para o Brasil e casou com Maria Celeste dos Santos Paiva. Ainda a Alzira, que casou com José Santos Pereira, tendo estado emigrados no Brasil mas que depois regressaram e construíram casa no lugar de Casaldaça, tendo tido como filhos o José, o Luíz Paulo e o Luíz Fernando.
Era ainda filha de Manuel Ferreira Coelho e Maria dos Santos, a Conceição, que veio a ser esposa do Domingos Caetano de Azevedo ( Patela), por sua vez pais da professora Maria Célia de Azevedo.
Era ainda filha de Manuel Ferreira Coelho e Maria dos Santos a Palmira Ferreira dos Santos que nasceu em 1 de Abril de 1923 e que casou em 24 de Abril de 1948 com Joaquim Alves da Silva.
Por sua vez, o Benjamim e a Maria Santos tiveram outros irmãos, como o António Joaquim e a Olívia Rosa (esta nascida a 12 de Fevereiro de 1875).
Este Manuel Ferreira Coelho, que chegou a ser regedor em Guisande, nasceu a 12 de Outubro de 1886. Era filho de José Ferreira Coelho e de Maria Henriques de Jesus. Era neto paterno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Joaquina de Jesus. Era neto materno de António dos Santos e Mariana Henriques. Foi baptizado nas Caldas de S. Jorge onde então moravam os seus pais. O seu pai era natural de Guisande mas casou com a sua mãe que era do lugar de Azevedo e por isso casaram e moravam à data do seu nascimento em S. Jorge (S. Jorge de Caldelas, como então era conhecida a freguesia, actual Caldas de S. Jorge). Casou este Manuel Ferreira Coelho com a já acima referida Maria dos Santos em 21 de Outubro de 1911. Faleceu este Manuel Ferreira Coelho em 11 de Dezembro de 1951, com 65 anos. Como já dito atrás, foi emigrante no Rio de Janeiro, no Brasil, e depois de regressado a Guisande exerceu o cargo de regedor.
Quando comecei a escrever este apontamento, surgiram-me algumas dúvidas e até contradições devido à existência de um outro Manuel Ferreira Coelho, este nascido a 5 de Abril de 1890. E a confusão nasceu precisamente desta data de nascimento e que consta na lápide existente no cemitério em Guisande. Mas a meu ver e perante as evidências esta data não corresponde à do nascimento do Manuel regedor, este nascido, como se disse, em 12 de Outubro de 1886. Ora a ter em conta a data existente na lápide do cemitério, sempre deduzi que correspondesse a este Manuel. A dúvida instalou-se quando consultando os assentos de nascimento de alguns dos seus filhos, como do Abel e da Elvira, o nome dos avôs não coincidiam. Finalmente, a partir do assento de casamento do Manuel Ferreira Coelho, regedor, com a Maria dos Santos, é que verifiquei que ele havia nascido e sido baptizado em S. Jorge. Assim, lá cheguei ao assento de nascimento e baptizado correspondente e por ele as dúvidas dissiparam-se. Assim este Manuel, nascido em S. Jorge em 12 de Outubro de 1886, é afinal primo do Manuel nascido em Guisande em 5 de Abril de 1890. O pai daquele é José Ferreira Coelho, sapateiro, e o pai deste é António Ferreira Coelho, professor do ensino primário de rapazes. Em todo o caso, não encontro justificação para na lápide do Manuel regedor se ter indicado a data de nascimento do seu primo também Manuel.
Já agora, esse seu primo Manuel, nascido em 5 de Abril de 1890, faleceu menor, com pouco mais que 18 meses de idade, em 15 de Outubro de 1891. Como já dito, era filho de António Ferreira Coelho. (do lugar de Fornos, professor da instrução primária) e de Maria Francisca da Silva ( de Canedinho - Gião). Era neto paterno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Joaquina de Jesus (do lugar de Fornos).
Quanto à origem do apelido Pomar:
Dos vivos, ninguém sabe ao certo a origem do apelido ou alcunha de "Pomar" dada a esta gente, deduzindo alguns que talvez pelo sítio do lugar de Casaldaça onde viviam, uma das colinas do lugar, ser terra de muitas árvores de boa fruta, logo um pomar.
Todavia, das minhas pesquisas, tudo indica que este Pomar refere-se mesmo a um antepassado que tinha esse apelido no nome. Falo concretamente de António José do Pomar, casado com Maria Rosa de Jesus. Este António José do Pomar era avô paterno de Margarida Jesus dos Santos, esta por sua vez a mãe do Benjamim. Ou seja, este António José do Pomar era avô materno do Benjamim e seus irmãos. Além do mais é de supor que este apelido Pomar seja ainda anterior, por isso já parte dos nomes do pai ou avós do António José do Pomar. Por isso o apelido Pomar é mesmo de origem de nome de antepassados do Benjamim e não apenas uma alcunha.
Como não podia deixar de ser, estes apontamentos genealógicos confirmam que as famílias se cruzam e se enredam numa teia que é comunitária pelo que em rigor, mesmo que em diferentes garus, somos todos parentes uns dos outros.
Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como nomes de familiares e datas. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.