7 de setembro de 2023

Sem sede


Sob o sol escaldante a terra ressequida

Geme, ou mesmo grita de não sei que dor,

Numa sede aflita, em desencontro da vida,

Como uma semente que não brotará flor.


A paisagem pinta-se em tons de chama,

Sem tintas do suave céu e da erva verde;

Triste sina esta a de um homem que ama,

Com uma fonte nos olhos mas já sem sede.


Quisera eu ter a garganta ressequida,

Os olhos secos, em cegueira constante,

Para te beber e ver mais doce e pura,

Numa sôfrega bebedeira consentida,

Possuir-te no leito suave como amante,

Numa fome estrangulada pela fartura.


A. Almeida - 02092023