Decorreu na manhã deste Domingo, 22 de Outubro, o funeral da Iria Santos da Conceição. Foi uma longa vida (96 anos) que teve a graça de receber de Deus.
Pela data e horário, esperava eu que fosse mais participado pela comunidade. Talvez por ser de poucos conhecida (excepto os mais velhos) e por há longos anos viver em Lisboa.
Pessoalmente também não gosto de funerais, por razões óbvias, porque de pesar e tristeza, seja pela partida mais ou menos esperada ou inesperada de familiares ou de gente nossa, da nossa comunidade.
Assim, até por razões de trabalho e com os horários dos funerais pouco adequados a quem tem horários e compromissos de emprego, também não participo em todos mesmo que de uma forma ou outra, procure transmitir os sentimentos aos familiares, sobretudo aos mais chegados.
Apesar disso, e sem qualquer ponta de moralismo, porque sou fraco exemplo, verifico que para além dos mais velhos da nossa comunidade, e dos familiares por razões óbvias, nos funerais na nossa comunidade quase não se vê a participação de jovens ou mesmo adultos na casa dos 35/50 anos. Ora se em dias de semana há uma natural justificação, já em dias de fins de semana, sábados e domingos, a razão é menos válida.
Claro que cada um faz como quer e nestas coisas em nada somos obrigados. Liberdade acima de tudo. Mas se entendemos a participação num funeral como um gesto de solidariedade fraterna para com gente da nossa comunidade, em momentos de dor, perda e tristeza, então neste aspecto, no geral estamos a ser pouco solidários e participativos. Ainda não é caso para tanto, mas a este ritmo, não tardará que as cerimónias de exéquias sejam só participadas por familiares e um ou outro amigo mais chegado, dos falecidos ou dos familiares.
Em todo o caso, em Guisande, mesmo havendo notoriamente gente que não vai a funerais, no geral ainda são bastante participados no que denota ainda um espírito positivo de fraternidade comunitária, respeito e solidariedade pelos seus elementos.
Quanto à Sr.ª Iria, conversei com ela pessoalmente umas três ou quatro vezes, algumas por telefone e quem a conhecia sabe que tinha a tendência de nos prender e de um assunto simples falava-se largos minutos.
Das duas últimas vezes que falamos, uma por telefone e outra pessoalmente, como então eu fazia parte da Junta da União de Freguesias, confessou-me que gostaria de ver atribuída à actual Rua dos Quatro-Caminhos, da Gândara ao lugar de Azevedo, o nome do Pe. José Oliveira, por ter ele nascido ali no lugar da Gândara, bem ao lado do caminho que hoje é a tal rua.
Pela minha parte considerei a proposta e até disse que achava muito bem, já que o Pe. Oliveira foi uma figura notável da freguesia, mesmo que desconhecida para as actuais gerações. Na altura, como mero vogal sem quaisquer competências, transmiti o assunto ao presidente que, alegando dificuldades e transtornos na mudança, não mostrou interesse. Poderia, pelo menos, ter tentado e promovido a consulta aos moradores, que com legitimidade poderiam ou não concordar com a mudança e aceitar ou não os inconvenientes dela, nomeadamente pela actualização de dados de morada em diferentes instituições. Ficou, pois, por concretizar essa possibilidade e vontade proposta pela Sr. ª Iria e que, também concordando eu com ela, de algum modo seria de justiça por relembrarmos o nome, vida e obra do Pe. José Oliveira, um filho da terra, gente nossa.
Nunca é tarde, seja pelo nome da rua ou por outra iniciativa, para dar destaque a essa figura nascida no lugar da Gândara.
Mas, em abono da verdade, fica aqui partilhada essa vontade manifestada de forma interessada pela Sr. Iria. Mesmo que não tivesse sido concretizada, da sua proposta e vontade saberá disso, estou certo, o Pe. Oliveira.
Que Deus a guarde!