Completar um cento de anos de vida é um dom que Deus concede apenas a poucos e com ainda alguma capacidade de sorrir, ainda a menos. Uma benção dessas calhou ao meu tio Neca Almeida.
É certo que se a idade não tem medida, tem seguramente peso e por isso esperar que o tio Neca ainda fosse capaz de dançar um vira ou de manter um diálogo coerente e lúcido era pedir demais. A sua audição, ou falta dela, também não ajuda a qualquer comunicação.
Se ainda tem dias em que a memória, como num denso mar de água, ainda vem à tona respirar sofregamente e ser capaz de identificar quem se apresenta na sua frente, hoje, porém, talvez pela ida ao barbeiro, deixou-o mais distante das memórias e dos rostos de quem durante uma vida se habituou a partilhar e a rever.
Ainda assim, o sorriso a acompanhar uma cantoria cuja melodia e letra só ele sabe onde compostas.
Mas teve a sua festinha onde conseguiu soprar as velas. Não as 100, porque não caberiam no bolo, mas uma sobre cada algarismo.
No fundo ficamos com a alegria de saber que naquele espaço está bem tratado e cuidado, com uma equipa de colaboradores dedicados e em boas instalações.
Obrigado a todos, para além dos vários sobrinhos, que tiveram a oportunidade deste simples mas significativo momento.
Obrigado ao Sr. presidente da União de Freguesias, David Neves, e sua colaboradora, por também se associar com genuíno interesse a este momento, que é naturalmente privado e pessoal mas simbólico para toda uma comunidade. Afinal é o seu elemento mais velho, de todos entre todos.
Obrigado ao meu irmão Adérito e minha cunhada Madalena que em muito têm feito pelo nosso tio, no que toca a dedicação e cuidados. Tivesse ele filhos e não seria garantida melhor dedicação.
Parabéns, tio Neca! Talvez, quem sabe, lá no fundo do espaço misterioso que nos rodeia e nos faz seres humanos, de algum modo consiga percepcionar a importância deste dia e desta data.
Os que virão pouco interessa, desde que permitidos por quem rege os mistérios insondáveis da vida.