Os nossos políticos, em geral, sabem que estão mal considerados perante os eleitores e que daí, em muito, decorrem as altas taxas de abstenção nos actos eleitorais, mas mesmo assim continuam a falar para os mesmos como se estes sejam todos uma cambada de tontos, palermas, sem capacidade de escrutínio e de julgamento e incapazes de ver gatos escondidos com os rabos de fora. Assim, é de facto motivo de arrelia constante ir assistindo às suas campanhas, intervenções e discursos.
Uma ds capacidades destes políticos rasteiros é de fazerem de conta que certas coisas não são nada com eles, que não lhes diz respeito e que certas más políticas são sempre da responsabilidade dos outros e sobretudo de quem em diferentes cargos os precederam. Por exemplo, o senhor Pedro Nuno Santos, agora líder do Partido Socialista, candidato a primeiro-ministro, e que presumivelmente será, tem falado como se o seu partido não nos tenha governado nos últimos 10 anos e que em 25 anos tenha estado 18 no poder, e que dele não tenha feito parte com cargos de responsabilidade.
Por conseguinte, as trapalhadas da TAP, com indemnizações milionárias autorizadas e esquecidas, as da localização do aeroporto, o estado da Educação, o caos e a degradação do Serviço Nacional de Saúde, com serviços encerrados e urgências entupidas, instabilidade social constante com professores, médicos, forças da segurança, confronto verbal com o Ministério Público, etc, etc, não têm nada a ver com o PS e o Pedro Nuno. Não, a culpa é do inquilino histriónico do Palácio de Belém e de quem deixou de governar há 10 anos. Ganhem e governem por mais 10 e nessa altura os culpados e responsáveis do que não estiver bem serão ainda os do passado.
Perante esta situação, não supreende que um partido mais extremado como o CHEGA continue a ganhar adeptos, porventura não pelos lindos olhos e do discurso populista e demagógico do artista do seu líder, André Ventura, mas simplesmente em reacção a este sistema muito politicamente correcto e de políticos frouxos, carreiristas, a quem se exigia mais frontalidade, honestidade e sobretudo assunção de responsabilidades quando as têm. Não tem sido esse o caso por parte do PS nem do neto do sapateiro, o qual até tem raízes familiares aqui em Guisande.
É pena! Pois é! Mas, pelos vistos, basta que se prometa um ordenado mínimo de mil euros daqui a quatro anos para que tudo volte a ser cor-de-rosa. Falta de ambição! Porque não 2 ou 3 mil? Isso é que era!