Nesta semana realizaram-se na nossa paróquia dois encontros: Na Terça-Feira, 27 de Fevereiro, pelas 21:30 horas, no Salão Paroquial, reuniram-se os representantes de grupos com a finalidade de definir as acções e momentos a incluir no programa geral da Visita Pastoral que o bispo auxiliar do Porto, D. Roberto Mariz realizará às três paraóquias do Pe. António Jorge de Oliveira, de 24 a 30 de Junho próximo, culminando com a administração do Crisma, numa celebração interparoquial conjunta.
Já ontem, Quinta-Feira, 29 de Fevereiro, pelas 21:00 horas, também no Salão Paroquial, sob a orientação do Diácono António Avelino, da paróquia de Caldas de S. Jorge, realizou-se um encontro com elementos dos três grupos de leitores de ambas as paróquias, num contexto de partilha e formação do papel do leitor na liturgia e da forma mais adequada da relação com a Palavra.
Foram abordadas algumas questões, nomeadamente quanto à liturgia no período da Semana Santa, que se aproxima e ainda alguns tópicos sobre o Ministério do Leitor, que em princípio será tema a desenvolver no próximo encontro agendado para Setembro, depois das férias. O encontro terminou por volta das 22:30 horas.
Sobre este Ministério do Leitor, seguem-se as ideias base da sua razão de ser, da sua função e fundamentos:
1. A função própria do Leitor instituído é proclamar a Palavra de Deus nas assembleias litúrgicas. Com efeito, a leitura dos textos bíblicos na assembleia não é ofício presidencial, mas sim ministerial: com exceção do Evangelho, cuja proclamação é reservada ao diácono ou, na sua falta, a um presbítero, todas as restantes leituras são da competência dos leitores, que as devem efetivamente proclamar, mesmo que estejam presentes ministros de ordem superior (IGMR 99; OLM 51).
2. Para além dessa sua função própria, os leitores podem ser chamados a desempenhar durante as celebrações litúrgicas, a título de suplência, funções de outros ministérios: na falta de Salmista, recitará os Salmos interleccionais; na falta de diácono ou cantor, poderá ser ele a apresentar as intenções da Oração universal; na falta de diretor do canto e de comentador, poderá ser ele a dirigir o canto e a orientar a participação dos fiéis nas celebrações. Por fim, o Diretório para a celebração do Domingo na ausência de Presbítero coloca-os, a par dos acólitos, entre os leigos a dar precedência para a condução desse tipo de assembleias litúrgicas
3. Mas seria minorar a missão do Leitor instituído confiná-lo a um desempenho ritual. De facto, a Liturgia é «cume e fonte» (SC 10). Coerentemente, a epifania litúrgica do ministério confiado aos Leitores obriga a alargar os horizontes do serviço eclesial que lhes é confiado para além do momento da celebração. Assim, o Motu Proprio Ministeria Quaedam propõe-lhes tarefas de mais lato alcance pastoral, como preparar os fiéis para a receção frutuosa dos sacramentos (catequese…), ajudar na organização da liturgia da Palavra, e assegurar a formação do grupo dos leitores aos quais, por encargo temporário, se pode confiar o exercício de facto deste ministério.
4. Em suma, o leitorado é um ministério a conferir não apenas a quem leia bem nas celebrações litúrgicas, mas sobretudo a quem se disponibiliza para colaborar na organização das atividades de evangelização e catequese, dando coerência e consistência ao seu serviço litúrgico.
Formação:
5. Não é fácil ser leitor, nem se improvisa e, acima de tudo, tendo em conta o amplo leque das funções que lhe são atribuídas. Com efeito, os leitores devem ser aptos e diligentemente preparados. Em primeiro lugar eles devem deixar-se imbuir, impregnar inteiramente pela Palavra de Deus que hão de amar, de que farão o seu tesouro mais precioso e o seu alimento quotidiano. Hão de aprofundar o seu conhecimento da Sagrada Escritura mediante uma leitura assídua, um estudo diligente, uma oração fervorosa e um testemunho credível. Sintetizando, diremos que a sua preparação há de ser geral e particular; remota, prévia, permanente e concomitante ao exercício da função. Quanto à preparação específica, ela deve abarcar, pelo menos, as seguintes alíneas:
Formação bíblica que capacite para a compreensão dos textos nos respetivos contextos e géneros literários, e na perspetiva unitária e englobante da história da salvação;
Formação litúrgica que lhes dê um conhecimento efetivo do sentido e estruturas da Liturgia da Palavra e da sua conexão com a Liturgia Eucarística e com os outros Sacramentos e Sacramentais. Em particular, deve conhecer por dentro a estrutura e organização dos lecionários, dominando os critérios que presidiram à seleção, ordenamento e harmonização das leituras;
Formação catequética, nomeadamente na área da pedagogia da fé e do acompanhamento da iniciação cristã nas várias faixas etárias;
Formação técnica e prática no capítulo da dicção e da leitura proclamada em voz alta, bem como das artes e técnicas da comunicação oral, designadamente da leitura proclamada em público, com ou sem amplificação artificial. Ler bem em forma de proclamação em público não é fácil, mesmo para quem já se habituou a dominar o nervosismo e a emoção de falar perante uma assembleia. Não basta uma boa alfabetização. A arte de proclamar bem em público assenta certamente em dotes naturais, mas estes devem ser sublimados pelo estudo e pela técnica, e partir de uma experiência pessoal de encontro com o texto a proclamar.
6. Se toda a vida cristã deve ser bíblica, muito mais assumidamente o deve ser a espiritualidade do Leitor: uma vida de oração inspirada e nutrida continuamente no contacto familiar com a Palavra de Deus, que vive e floresce na Liturgia e é a alma de todo o apostolado. A atitude do Leitor em relação à Palavra de Deus deve corresponder à de João Baptista em relação a Cristo, a da «Voz» em relação ao «Verbo»: «convém que Ele cresça e eu diminua» (Jo 3, 30).