Hoje em dia a mortalidade infantil em Portugal, como nos países mais ou menos desenvolvidos, é baixa quando comparada com anos passados e naturalmente com um acréscimo das taxas quanto mais recuamos no tempo.
Em 2023, de acordo com dados da Pordata, em Portugal por cada mil nascimentos a média de falecimentos foi de 2,5.
Recuando a 1974, quando se deu o fim da ditadura a taxa estava em 37,9. Continuando a recuar, em 1960 estava em 77,5. E recuando ainda mais, a taxa era ainda mais elevada.
As razões para os actuais valores são óbvias e sobretudo decorrem do desenvolvimentos da ciência média, medicamentos, vacinas, da rede de cuidados primários de higiene e saúde, respectivos tratamentos, e, naturalmente, o alargamento da rede de estabelecimentos de saúde dos primários aos centros hospitalares.
Por conseguinte, noutros tempos, era elevado o número de mortes de menores, alguns durante o parto e outros nos primeiros dias, meses ou anos de vida.
Consultando velhos assentos paroquiais dos óbitos, mesmo de Guisande, impressiona de facto a proporção de mortes de crianças. Até mesmo de pessoas já adultas mas de baixas idades, na casa dos vinte ou trinta anos.
Como um exemplo da moralidade em Guisande:
Em 1844 faleceram 16 pessoas: Homens 5; Mulheres 4, Meninos 4; Meninas 3.
Em 1846: Total 12. Homens 3; Mulheres 7, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1847: Total: 15. Homens 4; Mulheres 1, Meninos 7; Meninas 3.
Em 1848: Total: 13. Homens 3; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 1.
Em 1849: Toal: 10. Homens 2; Mulheres 4, Meninos 2; Meninas 2.
Em 1850: Total: 12. Homens 0; Mulheres 5, Meninos 5; Meninas 2.
Em 1851: Total:12. Homens 4; Mulheres 3, Meninos 3; Meninas 2.
Em 1852: Total: 3. Homens 0; Mulheres 1, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1853: Total: 7. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 2; Meninas 2.
Em 1854: Total: 8. Homens 3; Mulheres 1, Meninos 3; Meninas 1.
Em 1855: Total: 16. Homens 7; Mulheres 5, Meninos 3; Meninas 1.
Em 1856: Total: 22. Homens: 6; Mulheres: 8; Meninos: 3; Meninas: 5.
Em 1857: Total: 15. Homens 6; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 0.
Em 1858: Total: 6. Homens 3; Mulheres 3, Meninos 0; Meninas 0.
Em 1859: Total: 5. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1861 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1862 faleceram um total de 11 pessoas.
Em 1865 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1866 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1867 faleceram um total de 7 pessoas:
Em 1868 faleceram um total de 16 pessoas.
Em 1869 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1870 faleceram um total de 11 pessoas.
Em 1871 faleceram um total de 18 pessoas.
Em 1872 faleceram um total de 5 pessoas.
Em 1873 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1874 faleceram um total de 18 pessoas.
Em 1875 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1876 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1877 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1878 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1879 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1880 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1890 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1894 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1895 faleceram um total de 16 pessoas.
Em 1900 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1910 faleceram um total de 7 pessoas.
É certo que, como se percebe pelos números acima, havia variação de ano para ano, mas na maior parte dos anos é significativo o número de menores falecidos quando comparado com os tempos actuais.
Morria-se basicamente por falta de cuidados médicos e por isso muitas doenças que agora são relativamente fáceis de debelar, noutros tempos eram fatais. Os assentos paroquiais raramente referem a causa da morte e algumas poucas vezes com a designação genérica de "moléstia" ou "maleita" mas sabe-se que havia doenças determinantes como a bronquite, pneumonias, diversos tipos de febre e outras epidemias.
Pela falta de estabelecimentos hospitalares ou similares, e mesmo de médicos, a regra era as mulheres darem à luz em casa, tantas vezes sem o devido acompanhamento, e apenas, nem sempre, por parteira mais ou menos expedita e conhecida no meio. Escusado será dizer que a gestação também não tinha qualquer tipo de acompanhamento.
Finalmente, o que ajudava ao problema, não existiam regras e métodos anti-concepcionais e por isso era comum as mulheres gerarem uma carrada de filhos, uns a seguir aos outros, tantos quantos a natureza permitisse.