Terminou a Visita Pastoral à comunidade interparoquial que integra as paróquias sob a responsabilidade do Pe. António Jorge de Oliveira, S. Mamede de Guisande, Nossa Senhora da Assunção de Pigeiros e Caldas de S. Jorge.
Por uma casualidade que não havia previsto há pouco mais de meio ano, concretamente em Outubro passado, quando o pároco me pediu para representar a paróquia de Guisande num encontro a nível vicarial de representantes das diversas paróquias, que por sua ver iria eleger a representante vicarial ao Conselho Pastoral Diocesano, acabei agora por ficar envolvido na organização do programa da Visita Pastoral.
Não imaginei que viesse a ter estas responsabilidades, pois apesar de já ter feito em diferentes tempos parte de vários grupos na paróquia, como Grupo de Jovens, Grupo Coral, Grupo de Leitores,Grupo da LIAM, aquando do pedido do Pe. António, não estava agora com qualquer ligação.
Seja como for, não me neguei a prestar essa colaboração ao pároco e à paróquia e a coisa avançou, com algumas freimas, muito envolvimento, mas terminou ontem, e parece-me que com um saldo muito positivo.
Paróquia e freguesia são conceitos diferentes mas que acabam por se interligar em muitos aspectos de vivências e convivências, tanto mais num meio relativamente pequeno como o nosso. Apesar disso, neste contexto da Visita Pastoral pude perceber com mais profundidade que ainda há caminho a percorrer no sentido de uma mais abrangente participação da comunidade. Esta ainda é muito reticente e mesmo renitente no que se refere à participação como um todo. É, pois, muito sectorial e uma grande parte da população, mesmo que convidada abertamente a participar em momentos de partilha comunitária, regra geral prima pela ausência numa atitude de quem considera que estas coisas são para quem vai às missas ou mesmo apenas para os que fazem parte dos grupos e dinâmicas da paróquia.
Mesmo alguns dos pais de crianças que andam na catequese, nos diferentes anos, encaram isto como "biscates", inconveniências e perda de tempo. Se numa reunião há um atraso, vociferam e reclamam. Podem até esquecer a coisa nos momentos em que são chegadas as festas e festinhas, porque então aparecem, tiram a fotografia e vão a restaurantes celebrar, mas fora disso a atitude não é a mais positiva ou de participação interessada.
Viu-se este quase desinterese particularmente no acolhimento ao Sr. Bispo, a cuja sessão nem foram todos os convidados, embora alguns com legítimas justificativas. Também na celebração da eucaristia campal, no Monte do Viso, e depois no jantar convívio partilhado, ficou muito aquém a participação da restante comunidade, não só da nossa paróquia como das demais.
Nestes aspectos não somos melhores nem piores do que as demais freguesias e mesmo das demais paróquias que compõem esta comunidade interparoquial. Se quisermos fazer este exercício, até em termos proporcionais ao tamanho das populações, atrevo-me a considerar que Guisande até estará bem na fotografia, mas mesmo assim é pouco.
Em suma, a freguesia ou a paróquia, no aspecto de entre-ajuda e participação já teve melhores dias. A razão não está na paróquia ou em quem a dirige ou em quem com ela colabora, mas tão simplesmente na mentalidade das pessoas e actuais hábitos de ocupação de tempos livres e entretenimento em que regra geral valoriza-se a vulgaridade, as banalidades, ou as coisinhas que permitem encher egos. Ainda o conforto da casa ou da tasca em detrimento de coisas que exijam algum comprometimento, canseiras e disponibilidade.
Os bons velhos valores dos nossos antepassados estão há muito em erosão. Os mais velhos, os que faziam e sabiam como fazer, porque passado que está o seu tempo de vigor, já pouco ou nada podem fazer senão assistir, com pena, a esta triste amostra de freguesia, quando comparada com a de há algumas décadas. No geral não temos sabido respeitar e dar continuidade a esse legado que nos deixaram.
É certo que ainda há muita coisa positiva e alguma gente capaz e interessada (veja-se, por exemplo, o empenho da Comissão da nossa Festa do Viso), e em face disso, como disse, no caso da Visita Pastoral o saldo foi bem positivo, ainda tanto nas coisas da freguesia como da paróquia, mas não tenhamos ilusões ou expectativas altas, porque o futuro não se prevê melhor.
Só desejo que este meu algum pessimismo, que entendo mais como realismo possa, a curto ou médio prazo, ser desmentido e que afinal as coisas irão melhorar e teremos uma freguesia mais unida e participativa em tudo quanto lhe diga respeito. A ver vamos!