Por cá, dizemos que a coisa é "farrapada". Há quem diga "farrapo velho", "roupa velha", "farrapo", "farrapado", "farrapeira", migas", etc.
Todos sabemos que este tradicional prato resulta do aproveitamento no dia seguinte dos restos da "caldeirada de natal".
Sei também que mesmo dentro da nossa freguesia ela é preparada de diferentes modos. Há quem apenas aqueça numa panela e a sirva.
Cá por casa, dos restos reduzem-se as batatas a bocados pequenos e o bacalhau é todo limpo e lascado e as couves também reduzidas em bocados. De seguida, junta-se broa de milho, desfeita também aos bocados pequenos, e numa sertã, aos poucos, é feito o aquecimento e devidamente volteada para ficar uniforme. Daqui resulta uma "farrapada" enxuta, solta, uniforme que, servida em largas travessas de barro, se come com agrado, acompanhada de um bom vinho tinto.
É importante que a "farrapada" seja mesmo resultante da caldeirada da véspera, pelo que tem que se cozinhar em quantidade adequada a que sobre. Confeccionar para acrescentar no próprio dia é batota com as batatas e não é a mesma coisa, pois não.
Concerteza, como disse, será diferente noutras casas e cada um gostará à sua maneira. Por mim, esta é a melhor de todas.