Na edição de 10 de Fevereiro de 2025, o Jornal N colheu a opinião de uma dúzia de cidadãos da freguesia de Pigeiros acerca da desagregação da união de freguesias em que esta se encontrava inserida. Recorde-se que o processo foi aprovado na Assembleia da República em 17 de Janeiro, faltando agora apenas o parecer do Presidente da República, que deverá ser emitido ainda neste mês de Fevereiro, esperando-se, e pessoalmente tenho muitas reservas, que seja favorável à promulgação. Assim e até lá, o assunto permanece em aberto.
Ainda que certamente existam pigeirenses que prefeririam a continuidade da união de freguesias, não há dúvidas de que a larga maioria concorda e deseja a desagregação. Há unanimidade na percepção de que a união representou um retrocesso, pois, no geral, resultou em abandono e desmazelo, até mesmo em aspetos básicos como a limpeza dos espaços públicos.
Se um levantamento semelhante de opiniões fosse realizado em Guisande, acredito que a maioria também se mostraria favorável à desagregação. No entanto, não duvido que muitos defenderiam a continuidade da união de freguesias – provavelmente não porque tenham identificado ganhos práticos e objectivos, mas porque nunca sentiram um verdadeiro sentido de pertença, orgulho e respeito pelo legado dos antepassados. Não surpreenderia, aliás, que alguns desses fossem pessoas que nunca moveram uma palha pelo bem comum, que nunca praticaram o que se entende por cidadania. Em resumo, e num sentido mais amplo, sempre houve e haverá aqueles que se “vendem” por trinta dinheiros — ou por bem menos do que isso. Por conseguinte, não causa surpresa ver certas coisas acontecerem e ouvir o que algumas cabeças pensadoras vão alvitrando.
Nesse aspeto, parece-me que os pigeirenses têm demonstrado mais firmeza e uma genuína vontade de assumir o destino da gestão da sua freguesia, o que deveria servir de exemplo a seguir. Mas, como diz a cantiga, não somos todos iguais.