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11 de novembro de 2024

"Correio da Feira" - Fim anunciado


Ontem, no escaparate da loja da BP, aqui em Guisande”, peguei num exemplar do jornal “Correio da Feira” e li o que já poderia ter lido há 6, 10 ou 15 anos, que a coisa ia terminar por ali, deixando apenas a incógnita da “suspensão por tempo indeterminado”.

Como estas coisas não se anunciam assim de ânimo leve, sem mais nem menos, tinha escrito o habitual rosário de justificações, nomeadamente,  “...são várias as razões que levaram de novo o jornal à sua insustentabilidade. Convém referir a primeira, como também convém referir que é a mesmíssima que leva à insustentabilidade de muitos outros títulos, dezenas, centenas de muitos títulos neste país e por esse mundo fora. 

O número de assinantes é insuficiente para manter um jornal em actividade. Diariamente há desistências. Cada vez há menos e menos leitores interessados em assinarem, ou manterem a sua assinatura na imprensa profissional. Há um contínuo desrespeito pela profissão de jornalista. Poucos, e por isso insuficientes, estão interessados em pagar para se fazer informação profissional e isenta….concluindo, somos todos, enquanto sociedade, quem está a assinar o óbito da Imprensa. Portanto, como sociedade, assumamos as nossas responsabilidades!”.

Ora este “...assumamos as nossas responsabilidades!” também é chapéu que me cabe na cabeça e tanto mais que fui assinante do jornal, mesmo que na versão digital.

Com mais ou menos “rodriguinhos”, é há muito sabida a dificuldade da imprensa e sobretudo a escrita e por maioria de razões daquela que tem pouco expressão como a regional ou concelhia. Se é certo que com as plataformas digitais os problemas aumentaram, apesar de também criar novas oportunidades e diferentes alternativas, o certo é que as dificuldades do sector são até muito anteriores e à custa delas já haviam ficado pelo caminho grandes títulos da nossa imprensa, desde o “Século”, o “Diário de Lisboa”, “A Capital” e outros diários mais a norte como o “Primeiro de Janeiro” e o “Comércio do Porto”, etc.. Mesmo os que se mantêm, como o “Diário de Notícias”, de que também fui assinante” e o “Jornal de Notícias”, andam constantemente com o nó na garganta e como diz o povo “a cagar e a tossir” e lá vão indo e andando, mais a fazer de conta e com apoios por vezes duvidosos do que por resultado de bom trabalho e boas práticas empresariais e jornalísticas

Não vou, naturalmente, estar aqui a esmiuçar a questão porque não sou do sector nem nele tenho interesses para além da percepção de mero leitor.

Em todo o caso, mesmo que com todas as dificuldades do contexto, as responsabilidades residem em muito em, tantas vezes, não ter sido capaz de garantir o interesse dos leitores e assinantes.

Por exemplo, no caso do “Correio da Feira”, quando fui assinante online, a plataforma era lenta, pouco apelativa, continuava com excesso de publicidade e esta a atravancar o espaço de leitura e as notícias poucas, de pouco interesse, como “pão recesso e sem miolo”. Ora continuar a ser assinante para pouco ou nada receber em troca, convenhamos que era pedir muito. Assim descontinuei e do lado de lá da linha também não mostraram interesse em rebater ou a encaixar as queixas ou incentivar à renovação. É o que é.

Não me surpreende, pois, este desfecho como já não tinha surpreendido o do “Terras da Feira” que depois de um crescimento insuflado, mandado por "testas de ferro", andou a estrebuchar uns tempos até se extinguir.

No caso destes dois importantes jornais concelhios, sem prejuízo de acolher o contraditório, parece-me que em muito padeceram da acção, mesmo que involuntária, de maus políticos e de fracos empresários. Durante um bom período percebeu-se que representavam “a voz dos donos”, estes "testas de ferro de outros interesses", cada um a puxar a sardinha para a brasa da sua partidarite, como se de algum modo fossem uma espécie de “Avante”, sendo que este com a vantagem de não enganar ao que vinha.

Posto isto, pessoalmente entristece-me que um jornal centenário”, mesmo que durante uma grande parte da sua longa vida de 127 anos o seu conteúdo fosse pouco relevante sob um ponto de vista noticioso, sendo mais da Feira, vila ou cidade, do que do concelho, mas mesmo assim só por essa história e longevidade mereceria ser mais acarinhado e continuar a testemunhar esse legado centenário.

Assim sendo, acredito que mais mês menos mês alguém retomará o título e depois poderá ser o mais do mesmo, porque será preciso muito para que um jornal seja sustentável, sem apoios públicos e institucionais, que de algum modo ponham em causa a imparcialidade e isenção da sua função de formar e informar de todos para todos.

Neste concelho gastam-se milhões em patuscadas e entretenimento de massas e talvez haja algum para apoio a um jornal concelhio mas, sinceramente, não estou a ver como, tanto mais que sem colocar em risco a tal necessidade de imparcialidade e choque de interesses. Não sei! O que sei, é que foi dada a notícia de que o título está suspenso de forma indeterminada, seja lá o que isso signifique para além do óbvio.

Se regressar como um jornal de qualidade, com uma cobertura do concelho, independente e imparcial, não me custará a voltar a ser assinante, mesmo que numa perspectiva de ajudar. A ver vamos mas em rigor sabemos que não será nada fácil porque os tempos, os meios e os hábitos muderam de forma substantiva. 

Espero, memso, que como disse o director nas suas palavras finais do Editorial, que não seja um adeus.

9 de junho de 2023

10 de Junho, dia de qualquer coisa

Poderia escrever sobre o 10 de Junho, pomposamente designado de Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. 

Seja lá o que isso queira significar, vale pelo feriado, mesmo que neste ano calhe ao Sábado. Mas a propósito, e porque já não há paciência para certas "merdas", para discursos da praxe, paradazinhas militares, medalhas ao peito e colares ao pescoço e o alargamento do clube de comendadores e cavaleiros da ordem da espada e da torre de não sei das quantas, partilho um artigo de opinião de João Gonçalves, no Jornal de Notícias. Subscrevo e não diria nem escreveria melhor. Todavia, para além de mal frequentado, o lugar anda desgovernado. O dia, devia ser, pois, de pesar.

"No próximo sábado, será Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Não sei se é assim que ainda se designa. Por causa do Ultramar, foi durante décadas o Dia da Raça ao qual o regime do Estado Novo associava o nome de Camões.

Jorge de Sena, no primeiro "10 de Junho" institucional, pós-PREC, devolveu Camões às suas origens, desfiliando-o de toda e qualquer circunstância patrioteira. Começada, aliás, não pelo Estado Novo, mas pela "manobra republicana a que a monarquia se associou a contra-gosto", em 1880, com a patética cena dos crepes em redor da estátua do bardo no Largo do mesmo nome. Ignoro que "vulto" terá Marcelo escolhido para ornamentar, com o seu verbo, as comemorações deste ano. E muito menos a cidade, cá e lá fora, onde o evento se desenrola, com o seu tradicional cortejo de "elites" e meia dúzia de tropas a desfilar.

Na verdade, nada existe para comemorar em nome de Portugal, neste ano da desgraça de 2023. Nunca tivemos dramas identitários. Somos o mais sólido e antigo complexo histórico-geográfico da Europa que alguns palermas querem pôr em causa com a regionalização, de exclusivo interesse político-partidário, e nunca nacional. Tal representaria, num certo sentido, uma traição à pátria. Por outro lado, as instituições políticas de soberania não podem estar em piores condições.

Um Governo trespassado de autismo e de autoritarismo, um Parlamento que o secunda com a sua maioria absoluta de improváveis lacaios, salvo uma ou outra forma de vida inteligente, um presidente capturado pelas suas "variantes e variações", a quem muito pouca gente presta atenção, e um sistema judicial, com vértice no Constitucional, que é praticamente uma vergonha latino-americana. Lá onde as democracias (cito Sena) "não são a paz nem o sossego - são a agitação, a reivindicação, a negociação, a discussão", por cá reina a paz dos cemitérios de Schiller e Verdi, sem valentes como o marquês de Posa. Dir-me-ão que sobra o "povo".

Mas o "povo" hesita no que quer e não quer, estando-se verdadeiramente nas tintas para a "situação" ou para a "oposição", esta uma coisa híbrida que paira no plano metafísico. O país (e regresso a Sena) é, hoje, um conjunto de "realidades tremendas que são uma língua ou muitas, uma raça ou várias, uma cultura, por mais adaptável ou capaz de absorção que ela seja, que se identificam com um nome secular - Portugal". Um lugar "para servir de exílio a vencidos e enganados", diria Agustina. Um lugar "onde nada se agita e tudo se murmura". Um lugar mal frequentado."

João Gonçalves - Jornal de Notícias

7 de junho de 2023

O estado a que chegou o Estado

"Os certificados de aforro eram uma pedra no sapato da Banca. A sangria nos depósitos contava-se por milhares de milhões desde o início do ano, ou, dito de outra forma, 67 milhões de euros por dia. Mesmo que ainda não fosse o caso (acredite quem quiser), não tardaria que se transformasse num problema de liquidez.

Pior. O movimento massivo de pequenos aforradores, dos bancos para a dívida pública, equivalia a um grito diário de revolta contra a forma como os banqueiros conduzem o seu negócio. Os bancos cobram, nos empréstimos à habitação, juros quatro vezes superiores aos que pagam pelos depósitos. É esta usura, aliás, que explica que, mesmo depois de um ano de 2022 com lucros fora do normal, estes tenham chegado a um nível absurdo no primeiro trimestre de 2023 (quase mil milhões nos seis maiores bancos).

Confrontado com a questão, o que fez o Governo? Mostrando "zero cedência" perante os interesses dos poderosos, mas preocupado com o défice e a dívida, acabou com a série de certificados de aforro que ameaçava transformar os portugueses em milionários. Ao final de uma sexta-feira, não fosse ainda o malandro do pai aplicar a correr os mil euros da poupança do filho, não fosse algum professor, jornalista, ou empregado de escritório com a mania das grandezas levantar os cinco mil euros que tem guardados para um imprevisto ou para a reforma que se aproxima, aproveitando-se da generosidade do Estado.

Generosidade, sim, que, segundo as explicações iniciais, pagar um juro de 3,5% pela dívida pública não era racional. É verdade que, na segunda-feira, ficou claro que, descontado o IRS que cobra sobre os juros, o Estado paga mais aos grandes investidores estrangeiros do que aos pequenos aforradores nacionais. Mas isso não é caso para perder a face. É preciso pensar na previsibilidade: ou seja, o filho entretanto chega à maioridade, o tal azar acontece, ou o velhote reforma-se mais cedo. Levantam o dinheiro e deixam o Estado, pobre dele, com as calças na mão. E você, também acredita em histórias da carochinha?"

Rafael Barbosa - Jornal de Notícias

Não diria nem escreveria melhor que o Rafael. Na mesma linha do assunto, também subscrevo na íntregra a opinião seguinte de Paula Ferreira:

"Bem pode o secretário de Estado das Finanças dizer que houve zero pressão dos bancos, versão certamente confirmada pelo ministro se, eventualmente, Medina responder ao repto dos partidos e for ao Parlamento. O fim da Série E dos certificados de aforro anunciado numa noite de sexta-feira, depois da hora de jantar, aparenta ser golpe sujo perante os portugueses que amealham as poupanças e têm a veleidade de esperar algum retorno.

Até podemos com bondade, uma dose enormíssima de bondade e candura, aceitar a versão do Governo. Mesmo assim, mesmo que nos esforcemos, não conseguimos acreditar. Tinha havido sinais de que a banca não estava nada contente com a sangria dos depósitos, saídos diretamente para os cofres do Estado. Houve quem o dissesse abertamente. Foi o caso do presidente do Banco CTT. Defendeu, em público, que o Estado devia suspender a emissão de certificados de aforro; outros o terão feito, por certo, com mais discrição. Ora, não demorou uma semana para o desfecho: o Governo cedia. 

Mas, para nem tudo ser mau, acena aos portugueses com a emissão de certificados do tesouro. Com uma nuance: uma taxa inferior aos 3,5% dos certificados de aforro, logo bem menos atrativos, logo menos competitivos com o setor bancário. Que faz a festa. Ontem, passou a remunerar os depósitos, ou seja, o dinheiro que os depositantes emprestam aos bancos, com uma taxa média de pouco mais de 1% - taxa inferior, na Zona Euro, só Chipre e Eslovénia.

Coincidência? Ninguém acredita. Há dados objetivos. Os bancos viram sair dos seus cofres, desde o início do ano, 67 milhões de euros todos os dias, como se pode ler nas páginas seguintes. O Governo é amigo e a medida vai com certeza estancar a sangria. Não porque a banca esteja sem liquidez. Apenas precisa de aumentar os lucros. Ao Estado, os portugueses emprestam dinheiro: nos bancos, depositam em troca de juros. Eufemismos."

Paula Ferreira - Jornal de Notícias

4 de outubro de 2022

Água e bananas

Na sequência do caso de suspeição de práticas proibidas por alguns atletas da equipa de ciclismo da W52- F.C. Porto, a imprensa está a noticiar que o atleta João Rodrigues, vencedor do Volta a Portugal de 2019, foi suspenso por sete anos e outros seis colegas ciclistas, entre eles Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respetivamente, por três anos, pela União Ciclística Internacional.

Ainda não li se a decisão é definitiva ou se passível de recurso.

A propósito, e este é um problema para além de rivalidades clubísticas, o episódio não é novidade e o que não faltam é casos similares no mundo do ciclismo, desde logo à cabeça, o que envolveu o norte-americano Lance Armstrong.

Quando o desporto deixou de o ser, e passou a ser uma indústria de milhões, em que a tentação de vencer a qualquer custo e preço leva a situações destas, tudo deixa de fazer sentido.

E surpreendemo-nos, nós, com estas aldrabices a este nível quando todos bem sabemos que até mesmo entre meros amadores e ciclistas de fim-de-semana há essas tentações de mostrar serviço.

Porque também pedalo e corro, sei de episódios, contados por quem conhece o meio, que para além das vulgares geleias ou gelatinas e outras vitaminas concentradas, para dar poder à coisa, há em alguns grupos partilha de umas certas pastilhitas que dizem dar muito power. 

Obviamente que não generalizando, era o que faltava, mas esta prática extende-se também a outras provas e competições amadoras onde não há qualquer controlo sobre o uso de substâncias inadequadas, em que o artista aldrabão supera o atleta que não se mete em tais aventuras.

Quer isto dizer que o desporto é bom, é salutar ao corpo e à alma, na justa medida e peso, mas quando se pretende fazer dele algo mais, como uma demonstração de super-poderes, de fazer e mostrar coisas bonitas, ainda por cima numa época em que o culto do ego está em alta, todos estamos sujeitos a estas tentações, que mais não seja a reboque da curiosidade, do "deixa-me experimentar". Ora todos sabemos que os vícios nascem sempre dessa curiosidade, dessa experimentação.

Pelo sim e pelo não, até porque nestas coisas não tenho de todo um espírito competitvo, de bicicleta ou a correr, mantenho-me fiel à água da torneira, e muito raramente a uma banana. 

Quanto a gelatinas, compro-as, mas só para os gatos.

7 de março de 2022

Impressivamente


Sou assinante de dois jornais online, um nacional e outro local, no caso o "Correio da Feira". Infelizmente, no caso deste estou arrependidinho já que a versão paga é pouco mais que a versão aberta, igualmente carregada de publicidade e com uma navegação lenta. Só para o login é quase um minuto. Quanto a notícias, o principal de um jornal, poucas e ressessas. Sinceramente esperava mais e diferenciado na versão paga. 

Pergunto, assim, a mim mesmo, como é que alguns jornais, mesmo na versão online, aspiram ao crescimento e à angariação de leitores e assinantes quando oferecem pouco, poucoxinho? Mesmo na versão paga não dispensam a invasão e persistência da publicidade. Uma versão paga, sem publicidade é o mínimo que se pode pedir.

Assim sendo, obviamente que não se pode esperar que os leitores assinem e quando assinem renovem a assinatura. 

Acredito que na imprensa regional os meios e os recursos não sejam muitos mas nesta "pescadinha de rabo na boa" acaba por ser difícil  sair do ciclo porque sem qualidade não se pesca. Mas é sempre possível fazer mais e melhor mas até mesmo as coisas simples são trabalho e há quem não esteja para aí virado.

É pena!

25 de novembro de 2019

O fracasso das uniões


Em artigo de opinião publicado na edição de 18 de Novembro último do jornal "O Correio da Feira", o ex-presidente da Junta de Freguesia de Pigeiros, Feliciano Pereira, realça o fracasso da reforma administrativa e da união de freguesias que juntou a sua à das Caldas de S. Jorge. 

No artigo, para além de outras considerações elenca uma lista de situações que justificam, no seu entendimento, o fracasso e a perda de identidade, cultura, história e autonomia, sobretudo das freguesias mais pequenas e com menos peso no contexto das uniões.

Algumas das situações que indica, são graves se corresponderem à verdade, e servem de parte da justificação do fracasso dos pressupostos inerentes à reforma administrativa. Conceitos propalados como maior eficiência de meios humanos e equipamentos e maior proximidade às pessoas só podem ser brincadeira de mau gosto ou cenouras para enganar burros. Este desfasamento entre o que se prometeu e a realidade, em grande parte resulta da ainda incapacidade dos presentes autarcas em não perceberem a nova realidade e as dinâmicas necessárias a uma integração horizontal e inclusiva.

Neste contexto, a "revolta" do Feliciano é exactamente a mesma, a sentida pelo grosso da população das demais freguesias envolvidas em uniões. Em todos os aspectos houve um nítido e objectivo prejuízo e empobrecimento das freguesias mais pequenas, constatando-se um degradação geral mesmo nos aspectos mais básicos e elementares. Só não vê quem não quer ver. 

É certo que apesar da sua inutilidade de princípio, uma união de freguesias não tem necessariamente que estar condenada ao fracasso e à revolta constante  das populações. Muita e boa coisa pode ser feita, mas muita coisa tem que mudar, desde logo a filosofia e os modelos que têm sido seguidos até aqui. E porque muito importante, convirá não esquecer que qualquer rei fraco faz fraca a sua forte gente. É elementar e do abecedário da política autárquica.

11 de junho de 2019

Justiça (im)popular

Da imprensa:
Cerca de 200 adeptos do FC Porto reuniram-se na tarde desta segunda-feira (10 de Junho)  junto ao Palácio da Justiça, no Porto. Os manifestantes protestavam a condenação da SAD do FC Porto a pagar cerca de dois milhões de euros por causa da divulgação dos emails do Benfica"

Se a Justiça não nos agrada nas suas decisões, nada como convocar uma manifestação de "indignados". Diz-se que terão sido 200, mas podiam ter sido mais, os adeptos do F.C. do Porto sedentos por justiça popular. Por eles, o Benfica já não existia ou estaria na competição distrital e todos os seus dirigentes, "esses bandidos", estariam há muito a penar na prisão. 

Sendo certo que nem sempre a Justiça será justa, é com ela que se governa e com ela que supostamente funciona um Estado de Direito. Ademais, o que seria da coisa se todos os dias tivéssemos à porta dos tribunais pessoas enfurecidas em manifestação pela condenação dos seus familiares e amigos? 

Em todo o caso, todos sabemos que nisto de decisões do tribunal a coisa tem sempre muito pano para mangas e naturalmente há uma carrada de recursos disponíveis para ambas as partes, sendo que esta primeira decisão não deixa de ser um aviso sério à navegação, porque nem tudo pode servir de justificação, e um crime nunca justificará outro. Mas há quem pense que sim, invocando, em interesse privado, o "interesse público", esse matulão abstracto de costas largas que bem pode arcar com os  ódios e vinganças entre clubes.

31 de julho de 2018

Assalto ao castelo


O "assalto" a Castelo de Paiva, tal como a Arouca, tem sido dificultado por acessos bonitos mas com muitas curvas e de perfil estreito, pouco dados a rapidez, nomeadamente a partir do concelho de Santa Maria da Feira, Tanto Arouca como Paiva foram já há anos dotados com variantes (estradas nacionais 326 e 222), mas à falta de dinheiro e de desinteresse de sucessivos governos pelo interior, as vias rápidas ficaram-se a pouco mais ou menos pela metade. Este ostracismo do poder central obviamente que resulta em prejuízos no desenvolvimento destes concelhos vizinhos, ficando longe mesmo estando perto.

Volta e meia fala-se da coisa mas no que a Castelo de Paiva diz respeito, talvez por comportar menor investimento e menor extensão (à volta de 10 Km), está novamente na ordem dia a continuação da variante, que está parada na Zona Industrial de Lavagueiras - Pedorido, até ao nó de Canedo - Santa Maria da Feira,  permitindo a ligação à A32.  Assim por estes dias o Governo lançou o concurso para o estudo prévio e projecto de execução, num valor de 1,8 milhões de euros. 
É certo que depois desses passos faltará ainda adjudicar a obra e realizar a mesma, o que não será para breve e, dentro do que é habitual, dependerá da vontade e folga financeira do futuro Governo.

Seja como for, é uma notícia que se aplaude, como diz Gonçalo Rocha, presidente da edilidade paivense "Significa que, de facto, [o Governo] está com uma vontade clara de que esta obra aconteça, dando sequência ao compromisso que foi assumido. Isso para nós é motivo de grande satisfação".

Ler a notícia [aqui] e [aqui] .

18 de julho de 2018

Silêncios falados e ruídos escritos


Pelos vistos o jornal semanário "O Correio da Feira" foi contemplado com a atribuição do Prémio Gazeta – Imprensa Regional, "considerado "o maior galardão nacional para o sector da Comunicação Regional". De nossa parte, parabéns!

Na sequência, o Partido Socialista feirense propôs na última reunião de Câmara um Voto de Congratulação. Tal facto mereceu da direcção do semanário um agradecimento público (pode ser visto aqui).

Em simultâneo, e fica-se sem saber, ou talvez não, se o pretexto serviu para o puro agradecimento ou se para a critica à suposta postura de "silêncio tão ensurdecedor" da Câmara Municipal da Feira, seu presidente e vereadores da Educação e Cultura, face à distinção obtida, já que no agradecimento a crítica é "disparado" de rajada: "...se tivessem decoro e alguma decência, sentir-se-iam envergonhados, mas vergonha é um sentimento que vivenciam os livres da grave doença Partidarite, (mal que afecta todos os que cegamente priorizam determinado partido, ao compromisso assumido com os seus concidadãos.)
Se este silencio deixou desde sempre muito mal colocado o dr. Emídio Sousa, na falta de uma palavra de um gesto seu demonstrando satisfação pelo prémio atribuído a um órgão de comunicação social do Concelho a que preside, falta-nos palavras para descrever a atitude vergonhosa dos vereadores da Cultura e Educação. Mostraram que não estão à altura do historial e dos valores do Concelho, que estão muito para além das suas capacidades de avaliação e interpretação das sinergias culturais e educacionais.
O Silencio é a maior confirmação. Da mensagem transmitida por esse silêncio permitimo-nos recomendar ao vereador da cultura muita educação e à vereadora da educação muita cultura. Ao presidente da Câmara, muita Educação e Cultura, sem esquecer Cultura Democrática."

Como se vê, a crítica é contundente e não sei, de todo, se corresponde à verdade tal "silêncio" e se a existir se dele decorrem alguns comportamentos menos adequados por parte do semanário feirense relativamente à edilidade a ponto desta "ignorar" o prémio. Não sendo propriamente um Prémio Nobel, e não havendo razões de queixa por parte a Câmara, mereceria desta certamente pelo menos um voto de louvor ou de reconhecimento, ou pelo menos uma nota escrita de satisfação endereçada aos responsáveis do semanário.

Do que como cidadão e ocasional leitor vou constatando, se o jornal "Terras da Feira" em determinada altura era e foi durante muito tempo uma espécie de "voz do dono" (da Câmara), e se com as posteriores mudanças de periodicidade e de nome foi perdendo a identidade e personalidade que angariou, certo é que o "O Correio da Feira" depois de alguns solavancos na sua longa história, em tempos mais ou menos recentes ficou algo conotado com o Partido Socialista local. Isso pareceu evidente durante algum tempo. Pode-se sempre invocar, como invocou o Clube de Jornalistas  que o CF "... preza a pluralidade da abordagem noticiosa, sem abdicar da defesa e promoção dos valores regionais." mas nem todos poderão ter essa mesma leitura ou interpretação. Como talvez, suponho e especulo eu,  não tenha tido a Câmara Municipal.

Em resumo, o agradecimento de "O Correio da Feira ao Partido Socialista, travestido de crítica à Câmara Municipal,  parece-nos esta algo contundente e daí nem sei se fica bem a um jornal que se pretende isento, plural e representativo do concelho. Dar-se a estas "dores" desta forma tão agressiva, pode deixar marcas que não serão boas para as partes e podem conduzir, aí sim, a uma postura de confronto e parcialidade que não será benéfica. Como numa luta de padeiro e limpa-chaminés, ambos sairão enfarruscados/enfarinhados. Porque de um jornal independente se espera pluralidade e isenção, e mesmo o respeito para com as instituições e pessoas, e porque de uma Câmara se espera comportamentos e procedimentos de espírito democrático.

Em todo o caso, podendo daí não residir a génese de algum distanciamento, parece-nos que a imprensa escrita feirense já teve melhores dias. Todavia, penso que neste momento e de há algum tempo, o "O Correio da Feira" é de longe melhor jornal que o concorrente  "Jornal N", este um suposto herdeiro do herdeiro do Terras da Feira. Mas é apenas uma humilde opinião.

Do que conheço do Dr. Emídio Sousa, tenho-o como uma pessoa competente, dinâmica, aberta, atenta e defensora do prestígio do município e das suas pedras vivas ou de património, pelo que custa-me a acreditar que de tal "silêncio ensurdecedor" resulte de algum despeito injustificado para com a instituição "O Correio da Feira".
Todavia, mesmo que esse "silêncio" da edilidade tenha existido, por despeito, razões de queixa ou mera distracção, sendo compreensível a mágoa do CF, parece-nos, todavia, desajustada ou desproporcional a contundência da crítica feita de forma pública e plasmada em letra de forma.

Mas, como disse, é apenas a minha simples opinião, porventura desconhecedor de outros grãos de areia.

18 de junho de 2018

Semáforo intermitente



Parece-me que o Jornal de Notícias padece de alguma isenção e imparcialidade quanto a alguns assuntos, nomeadamente quando toca a escrever sobre o Benfica. É apenas a minha opinião, mas que nem será surpresa se tivermos em conta que sendo um jornal nacional tem muito de regionalista e por conseguinte nas matérias sobre o clube de Lisboa fala sempre à sombra da sua protecção e preferência ao F.C. do Porto. 
Neste contexto, na edição de hoje, segunda-feira, 18 de Junho, na sua rubrica "Semáforo" coloca o futebolista Luisão no sinal vermelho, de cariz negativo, considerando que o mesmo jogador, aos 37 anos está na "mó de baixo" e que poderá sair pela "porta pequena" ou remetido a um "plano secundário", apesar de se prever a renovação do seu contrato com o clube encarnado.

É que nem uma coisa nem outra. Naturalmente que com 37 anos, como com todos os futebolistas desta idade, já não se espera a frescura necessária para se continuar a impor como titular. É, pois, naturalíssimo, que o estar na "mó de baixo" seja apenas um reflexo da perda natural de capacidades físicas para o desenvolvimento da profissão a um nível de alta exigência competitiva. Já o sair pela "porta pequena" é igualmente uma conclusão disparatada quando se analisa o percurso do futebolista e dos números e títulos conseguidos. Será isto sair pela "porta pequena"? Numa perspectiva positiva, os argumentos para este "sinal vermelho" poderiam precisamente ser motivos para um "sinal verde".
Com jeitinho, e no mesmo contexto, agora que se fala na possível renovação de Maxi Pereira no F.C. do Porto (com baixa de salário), apesar de há muito ter perdido a titularidade e das perspectivas continuaram nesse sentido, ficando como segunda ou terceira opção para o lugar de defesa-direito, um dia destes o JN vai colocá-lo no "sinal verde". É ficar atento, porque aí a coisa será de "mó de cima" e "porta grande".

Como é que alguém deste calibre pode sair pela "porta pequena", tanto mais que apesar das limitações da idade o clube tem intenções de renovar o contrato? E já por várias vezes tem sido manifestada a intenção de integrar Luisão na estrutura do clube da Luz. Ou, para os iluminados do Camões, o sair pela porta grande implicaria que o fizesse numa situação de titular? E que grandes jogadores o têm feito nesta perspectiva, a não ser um ou outro guarda-redes, habitualmente com as carreiras mais estendidas? Por exemplo, Casillas, actualmente no F.C. do Porto não saiu pela "porta pequena" do Real Madrid? Creio que não, apenas porque naquele clube e com aquela exigência o seu percurso chegou naturalmente à fase descendente, como aconteceu a Pelé, a Eusébio, a Maradona e acontecerá  naturalmente a Ronaldo, a Messi e a tantos outros. E isto porque, como se dirá mais prosaicamente, é a vida!

Para Luisão sair do Benfica pela dita "porta pequena" teria que ser num situação de ruptura e de total desconsideração pelo clube, o que não nos parece que venha a acontecer. Se sair, de futebolista ou de um eventual cargo técnico, será sempre por opção do brasileiro, o que terá que se respeitar. Para além de tudo, cada fase da nossa vida não é necessariamente a de um "plano secundário" mas sim uma nova etapa, da resto a vida é feita delas.

Enfim, ler estes disparates com a chancela do JN, logo a começar a semana, é mesmo de se ficar  na "mó de baixo" quanto a bom jornalismo e daí a vontade de atirar o jornal pela "porta pequena" de uma qualquer sanita.

8 de junho de 2018

Casamentos

Uma opinião de Henrique Raposo, que diz tudo e diz muito sobre a actual realidade do casamento.

"...Quase nada no casamento obedece a uma lista predefinida de prazeres, projetos ou ambições. E não vale a pena pedir pausas ou fugas. A felicidade não está num fim de semana num hotel em Paris ou numa semana de praia sem os miúdos. Isso não é felicidade, é a negação da realidade. Um casamento que não encontra a felicidade na rotina instável do dia a dia é uma granada pousada na cómoda (já sem cavilha). 
Quem não aceita esta desordem criativa da vida não consegue estar casado muito tempo. E a maioria das pessoas do nosso tempo não consegue de facto lidar com esta instabilidade que destrona o controlo absoluto do “eu”. O “eu” pós-moderno herdado do Maio de 68 quer o controlo absoluto. Mas claro que o absoluto controlo acaba na absoluta solidão, numa taxa de divórcios a rondar os 70%, em famílias minúsculas, em filhos únicos, velhos sozinhos ou abandonados. 
Mas então qual é o segredo? Não há segredo. Há sacrifício e muito trabalho. As pessoas que se mantêm casadas não nasceram com um feitio casadoiro; estão é disponíveis para a renúncia e para mudar.""

[fonte e resto do artigo: RR]

7 de junho de 2018

Desnorte


Diz-nos o DN:

"Dificuldade em usar rosa-dos-ventos, em prova de aferição do 5.º ano, ilustra problemas para analisar e interpretar informação

É apenas um indicador analisado, entre centenas, num relatório que abrange dois anos de provas de aferição - 2016 e 2017 - de várias disciplinas e anos de escolaridade. Mas não deixa de ser preocupante. Pelo menos do ponto de vista simbólico. Entre os mais de 90 mil alunos que realizaram as provas de aferição de História e Geografia do 2.º ciclo, no ano passado, 45% não conseguiram localizar Portugal continental em relação ao continente europeu utilizando os pontos colaterais da rosa-dos-ventos. Ou seja: não conseguiram localizar o país no Sudoeste da Europa."

Pelos vistos há quem conclua que, ...pelo menos do ponto de vista simbólico, é preocupante. Simbolismos à parte, é mais do que isso: É ignorância, pura e dura. Mesmo não se exigindo que, como nos tempos da "velha senhora" se saiba de cor-e-salteado os nomes dos principais rios, suas nascentes e fozes, bem como as serras e suas alturas, linhas de caminhos-de-ferro, suas estações e apeadeiros (, não só de Portugal Continental como das províncias ultramarinas, como ainda sabe o meu tio de 93 anos) seria elementar e básico que qualquer aluno da 4ª classe, pelo menos soubesse localizar Portugal no mapa, bem como a sua morada.

Esta ignorância é ainda mais grave quando hoje em dia qualquer criança ou adolescente tem nas suas mãos (constantemente) um equipamento capaz de, entre muitas inutilidades, ter também muitas apps de ensino e cultura e mapas, muitos mapas. E quanto a mapas, o do Google até nos entre pela porta adentro
De quem é então a culpa? Do Estado, do sistema, dos professores, dos pais, dos alunos? Porventura todos com responsabilidades porque a pretexto do uso das tecnologias, porque estas nos respondem a tudo ao toque de um dedo, deixaram-se de se ensinar certas matérias, ou então passam sobre elas como gato por brasas.

Mas é o que temos. Deixa andar!

7 de maio de 2018

Reposição das freguesias


"Santa Maria da Feira deverá ser o concelho a contribuir para a discussão da reposição das freguesias na Assembleia da República. As freguesias do Vale, Vila Maior, Guisande e Pigeiros já reuniram mais de quatro mil assinaturas para entregar na AR, o que permitirá a discussão em comissão e em plenário.

Neste momento, as freguesias estão a tentar um parecer de cada uma das Assembleias de Freguesia para colocar mais “força” nas suas pretensões.

António Cardoso, ex-deputado pelo Partido Socialista, é um dos impulsionadores do movimento pela reposição de freguesias na dimensão concelhia. “Demos os primeiros passos e reunimos primeiro em Santa Maria da Feira e depois no Vale, mas estrategicamente decidimos que cada freguesia seguiria o seu caminho, conseguimos mais de 4000 assinaturas o que nos permite a discussão na Assembleia da República em comissão e em plenário, só não apressamos a apresentação porque quisemos que acompanhasse a petição um parecer das Assembleia de Freguesias, que é o que nos falta” – adianta...."

(in "Jornal N" - 07/05/2018)

Manadas


(...É evidente hoje que o Facebook – e o mesmo se poderia dizer do Twitter ou do Youtube (que pertence à Google) – albergam e difundem o melhor e o pior, porque, como dizia recentemente na Argentina o sociólogo Manuel Castells, “as redes são a expressão do que somos e a espécie humana não é necessariamente boa”.

A meu ver, porém, não basta repetir o que o senso comum diz habitualmente das tecnologias: que elas, em si mesmas, “não são boas nem más”; e que “o uso que delas fazemos é que é determinante”. É verdade que muito depende do utilizador e do uso. Mas é preciso não ser ingénuo relativamente à natureza e finalidades das redes sociais. O Facebook ou o Instagram são bem mais do que brinquedos que nos ofereceram para realizar a promessa de pôr de pé uma rede de comunicação à escala do mundo. E não é só pelas utilizações fraudulentas e mal-intencionadas de que vamos tendo conhecimento. Somos também nós que fazemos essas redes, em particular quando nos desinteressamos de conhecer a sua lógica de funcionamento e adotamos, no seu uso, ‘comporta-mentos de manada’....)


(Manuel Pinto in Rádio Renascença)

21 de março de 2018

Coisas da bola


Da imprensa: "Cristiano Ronaldo pediu que valorizem mais os futebolistas portugueses e que "pensem grande", sem medo de terem ambição.
"Aborrece-me ver o valor que em Portugal dão aos estrangeiros, não vejo tanto valorizar o que é nosso, os jogadores portugueses", defendeu o avançado da seleção nacional e do Real Madrid, na gala anual da Federação Portuguesa de Futebol.

Ronaldo tem razão de princípio, mas não a tem toda. E não a tem toda porque fala de barriga cheia e não pode pretender que os adeptos dêem valor a "toscos" e a "coxos" em detrimento de verdadeiros artistas, mesmo que estrangeiros.
Mas reconhecendo-se o enorme ego de Ronaldo, no fundo ele estava a falar por si e a criticar aqueles adeptos portugueses que preferem a magia do futebol de Messi e a este classificam como o melhor futebolista de todos os tempos. 
Mesmo reconhecendo a extraordinária categoria de Ronaldo e o seu profissionalismo, obviamente que enquanto artista da bola eu também prefiro o Messi. Mas quanto a preferência cada um gosta do que gosta.
Para além disso, Ronaldo fala em valorizar o que é nosso, coisa que tanto ele como os mais categorizados jogadores portugueses em rigor não fazem, ao optarem, legitimamente, diga-se, por cedo escolherem outros clubes e países, tudo em nome do prestígio deles próprios e da sua carteira, obviamente. Ora se Ronaldo e Companhia fossem assim tão "patriotas" e "valorizassem o que é nosso", ainda estariam por cá em clubes como o Sporting, Benfica, Porto e mesmo outros e mesmo assim a ganharam muito acima dos comuns mortais. Com eles por cá certamente que o nosso futebol e a nossa liga teriam mais qualidade e com menos estrangeiros. Isso sim.
Assim sendo, o que Ronaldo diz ou pensa no que a lições de moral ou de patriotismo diz respeito, vale o que vale e vale pouco ou nada. 
Patriotismo e amor à camisola são coisas que há muito andam afogadas pelos interesses próprios e sobretudo pelo dinheiro, quanto mais melhor. Beijinhos aos emblemas e às camisolas valem tanto como beijos de Judas.

15 de janeiro de 2018

Agremiação de interesses individuais


Li na Rádio Renascença que "o antigo presidente do PSD Luis Marques Mendes defendeu que o líder parlamentar social-democrata deve colocar rapidamente o lugar à disposição, uma vez que o partido elegeu um novo presidente, Rui Rio".
Recorde-se que Hugo Soares, bem como o vice-presidente Luís Montenegro, entre outros, declararam o seu apoio a Pedro Santana Lopes na recente corrida eleitoral para a presidência do partido laranja. Certamente que Hugo Soares acabará por tomar essa posição de colocar o lugar à disposição a Rui Rio até porque é naturalmente expectável. De resto, não sendo Rui Rio deputado, precisa de ter no Parlamento uma voz de sua confiança e que seja naturalmente a sua extensão. Não nos parece que qualquer um dos que esteve declarada e empenhadamente do lado oposto possa reunir essas condições de confiança. 
As coisas são como são e embora seja politicamente correcto dizer-se que findas as eleições há que reunir e unir o partido, a realidade seguramente não será bem assim e as diferentes facções estão ali, sempre fracturantes, até porque é velhinho o ditado de que "quem não está comigo está contra mim". Alguns dos "perdedores" estarão já a contar os dias para o pós-eleições legislativas de 2019, para, caso não vença o PSD, o que será altamente provável, "fazerem-lhe a cama". Rui Rio sabe disso e, para além do sério aviso a Miguel Relvas, disse-o logo no discurso de vitória ao afirmar que o PSD não é um clube de amigos ou agremiação de interesses individuais. Creio que Rui Rio sabe quem tem e quem são e não quererá ter "amigos" destes do seu lado, ou pelo menos em lugares de importância. Porém, numa postura de líder, e até porque a sua vitória não foi esmagadora, poderá e quererá também dar mostras de pretender sarar já as feridas que ficam sempre de uma luta, mesmo que interna, e assim renovar a confiança em Hugo Soares como líder da bancada parlamentar do PSD. A ver vamos.

12 de janeiro de 2018

Arrelvamento


Miguel Relvas, o pai dessa grande “cagada” chamada Reforma Administrativa, foi, na generalidade um muito mau político. Felizmente, por enquanto, está fora da política, mas o risco de voltar é uma realidade até porque em recente entrevista à Rádio Renascença diz que nunca se deve dizer “nunca”.
Entre outras coisas, também disse que o país precisa pagar mais para ter melhores políticos e propõe salários de acordo com a média dos cinco anos anteriores às funções.
Não nos vamos alongar no que disse este senhor, mas seguramente, e não sabendo em rigor quanto ganhava enquanto político e membro do Governo do PSD-CDS, com toda a certeza que ganharia demasiado para o político que era, fraco, fraquinho, já para não falar da trapalhada da sua pseudo-licenciatura que o obrigou a voltar a estudar para ser doutor.
Posto isto, como o Sr. Relvas disse ainda sentir-se bem a dar a sua opinião, a exercer a  sua opção cívica, daquilo em que acredita para o seu partido e para o seu país, bem como não vive pressionado  nem frustrado por não estar na vida política, é caso para se dizer que então fique por aí muito tempo e que deixe a política para quem tem qualidade e, já agora, competência e seriedade, adjectivos que, no geral, pouco combinam com a nossa medíocre classe politica.

25 de dezembro de 2017

Postal de Natal no Jornal de Notícias

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Nos últimos três anos o “Jornal de Notícias” tem lançado um concurso em que pede aos leitores para ilustrarem a capa a publicar no Dia de Natal. Não esperando nada, obviamente, até porque o prémio do concurso é apenas a publicação em si, também enviei uma ilustração.
Segundo o “Jornal de Notícias” foram mais de uma centena os participantes, entre amadores e gente profissional no campo das artes e ilustração. Não esperava ganhar, apenas participar, mas a minha ilustração acabou por ser uma das  dez escolhidas, por isso com direito a menção honrosa e publicação nas páginas interiores.
O tema era livre, mas inevitavelmente, tal como o meu trabalho, a larga maioria das propostas apresentadas a concurso tiveram os incêndios deste ano como ponto chave, de resto o que seria de esperar face ao impacto e drama que os mesmos atingiram no nosso país..
A ilustração vencedora (reproduzida ao fundo deste artigo) é de uma artista profissional, de 30 anos, natural de Lisboa e residente em Guimarães. Curiosamente sem a tal marca inspiradora do drama dos incêndios.
Fica assim registada a minha participação. Não me envaidece, mas pelo menos  é um agrado e ajuda a enriquecer este dia de Natal. Para além de tudo, faz-me e faz-nos pensar naqueles que tudo perderam nos incêndios e que certamente terão um Natal mais amargurado, sobretudo aqueles que perderam  familiares. Mas o Natal cristão, o de Jesus, é uma constante mensagem de renovação e de espírito de ajuda e solidariedade pelo que creio que mesmo com a tragédia todas as vitimas têm pelo menos o conforto e o sentimento de um país que se movimentou para ajudar. Ora este é o principal Natal.

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20 de novembro de 2017

Quem anda à chuva, molha-se

Claro que percebo, mas creio que numa altura em que a falta de chuva está a tornar-se dramática para todo o país e de modo especial em algumas regiões interiores, com elevados custos para o Estado, para os municípios e população em geral, de modo particular os agricultores, fica mal, mesmo muito mal, ouvir um responsável pela organização do evento "Perlim" em Santa Maria da Feira, mesmo dizendo compreender a importância da chuva, a desejar que nos dias do evento não chova, ou seja, que em vinte e poucos dias entre Dezembro e parte de Janeiro não chova (não vá molhar a criançada e estragar o negócio, isto digo eu).
Mais valia estar calado, porque é lamentável que o diga publicamente aos microfones de uma rádio. Que faça a apologia de gnomos e outras fantasias próprias de criancinhas de quatro anos, vá que não vá, mas que esqueça a realidade do mundo real e o drama da falta de água é que já não nos parece próprio da realidade. 
Mas isto sou eu a pensar, que prefiro mil vezes a água a um qualquer Perlim pim pim solarengo.