Mostrar mensagens com a etiqueta postal do dia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta postal do dia. Mostrar todas as mensagens

26 de julho de 2024

Postal do dia - Obrigado ao Johnny Almeida e à Comissão Fabriqueira


Tenho escrito e falado sobre o assunto, o da necessidade de obras de conservação na nossa capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Fortuna e a Santo António, popularizada como Capela do Viso. Em Maio de 2023 escrevi sobre isso e de que então já havia o propósito de realizar obras.

Mas não se realizaram e em Agosto desse ano, decorreu a nossa maior festa comunitária, a Festa do Viso, com a capela, sobretudo o interior, em mau estado do reboco das paredes, como uma nódoa ali a envergonhar-nos, perante nós próprios e sobretudo para quem nos visitava.

No arraial gastava-se dinheiro em artistas e em foguetes e na capela, em que reside o motivo maior, via-se aquela situação. As imagens que ilustram este apontamento são elucidativas.

Pensei eu que, entretanto, seriam feitas as obras para que a situação não se repetisse na festa deste no de 2024. Todavia, porque entretanto foi dada prioridade às obras do Salão Paroquial, felizmente já feitas e bem feitas, parece-me, o tempo ficou apertado e de novo a capela a correr o risco de se apresentar vergonhosamente à comunidade local e forasteira, tanto mais quando vamos ter o privilégio de cá ter o bispo auxiliar do Porto, D. Roberto Mariz, a presidir à celebração da Missa Solene.

Pessoalmente é uma situação que me envergonha e desde logo porque acho paradoxal que se faça uma festa com qualidade no arraial e na capela se veja esta pobreza de estado de conservação. Quem não se envergonha ou incomoda com isto?

Neste contexto, mesmo que a título pessoal e informal, questionei sobre o assunto alguém do Conselho Económico – Comissão Fabriqueira, no caso o Johnny Almeida, o qual reconhecendo a situação, se prontificou a analisar a mesma no sentido de ver se ainda a tempo, mesmo que de forma provisória, fosse possível retocar os pontos mais deteriorados.

Contactou-me entretanto a confessar que a situação era mesmo grave e que a coisa já não se resolveria apenas com uma intervenção ligeira. Assim, num compromisso de esforço e dedicação, e deslocando pessoal da sua empresa de outros trabalhos, comprometeu-se a que nestes dias e até à festa, irá fazer uma intervenção que seja já de forma definitiva, mesmo que apenas parcialmente, porque de facto não haverá tempo para mais.

Assim, começará a revestir as paredes interiores desde a parte do coro até onde for possível até aos altares laterais. A solução é a mais adequada, com aplicação de revestimento em placas de gesso cartonado, já que a solução de reconstrução do reboco pelo método tradicional, para além de mais demorado não resolveria o problema de humidades e salitre e dentro de poucos anos o problema voltaria.

Neste contexto, comprometeu-se pessoalmente e pela Comissão Fabriqueira a fazer os possíveis para nestes próximos dias revestir a maior área de paredes possível. O tempo é curto mas com competência será possível atalhar.

Pessoalmente não tenho quaisquer responsabilidades nem peso decisório na matéria e a minha interpelação foi apenas a título pessoal, mas não posso deixar de agradecer aqui publicamente a sensibilização do Johnny Almeida, e estou certo que de acordo e conhecimento com os demais elementos, incluindo o pároco Pe. António, bem como à sua dedicação e empenho, mesmo que com inconvenientes para a organização dos trabalhos da sua própria empresa.

É de facto meritória a sua acção e mesmo sem ver o resultado do trabalho, e se não surgirem obstáculos, acredito que pela sua competência será capaz de, mesmo que de forma incompleta, dar a dignidade adequada à capela e à altura da festa que recebe em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna.

Há alturas em que é preciso pôr mesmo o carro à frente dos bois, pois parece-me que nestas coisas de atalhar problemas, tantas vezes é pior nada fazer do que fazer menos bem ou de forma mais apressada.

Pela parte que me toca, obrigado ao Johnny Almeida e à Comissão Fabriqueira pelo interesse que acolheu a minha interpelação e se prontificou a mitigar essa nódoa na nossa capela no dia da sua festa maior.

Sem fazer julgamentos antecipados, até porque a equipa é nova, parece-me que é neste caminho que se tem que trabalhar, de forma decidida, sem as crónicas hesitações que só adiam e agravam os problemas e as necessidades.

Conservar com dignidade o nosso património comum é respeitar o legado de quem ao longo dos tempos o edificaram e transmitiram.

Bem hajam pela vontade, dedicação e acção!



7 de julho de 2024

Postal do dia - Que não apenas pão e circo

 


O artista musical e divulgador do cante alentejano, Buba Espinho, actuou ontem nas Caldas de S. Jorge, com concerto integrado no Caldas Sabor & Arte, um evento a que não encontrei classificação, se festival, se feira ou outra coisa qualquer, mas seguramente dentro da categoria de comes-bebes com música e outros tópicos.

Vi apenas parte e gostei. Obviamente que conhecia o estilo e a qualidade e fiquei com inveja de não termos um artista com essa qualidade no Corga da Moura ou mesmo na Festa do Viso.

Reconheço, contudo, que não é coisa para jovens e adolescentes porque por ali não há batidas, spunk, spunk, barulho a rodos com decibéis a rebentar a escala e os tímpanos (como aconteceu no Corga da Moura)e gente que para ter assistência a potes não basta saber vestir ou cantar. Mas isso é outra história e de diversidade também se faz a diferença, goste-se ou não.

Apesar disso, Buba Espinho e os seus excelentes acompanhantes ajustam-se melhor a um ambiente de intimidade, se possível em espaço fechado. Assim, foi o que foi. Gente bastante, sobretudo de meia idade para cima, mas longe da que arrasta um qualquer artistazeco do hip-hop ou coisa parecida. Além disso, frio, muito frio, pouco convidativo a estar, mesmo a beber, do que muito vivem as tasquinhas. Mas é velho e sabido que a zona envolvente ás Termas e ao Uíma sempre foi de temperaturas de frigorífico.

Hoje ao início da tarde regressei ao espaço e voltei a gostar, mesmo que ainda sem grande movimento.

Apesar de tudo, já numa apreciação meramente prática e analítica, espanto-me dos valores que as entidades, sejam Juntas de Freguesia ou Câmaras Municipais, gastam neste tipo de eventos, trazendo artistas que naturalmente não vêm pelo modesto preço de um rancho folclórico. E esta realidade não é, naturalmente, exclusiva do nosso território, mas também de tantos outros. Por princípio não é negativo, claro que não, e além disso já vem do tempo da velha Roma a máxima de que a populaça anda feliz e calma quando se lhe dá pão e circo. Mas que se gastam balúrdios de dinheiro nestas coisas, nestes programas musicais, gasta-se. 

O problema nestas coisas, paradoxo ou contradição, é verificar que na maior parte das freguesias onde há esses elevados gastos, há ruas com pavimentos em reles estado, valetas, bermas e espaços públicos por limpar e obras e melhoramentos por fazer ou eternamente adiados. Ainda hoje, precisamente antes de voltar ao Caldas Sabor & Arte, passei pelo Parque da Várzea em Pigeiros, nas margens do mesmo Uíma, e é deplorável a falta de limpeza com lixo espalhado por todos os cantos, a afastar quem queira pique-nicar ou apenas saborear as sombras e pacatez bucólica do local. Fugi dali!

Precisamos, pois, de tudo, incluindo destes momentos de confraternização, de lazer e entretenimento, mas importa não perder o rumo ao bom senso e equilíbrio e não privilegiar apenas o pão e circo porque se considera que isso em termos eleitorais poderá  render frutos É preciso mais, bem mais, que isso.

Haja, pois, comedimento e tudo no ponto adequado. Sem espinhas!