15 de janeiro de 2019

Futebóis


O F.C. de Arouca está à 17ª jornada do Campeonato da II Divisão, chamado Liga 2, no último lugar de uma tabela de 18 clubes. Depois de um brilharete que o conduziu à 1ª Liga e por onde se aguentou durante quatro épocas, está agora numa posição difícil que a não inverter-se na 2ª volta da competição o empurrará para uma divisão inferior e com isso o regresso à normalidade de um clube de um concelho ainda muito interior e com baixa densidade populacional. 

Mas o nosso C.D. Feirense, ainda na 1º Liga, não está melhor e se a 2ª volta da prova for mais do mesmo, a 2ª Liga é já ali ao dobrar da esquina. Não particularizando nem generalizando, este tipo de clubes muito suportados por apoios de empresários locais, quase numa lógica familiar, e de fortes investimentos, transparentes ou disfarçados das Câmaras Municipais, podem fazer uns brilharetes mais ou menos efémeros mas a normalidade tende a ser as divisões secundárias. De resto alguns clubes de grandes e médias cidades, e que já foram presença habitual nas principais provas do nosso futebol, andam por aí a amargurar em divisões inferiores, quiçá em campeonatos distritais. Exemplos como o F.C. Arouca e Tondela são excepções e condenados a curtos reinados. 

Mas é apenas futebol e este há muito que deixou de ser e pertencer ao povo e nalguns casos aos clubes. Agora a lógica é a do dinheiro e dos interesses de investidores abrigados pelas SADs desaculturados da cultura geográfica e social das cidades e municípios onde têm sede. O futebol do povo, das sandes de couratos e porradas nos árbitros e algum amor às camisolas ainda pode residir nos distritais mas também esse já teve melhores dias no que a clubismo diz respeito. 

Sinais dos tempos em que os interesses das massas andam por outros campos. Mas mesmo sem futebol na 1ª ou 2ª Ligas, Arouca terá sempre fortes motivos de visita. De resto, sendo visitante frequente, nunca lá fui arrastado pelo futebol. Um bom assado no forno, de vitela arouquesa foi sempre um futebol mais entusiasmante.

14 de janeiro de 2019

Tempo a falar do tempo


Noutros tempos não se perdia tanto tempo a falar do tempo. Na RTP, no final do Telejornal lá vinham então o Costa Malheiro ou o Anthímio de Azevedo, formais de fato e gravata, de ponteiro apontado ao preto quadro de lousa, com gatafunhos por eles desenhados manualmente a giz, como nas escolas primárias, a explicar-nos os estados de alma do anti-ciclone dos Açores e as consequências do mesmo na ondulação, vento e temperatura. Era o Boletim Meteorológico, em dois ou três minutos, se tanto, a preto-e-branco, como no quadro.

Hoje em dia a coisa pia mais fino e ele é alertas de várias cores, porque faz frio, porque faz calor porque chove ou porque não chove. Falar do tempo e sobre o tempo faz parte do nosso dia-a-dia e já não basta deitarmos o nariz de fora da porta para, constatando o óbvio, vermos o tempo que está, ou comprar o Seringador nas feiras dos "quatro" ou dos "dezoito" para saber quando estará de feição e de boa lua semear os nabos  ou plantar batatas. Alguém tem que o dizer, comentar e fundamentar. Dá lugar a reportagens, entrevistas a populares anónimos e a cientistas e até mesmo no "teatro de operações" com uma qualquer repórter, de cabelos a esvoaçar, afanosamente a informar com ares de coisa nunca vista de que está a chover ou a nevar forte e feio. As coisas do tempo até têm nomes, como pessoas. Um aguaceiro pode chamar-se Custódio ou Isaías, uma ventania, Alice ou Josefina. Coisa que parece brincadeira mas para levar a sério.

Não andamos com o quadro de lousa do Malheiro ou do Anthímio, mas trazemos no telemóvel uma ou mais apps que nos dizem o tempo em cada momento e em cada lugar. Já não vivemos sem as previsões e não nos basta a do dia seguinte nem nos contentamos sequer com a de dois ou três. Pelo menos uma previsão para 15 ou mesmo 30 dias. É uma aflição e expectativa saber se no dia do casamento, do piquenique da família ou da festa da aldeia vai haver sol ou chuva. Nas redes sociais somos todos meteorologistas e replicamos as previsões, partilhando-as numa vontade samaritana de avisarmos os vizinhos do perigo, não vá eles, distraídos, estarem desprevenidos para uma chuva ou uma ventania. E logo nos nossos dias em que ninguém anda de guarda-chuva pendurado na gola do casaco.

Sinais dos tempos, estes em que o exagerado 80 deixou o humilde 8 envergonhado, lá trás.

12 de janeiro de 2019

Nota de falecimento


Faleceu, de forma inesperada, Júlia de Fátima Moreira Teixeira, de 50 anos, esposa de Luís Manuel da Costa Paiva, nora de Joaquim Correia de Paiva. Vivia na Travessa de Fornos, Nº 85 - Guisande.
O funeral tem lugar amanhã, Domingo, 13 de Janeiro de 2019, pelas 11:45 horas, na Capela Mortuária e Igreja Matriz de Lourosa, de onde era natural.
Sentidos sentimentos a todos os familiares.Paz à sua alma!

9 de janeiro de 2019

Roupa nova


Começou por estes dias a montagem dos andaimes para as obras de requalificação do edifício da Habitação Social em Casaldaça - Guisande.
As obras agora iniciadas inserem-se num programa de reabilitação de habitações sociais com a aplicação prevista de três milhões de euros no melhoramento de 11 edifícios espalhados pelo concelho, incluindo o de Guisande.

Para o equipamento habitacional  na nossa freguesia o concurso  tinha um orçamento base a rondar os 143 mil euros e terá sido adjudicado ligeiramente abaixo, por 135.760,41 euros à empresa O2S - Engenharia e Construção, L.da, da Guarda.

Certamente que para os moradores, que desde há anos vinham a assistir à degradação do edifício, para além do mesmo já padecer de raiz da falta de alguns aspectos de qualidade construtiva, é uma boa notícia no princípio do novo ano. 

Este edifício, como temos dito, resultou na época de uma má política de habitação social, desajustada e desproporcionada, com a quantidade em detrimento da qualidade. A freguesia de Guisande na altura em rigor não carecia de um tão elevado número de fogos pelo, que, também por isso, para ali foram acomodadas pessoas de outras freguesias com as consequências de integração inerentes. A ideia geral, salvo as naturais excepções, nunca foi a de conceder habitação permanente, mas em rigor é o que acontece porque nunca foram executadas políticas de integração e promoção à mudança e apoio a construção ou aquisição de habitação própria por parte de pelo menos algumas famílias. Pelo contrário, têm sido adoptadas medidas que conduzem precisamente ao acomodamento à situação e ao provisório definitivo. Más políticas, maus resultados. Agora importa minorar e dotar o equipamento com condições dignas para quem ali mora.

Com as obras agora iniciadas pretende-se melhorar as condições de eficiência energética do edifício, com substituição das caixilharias e janelas, renovação das coberturas e também aplicação de novos revestimentos, com remoção da tijoleira e aplicação de "capoto" e pintura.

6 de janeiro de 2019

Reservado


Por estes dias que foram de festas, de cuja quadra termina hoje, Dia de Reis, mesmo não indo a todas (bem ao contrário do José Malhoa), fui a algumas coisas chamadas eventos ou espectáculos que um pouco por todo o lado têm sido oferecidos (de borla) ao povo. Concertos, espectáculos e outros que tais, quase todos bons. Mas para além do que era suposto ver, viu-se mais coisas, uma delas a de que invariavelmente se continua a reservar lugares da frente, para supostas pessoas importantes, representantes de alguma coisa no sítio, na aldeia, eventualmente, nem sempre, doutores e engenheiros. Por isso, porque o respeitinho deve ser respeitoso, os importantes na frente, os menos importantes dali para trás.

Apesar desta deferência, que faz parte dos protocolos da nossa sociedade, dita inclusiva, invariavelmente verifica-se que uma vez iniciado o evento alguns desses lugares reservados para gente que seria importante, ficam parcialmente, se não todos, vazios, vagos ou até mesmo ocupados quando o espectáculo, avançado, já mereceu palmas.

Assim, apesar da simpatia das organizações e dos prévios convites,  há sempre quem não apareça (problemas de agenda), ou se aparecem marcam o ponto e esgueiram-se porque há mais pontos a marcar, ou então, porque, sem o dom da ubiquidade, fazem-se representar por gente secundária e terciária nas hierarquias ou mesmo por moços de recados e outros assistentes operacionais que vestem na perfeição o "em nome de".

Em resumo, e nada disto é crítica nem chapéu que caiba em qualquer cabeça, é apenas uma simples constatação de que apesar da preocupação, simpatia e deferência de quem organiza, seja para um concerto, uma noite de fados ou um festival de sopas de nabos, nem sempre existe uma correspondência à altura por parte de quem acaba por deixar os lugares vazios, seja num auditório, seja à mesa. Feitas as contas, em muitos casos (obviamente que não em todos), aqueles que deveriam merecer as palmas e a atenção, são os relegados para as filas secundarias. Mas quanto a isto não há nada a fazer até porque sempre se diz que a cada um é preciso saber "ocupar o seu lugar". Ora há por aí muitos lugares ocupados por quem os não sabe ocupar, literalmente. Porém, felizmente, também o contrário, e a estes seria mesmo bom que tivessem o tal dom da ubiquidade, que mais não fosse para retribuirem na primeira pessoa a deferência do convite e da reserva nos lugares de primazia.

27 de dezembro de 2018

Participar é preciso...


O JN - Jornal de Notícias voltou a lançar o concurso de ilustração para a sua capa do dia de Natal. Tal como no ano passado, em que obtive uma menção honrosa, voltei a participar, com a ilustração acima representada. 

Neste ano, para além da ilustração vencedora, entendeu a organização não diferenciar as demais e de um lote de mais de uma centena de trabalhos, escolheram 30 finalistas. A minha simples ilustração fez parte desse lote e na respectiva galeria online aparece na terceira posição. Não quer dizer nada, muito menos que ficou nessa posição em termos de classificação,  mas nem o sentido da participação teve esse único objectivo. Mas fazer parte do lote de trabalhos finalistas já é meritório.

Seja como for, respeitando as decisões de quem escolheu, e é sempre ingrato o papel de um júri, parece-me, a mim, que a qualidade geral foi pobre. Mesmo a ilustração vencedora tem um motivo relacionado ao jornal, demasiado óbvio e susceptível de uma influência por simpatia. Por outro lado, já percebi que a representação clássica do presépio, nomeadamente a sagrada família, deixou há muito de ser valorizada em nome de um laicismo politicamente correcto, sobretudo seguido pelos média, de resto em consonância com um natal de sentido consumista e menos humano e cristão. Mas, são escolhas e nestas as tendências seguidistas têm peso. Há que respeitar mesmo não concordando.



Acima, a ilustração vencedora.

26 de dezembro de 2018

Ressacas e cuecas


Dia 26 de Dezembro. Depois de uma mensagem de Natal do nosso primeiro ministro que por momentos me fez pensar que em termos de país estava, se não lá ainda, pelo menos nos arredores do céu, o Jornal da Tarde da RTP abre hoje, numa assentada, com o relato de quatro greves; dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, dos funcionários da Autoridade Tributária, dos serviços de Notariado e da CP. Creio que não me enganei, ou haverá mais? Mas dizem que vem aí mais do mesmo.
Nada mal para um dia tradicionalmente de ressaca. Podia ser pior, pois podia, mas há prendas que são assim, que, como as cuecas usadas, não há loja que as aceite trocar. É certo que a coisa pode nem cheirar muito bem mas uma boa mensagem de Natal em muitos casos tem a eficácia do melhor detergente. Não só ficamos de cuecas aparentemente limpas como também com a alma. 
Como cantarolava a saudosa Beatriz Costa, ..ai rio não te queixes, ai que o sabão não mata, ai até lava os peixes, ai põem-nos como prata.