4 de maio de 2019

Mansores - Arouca - PR11 Trilho das Levadas

Desde a sua abertura em Abril do ano passado (2018) que era minha vontade e desejo de percorrer o Trilho das Levadas, na freguesia de Mansores, concelho de Arouca. Foi agora, no início de Maio, o mês das flores e depois de um Abril de águas mil, por isso com as ribeiras e regatos com águas generosas frescas cantantes, como convinha.

Um sábado de sol e temperatura amena, mais para o quentinho, logo pela manhã. Na companhia do Jorge, em boa forma, estacionamos no centro da freguesia, no lugar da Vila, junto ao coreto e à capela de Nª Sª do Rosário, imponente como uma igreja matriz, embora esta se localize mais abaixo, no centro do vale da ribeira de Mansores. 

Dali, do centro e ponto de partida e chegada, o trilho desenvolve-se no sentido dos ponteiros do relógio, embora, como é natural, possa ser feito no sentido contrário, no que será mais difícil porque tendencialmente a subir.
Todo o trilho é de uma beleza fantástica,bucólica e harmoniosa, sempre com as encostas sul e norte à vista. Deslumbrante, sobretudo, o troço dos moinhos da Barrosa, uma sequência de mais de uma dezena de moinhos junto a uma ribeira caudalosa e encravada numa profunda garganta onde as cascatas parecem um coro sinfónico. Não os contamos, mas seguramente uma dúzia deles. Pena que a larga maioria em ruínas. A reconstrução de alguns, ainda que compondo apenas paredes e telhados, seria uma mais valia ao conjunto e à sua promoção.

Já no lugar da Avitureira, a zona mais a nascente do trilho, a companhia de uma levada lavrada em granito a apanhar e conduzir as águas da ribeira para tocar os rodízios de moinhos e regar os férteis terrenos agrícolas, ladeados por afloramentos rochosos floridos com líquenes e musgos. É impossível ficar indiferente ao trabalho e engenho de quem a construiu e moldou estes elementos.

Ladeamos e transpomos as ribeiras e percorremos carreiros debaixo de ramadas de vinho verde. Atravessamos quinteiros e vielas. Subimos escadas de degraus de xisto e rampas em calçada portuguesa, sempre com o olhar cheio de verde e flores campestres. Subimos ao alto do lugar da Vila com vistas generosas tanto para norte como para nascente e sul e sempre com a serra da Freita à vista.

Resumindo, porque a descrição deve ser para poetas, um trilho de dificuldade média mas deslumbrante na sua diversidade de paisagem, natureza e nesta a modelação harmoniosa do homem na simbiose perfeita do aproveitamento das águas e dos campos que se estendem como lençóis ao longo do vale.

O percurso oficialmente está definido para quatro horas embora mesmo nas calmas e com paragens para as fotografias, faz-se em mais ou menos três horas. Mas sim, se mesmo com calma e até uma pausa para uma merenda intermédia ou um olhar mais deslumbrado, pode-se considerar as quatro horas. Ideal, pois, para uma manhã ou uma tarde.

Mesmo ficando trilhado, fica a apetecer voltar a repetir, quem sabe, numa altura de Outono, já com outras cores na paisagem.

Parabéns à Junta de Freguesia de Mansores e Câmara Municipal de Arouca e a todos os proprietários certamente envolvidos neste trilho e projecto de promoção de uma terra. São um exempolo para o que por cá ainda não se faz. Convém, todavia, que não seja descurada a limpeza bem como há alguns pontos ou bifurcações que merecem um reforço da sinalização para evitar enganos ou dúvidas no percurso, principalmente na zona de saída dos moinhos da Barrosa em direcção ao lugar da Estrada. Ali, sem sinalização bastante, acabamos por seguir por um caminho diferente embora fosse retomado o trilho um pouco mais abaixo.

A terminar, no restaurante Souto, mesmo no centro do lugar da Vila, comeu-se uma "Feijoada à Transmontana" e um "Frango Assado à Paneleiro". Duas diárias bem servidas e saborosas quanto baste em preço económico. Um bom remate ao apetite aberto pela caminhada. A repetir.

Ficam abaixo algumas das muitas fotografias colhidas, mesmo que nem sempre com o cuidado técnico merecido.





























2 de maio de 2019

Ad perputuam

As estatísticas dizem que por ano em Portugal morrem em média 12 pessoas diariamente de enfarte do miocárdio. Por conseguinte, os números de ataques serão substancialmente superiores já que, felizmente, a maioria dos casos, por rápida intervenção médica, consegue ser resolvida e menorizada nas suas consequências fatais. 

Apesar disso, a comunicação social vai abordando destas coisas de forma marginal e normalmente apenas em números, até porque estas situações não escolhem idades, nem profissões, nem estatutos sociais. 
Mas quando uma dessas pessoas, apenas mais uma vítima desse problema de saúde, se chama Iker Casillas e é um famoso guarda-redes de futebol, do F.C. do Porto mas que foi do Real Madrid e da selecção espanhola, então temos tudo quanto é comunicação social, do país, de Espanha e do resto do mundo, a trazer o Iker Casillas às primeiras páginas.

Isto não é mau, se de algum modo contribuir para uma maior consciencialização deste problema de saúde que afecta diariamente muitas pessoas, até porque se aproveita a ocasião para melhor se explicar os contornos do acidente cardíaco e dos seus sintomas que podem concorrer para uma rápida e eficiente ajuda médica, mas por outro lado demonstra que a nossa sociedade continua a orbitar em torno dos famosos, ricos e importantes. Os demais, a larguíssima maioria, são apenas números. E quanto a isto não há volta a dar, pelo menos enquanto não se mudarem mentalidades e enquanto essa mesma larguíssima maioria anónima não deixar de consumir o mediatismo dos famosos, mesmo alimentando-o.

Em todo o caso, deste caso, fica pelo menos o desejo de que qualquer um cidadão anónimo, mesmo que pobre e desvalido, possa ter o mesmo e rápido socorro, atendimento e tratamento hospitalar perante uma situação destas, como teve Casillas. Todavia, infelizmente, não há como negá-lo, esta não é a realidade generalizada. Os famosos e ricos, em suma os Casillas deste mundo, continuarão ad perpetuam a ter um melhor e mais rápido socorro e tratamento.

26 de abril de 2019

Recordando - Jornal "O Mês de Guisande"


Estávamos no ano de 1981 quando alguns jovens da freguesia, concretamente Rui Giro e Américo Almeida, então elementos do Grupo de Jovens de Guisande, um grupo da esfera da paróquia, tiveram a ideia de criar um pequeno jornal que pudesse levar à freguesia e aos emigrantes as notícias, informações e opiniões sobre a sua terra. Seria assim um jornal formativo e informativo. Teria periodicidade mensal com o título de "O Mês de Guisande" e referenciado como Jornal da Juventude de Guisande.

[continuar a ler]

25 de abril de 2019

Nota de falecimento


Faleceu a Prof:ª Maria Eugénia Ferreira da Silva Vieira, de 83 anos (02 de Fevereiro de 1936-25 de Abril de 2019), do lugar de Casaldaça, viúva de Martinho da Rocha Vieira.
Velório na Capela Mortuária de Guisande, Sexta-Feira, dia 26 de Abril de 2019 a partir das 12:30 horas.
Funeral no mesmo dia, pelas 16:30 horas, com missa de corpo-presente na igreja matriz de Guisande, indo no final a sepultar no cemitério local em jazigo de família.
Missa de 7º Dia na Capela do Viso, na Quarta-Feira, dia 01-05-2019, às 18:30 Horas.
Sentidos sentimentos a todos os familiares, de modo particular aos seus filhos Filipe e Sílvia.

Pela sua actividade enquanto professora primária em Guisande, marcou muitos guisandenses, nos quais me incluo, pelo que foi uma figura que faz parte das nossas melhores memórias ligadas a esse tempo de infância, aprendizagem e crescimento.

Que descanse em paz!

25 de Abril - 45 anos


23 de abril de 2019

Poupar (não gastar) para sobrar

Está avisado, na próxima Sexta-Feira, dia 26 de Abril, a partir das 21:00 horas no edifício da Junta em Guisande vai ter lugar uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia. Um dos vários pontos na agenda de trabalhos refere-se a uma revisão do Orçamento para 2019 com o intuito, dizem, de integrar um substancial saldo que sobrou do exercício do ano anterior. Uma situação a confirmar.

Sabemos que, regra geral, as juntas de freguesia têm muitas dificuldades financeiras face ao volume de necessidades. A falta de pessoal e falta de dinheiro para um quadro mais alargado é outra enorme dificuldade. Não obstante, parece que pela nossa Junta da União de Freguesias, o dinheiro sobra, certamente que não por ser muito mas essencialmente por não se gastar.
De resto, foi também assim no anterior executivo do qual tomei parte, em que apesar das muitas dificuldades e obras por realizar, o mandato, mesmo que mais curto, terminou com um significativo saldo positivo, obviamente, para meu descontentamento e desilusão, porque muito ficou por fazer.

Regra geral, nunca foi positivo nem sinal de boa gestão gastar-se aquilo que se não tem (tal como fez a anterior Junta de Freguesia de Guisande, deixando a batata quente nas mãos de outros), mas também o contrário, não gastar o que se tem, mesmo que perante muitas necessidades, é igualmente sinal de deficiente gestão e sobretudo de falta de ambição, um pouco como a analogia da parábola dos talentos no Evangelho, em que há certos servos que com os talentos distribuídos pelo senhor os preferem enterrar  para segurança, dos que os fazer render a dobrar.
Em resumo, há saldos positivos que significam apenas uma mão cheia de nada.

Compasso da Páscoa - A tradição vai andando mas um pouco a mancar

Pode parecer um lugar comum mas de facto a tradição da Páscoa na nossa freguesia, sobretudo no Compasso, já teve melhores dias. Apesar disso, e este é um mal mais ou menos geral e não apenas de Guisande, a coisa vai indo e sendo cumpridos os serviços mínimos.

Quanto ao Compasso neste ano de 2019, as habituais inconstâncias nos horários levando nalgumas situações a atrasos excessivos. Pela parte que me diz respeito, cá por casa chegou com quase uma hora de atraso relativamente ao que era tido como normal. 
Esta situação do atraso excessivo poderia ser melhorada se a missa pudesse ser celebrada um pouco mais cedo e um pouco menos demorada. Não sendo ou não podendo, e manda quem pode, quando o compasso faz-se à estrada já depois das 10:00 horas é mais que previsível a acumulação de atrasos. Mas esta inconstância está a tornar-se ela própria tradição e por isso já tem que ser encarada como normal.

Também se notou algum desfasamento no que era a tradição do alinhamento das equipas já que pela tradição o Juiz da Cruz deveria fazer o itinerário que percorre o lugar onde tem a sua habitação (neste caso por Casaldaça, Lama e Fornos). Pela mesma razão, o futuro Juiz da Cruz deveria ter percorrido lugares diferentes do que percorrerá no seu ano (2020), o que não aconteceu. Também se notou algum desacerto inicial no protocolo da visita e da ordem das coisas, com alguma atrapalhação. Uma pré-preparação para acertar agulhas não faria nada mal, porque estaremos todos de acordo que as coisas bem organizadas e orientadas funcionam bem e parecem melhor.  Uma das equipas pareceu-me demasiado jovem, faltando alguma presença de pessoas mais velhas e mais dadas a dois dedos de conversa e que comam e bebam algo do que a mesa oferece, se não por educação, pelo menos por cortesia.

Quanto à habitual pagela distribuída em cada casa, estava demasiado minimalista e sem a referência para memória futura ao nome do Juiz da Cruz. A oração de entrada, muito curta, quase inexistente pelo que o momento de alguma reflexão, silêncio e espiritualidade,  quase não se fez sentir.

Mas, em resumo, tudo está bem quando acaba bem e mesmo que com estes pequenos grãos de areia, podemos dar por cumprida a tradição. O dia esteve a jeito, com sol e calor quanto baste, o que é sempre agradável.

No fim de contas vale e importa mais o simbolismo da quadra e da mensagem da ressurreição de Cristo levada a cada casa e a cada família. Importantes, também, os momentos de partilha e confraternização das famílias que se juntam neste dia. O resto, tendo relevância, porque tradição vinda de trás e com referências cimentadas, são sempre coisas menores, mais materiais e protocolares.