A politica é engraçada e os políticos, porque seus protagonistas, engraçados. Alguns até malabaristas. Por exemplo, agora com este recente caso da ameaça de auto-demissão do Governo, a propósito do assunto do descongelamento das carreiras dos professores. O primeiro-ministro António Costa, na sequência da posição dos demais partidos na Assembleia sobre o assunto, disse à imprensa “Entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República e Presidente da Assembleia da República que a aprovação final global desta iniciativa parlamentar, forçará o Governo a apresentar a sua demissão”, disse António Costa, em conferência de imprensa.
Confesso que para além do que entretanto fui vendo, lendo e ouvido, e das razões ou não razões das partes, e nem creio que a classe dos professores tenha mais razões que todos os demais portugueses e como tal direito a tratamento diferenciado, parece-me uma fraca peça teatral levada à cena pelo Governo e António Costa e, desde logo, porque em devido tempo usou e justificou a legitimidade da maioria parlamentar para formar um Governo mesmo não tendo vencido as eleições e agora parece fazer um drama pela "ilegitimidade" de uma posição que decorre, ela também, de uma maioria parlamentar.
Pela análise pessoal, percebendo que em Outubro próximo o PS não obterá a maioria, e que a "coligação" ou apoio de esquerda não terá pernas para andar num próximo Governo, nomeadamente porque o Bloco de Esquerda e o PCP a partir de agora, e ultrapassada a questão do Orçamento, e até às eleições querem o devido distanciamento e definir territórios próprios, António Costa considera que será preferível um "golpe de teatro" com a adequada dramatização que levando mesmo a eleições antecipadas pode colher frutos mais saborosos bem como no imediato para as eleições europeias, já que os indicadores e os "especialistas" vão prognosticando que a sua campanha não está a correr bem, de resto o que se percebe com um cabeça-de-lista "fraquinho".
Mas é ver no que vai dar, principalmente agora que os principais acusados pelo Governo, o CDS e o PSD têm vindo a público clarificar e "desmistificar" os contornos e condições do apoio ao tal descongelamento das carreiras dos profs, parecendo, pelo que dizem, menos "dramático", pelo menos a ponto de justificar a encenação do "drama" e da ameaça de demissão.
A ver vamos, mas a política e os políticos são engraçados.