5 de agosto de 2019

Orgulhosos, concerteza!


Ainda decorre a festividade em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, na nossa freguesia de Guisande, popularizada como Festa do Viso. 

O programa encerra hoje, estando prevista a actuação da banda de música popular “Minhotos Marotos”. É verdade que já actuaram em Guisande há alguns anos, poucos depois da sua criação em 2009, mas entretanto foram mudando algumas coisas, apresentando-se agora com um estilo mais incaracterístico, à laia de nem carne nem peixe, e ainda a reboque da vocalista Cláudia Martins, mais produzida, que encabeça o nome do grupo. Há coisas que começam bem e que mudam, umas vezes para melhor, outras nem por isso. Parece-me, pessoalmente que a mudança foi algo para pior, mas são opiniões.

Seja como for, não sendo uma atracção de topo, reúne a popularidade suficiente para trazer ao Monte do Viso muitos forasteiros. O dia está bom e a noite promete.

Mesmo antes de terminada a festa, arrumada a tralha e fechadas as contas, está de parabéns a Comissão de Festas, ainda que apenas com um único sobrevivente dos nomeados (António Gomes de Almeida) e os restantes na qualidade de (bons) voluntários, nomeadamente o Armando Rodrigues Ferreira, o Joaquim de Oliveira Santos e o António Azevedo da Conceição, bem como as festeiras Cátia Ferreira e Daniela Almeida.

De algum modo, perante a negação de uns, a raça e o querer de outros. Ainda bem, porque no dia em que a nossa festa não for realizada por falta de elementos na Comissão de Festas, será sinal de que algo vai mal. Não é fácil, pois não, nem sempre há o reconhecimento justo, também não, mas há uma coisa chamada orgulho naquilo que nos deve distinguir, a identidade e paixão pelas nossas tradições e raízes.

Por mim, e certamente que por muitos mais, faço votos para que as contas corram bem e se não sobrar, pelo menos que não falte. Mas se faltar, apesar do meu contributo, que, sem falsa modéstia, considero  significativo, podem voltar a bater à porta que terão novo apoio.

Devem, pois, no final do suor da testa, sentir-se orgulhosos do fazer a festa. 

Olhares - Imensidão de azul



2 de agosto de 2019

Liberdades, direitos e garantias


Tenho plena consciência que nesta questão pertenço à reduzida minoria, aquela que não liga patavina ao evento Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, que todos os anos se realiza entre finais de Julho e meados de Agosto, na cidade sede do nosso município. 

Nem sequer vou por aqueles que a classificam meramente como um festival da fêvera e do porco-no-espeto, onde se faz fila para comer e beber de forma vulgar e pagar de forma exorbitante, apenas porque no entorpecimento de um cenário contextualizado a um período interessante da nossa história, o Medieval.

Por outro lado não questiono e reconheço a importância e o impacto económico para o concelho e sobretudo para as associações que reiteradamente exploram os diferentes espaços de comes-e-bebes e para os estabelecimentos localizados no amplo perímetro do mega-evento. Reconheço, igualmente a capacidade das entidades que nos últimos anos têm sabido potenciar este evento e fazer dele um ponto de notoriedade económica e turística para o concelho.

Apenas questiono se há ou não desrespeito constitucional pelos elementares direitos de aceder e circular em espaços públicos no centro de uma cidade por um tão largo período temporal, vendo-me condicionado nos acessos e mesmo a pagar os mesmos, ainda que para aceder a serviços e comércio. Afinal, o centro público de uma cidade não é nem pode ser  uma feira popular nem um estádio nem um parque, pelo menos a ponto de limitar e condicionar acessos e circulação de forma livre e gratuita.

 Compreendo perfeitamente que se condicione o trânsito e acesso de uma rua ou um local, por horas ou parte de um dia, para um evento desportivo ou de outra natureza de interesse colectivo, mas já não o compreendo quando de forma tão prolongada no tempo, alargada no perímetro e tão condicionada a ponto de ter que estacionar longe, mesmo a pagar e a pagar acessos. Se eu tenho amigos no centro da cidade, não tenho a liberdade nem o direito de aos mesmos fazer uma visita sem que para isso tenha que pagar e usar um apetrecho contra a minha vontade. 

É possível que os direitos constitucionais de liberdade de circulação e reunião em espaços públicos possam ser desrespeitados nestas circunstâncias, mas gostaria de saber se é mesmo assim. Mas como só serei eu a perguntar, é melhor fazer de conta que está tudo bem, porque na realidade, parece que a larga maioria gosta de ser ver condicionada e a pagar para isso.

Carta Educativa, mas pouco informativa



Um pouco a propósito do apontamento sobre o Jardim de Infância de Fornos,  e do encerramento das escolas em Guisande, em que por agora apenas vai subsistindo o estabelecimento escolar de Fornos (e há quem desconfie que as coisas estão a levar caminho para que também ele venha a ser encerrado e com os alunos a serem integrados em Lobão ou Louredo), não deixa de ser irónico que na Carta Educativa do município de Santa Maria da Feira, disponível do respectivo portal online,  ainda constem as Escolas Básicas do 1º Ciclo da Igreja e Viso, bem como o Jardim de Infância da Igreja, quando na realidade já passaram vários anos sobre a sua desactivação e exportação dos respectivos alunos para outras freguesias. 





31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

29 de julho de 2019

Monte do Viso - Ante-Projecto "Nova Face"


Com maior ou menor interesse, de um modo generalizado todos reconhecemos no Monte do Viso e na sua respectiva zona envolvente à Capela de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e edifício da Escola Primária, actualmente integrado no Centro Cívico do Centro Social S. Mamede de Guisande, um dos locais mais aprazíveis da freguesia e palco comunitário de muitas iniciativas  de índole recreativo, cultural e religioso, incluindo a nossa maior festividade popular, a qual dentro de dias, já no próximo fim-de-semana, volta a ter lugar.

Todavia, o arraial ou parque do Monte do Viso, apesar do empenho depositado nele por várias juntas de freguesia e indiferença de outras, como a anterior e a actual, é fruto de uma dinâmica de interesses colectivos e singulares que não é de agora, nem das duas últimas décadas, mas bem mais de trás. 

Neste contexto, muitos já estarão esquecidos, mesmo os mais velhos, mas toda a reformulação do arranjo do Monte do Viso tal como o conhecemos na actualidade, a partir do seu aspecto anterior, tal como vemos parcialmente na foto acima, datada de 1982, tem as suas raízes numa ideia apresentada em 1986 na Assembleia e à Junta de Freguesia de então, encabeçada pelo Sr. Manuel Alves, pelo jovem deputado Rui Giro em representação da lista  FJI - Força Jovem Independente que, recorde-se, concorreu às Eleições Autárquicas de 1985 e 1989.

Essa ideia traduzia-se num ante-projecto designado de "Monte do Viso - Nova Face", cujo esquema de apresentação (reproduzido abaixo) foi publicado no jornal "O Mês de Guisande" em Novembro de 1987, cuja capa abaixo se estampa.



É certo que a solução que veio a desenvolver-se não seguiu à risca a ideia plantada no ante-projecto (nem era isso que se pretendia), que desde logo previa uma circulação marginal e envolvente, ao arraial, mas dela nasceu o interesse colectivo pela importância de dar uma nova face a esse bonito local. e fazer dele uma das nossas salas de visita.

A ideia foi bem recebida tanto pela Junta como pela Assembleia de Freguesia e depois disso foi também envolvida a Câmara Municipal, a qual veio a dar seguimento ao levantamento topográfico,  estudo e projecto. As juntas de freguesia seguintes, lideradas por Rodrigo de Sá Correia, Manuel Ferreira e Celestino Sacramento corporizaram essa ideia e aos pouco o parque chegou à configuração actual, conforme foto área abaixo. De resto, o arraial até já esteve com melhor aspecto, pois já com alguns ano decorridos notam-se naturalmente os desgastes nas pavimentações, coreto e jardins. As obras de conservação  nunca tiveram lugar e as pedras da calçada vão por ali andado ao rebolo. 

No nosso entendimento e no da FJI de então, a solução adoptada não foi a melhor e isso comprova-se pelo constrangimento viário que se verifica em dias de eventos no local. Por outro lado, o percurso da capela até ao fundo do monte deveria ser directo e apenas pedestre e não misto, com uma transição mal conseguida. Adoptou-se uma solução com menos arruamento e mais zona de parque,é certo, mas na altura mandou quem podia e quem pode manda, mesmo que mal. 

Mesmo na actualidade podia-se melhorar os aspectos de circulação com uma postura de trânsito em sentido único a envolver a Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna e Rua de Santo António, mas tal obrigaria à sua requalificação, com alargamentos e pavimentações e o poder local agora organizado numa mistura incaracterística de freguesias, cada uma a olhar para o seu próprio umbigo, não tem estado para aí virado, apesar de na Rua de Santo António, a nascente da capela, os proprietários terem chegado a acordo para ceder terreno para o alargamento o que em muito beneficiaria o local e a circulação, sobretudo em dias de eventos, tanto mais que mesmo que a meio gás,  por ali vai estando de portas abertas o Centro Cívico. 



De lá para cá, as juntas que se sucederam não deram importância ao local e as obras estagnaram e muito há a fazer. De minha parte, enquanto membro da Junta, elenquei o local como palco de intervenção e requalificação, mas, para meu desalento e decepção, sem êxito. Fala-se, agora, que estão previstas intervenções nos pavimentos e passeios, mas o mandato vai a meio e para já nada, nem sequer limpeza. Mas haja esperança porque o dinheiro quando não se gasta deve andar por algures.

Mas estas são histórias que já não são lembradas e seria bom que procurássemos saber a origem das coisas e das suas raízes. E esta do arraial do Monte do Viso tem uma, ou mesmo várias. Por aqui, aos poucos, vamos tentando contá-las, a quem interessar.