21 de setembro de 2023

Fruta da época e os senhores Necas

O senhor Manuel Alves, o nosso Nequita, apesar dos seus já 90 e picos, ainda vai à missa, a conduzir e leva com ele a esposa, a senhora Tina. É bonito, caso raro e contrasta ou acentua a cada vez mais notória ausência de jovens e adolescentes que, desobrigados daquelas celebrações da catequese que ainda vão tendo enquanto são menores, pouco mais que crianças e ainda guiados pelas mãos dos pais, deixaram de frequentar a igreja. Mas isto nada tem de falso moralismo porque eu próprio tenho cá em casa um exemplo dessa ausência que caracteriza a juventude, mesmo considerando que, no caso, tem um turno de trabalho (nocturno) que não ajuda. Mas nestas e noutras coisas, como os outros, é de maior idade, livre e decide por si próprio.

Seja como for, são sinais dos tempos e parece-me (cá está este pessimismo de quem já não vai para novo) que mesmo com o êxito da recente Jornada Mundial da Juventude que refrescou de juventude as nossas paróquias e o país, com mais de um milhão e meio a desaguar no Tejo em Lisboa no início de Agosto passado, em rigor pouco vai inverter esta tendência. 

Mesmo o nosso e os outros grupos de jovens ligados à Igreja e ás paróquias, sendo que formados por bons rapazes e raparigas, em rigor pouco acrescentam à diversidade etária das assembleias nas nossas missas porque quase sempre estão ausentes. De resto, tirando um ou outro momento, têm pouco tempo para participar porque a escola, a universidade e já responsabilidades profissionais, deixam pouco tempo para a  assiduidade, mesmo que dominical.

É o que é, mas, sem falsos moralismos, não vejo como inverter. Os novos tempos têm novos desafios e excelentes oportunidades, mas com eles perdem-se também bons velhos hábitos. Boas excepções sempre haverá, aqui e em todo o lado, mas já não são regra.

Assim, ainda bem que ainda temos a juventude de alguns senhores Necas para contrabalançar esta realidade. Sem ironias.

Passeio Sénior 2023

 


Decorre neste dia 21 de Setembro o evento convívio "Passeio Sénior" da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande. 
Os diferentes autocarros partiram pelas 08:00 horas neste dia chuvoso (pouco a propósito) e terão como destino a Quinta do Cruzeiro em Caminha onde decorrerá o convívio com almoço e depois um lanche ajantarado antes do regresso ao final da tarde.

20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

Desconsolo


Chegavas num dia de sol morno,

De flores estivais ainda perfumadas.

Ainda a sentir-se o aroma de frutos maduros

Já com as andorinhas olharem a sul.


Com um molho de rosas tardias, todas brancas,

Um sorriso com a largura de um raio de sol,

Numa ânsia quase infantil, desmesurada,

Fui ao ponto da tua partida e chegada,

E esperei minutos que foram horas.


Na chegada, chegaram muitos, partiram outros,

Todos num vai-e-vem pesado, apressado,

Mas tu não chegaste, talvez porque nem partiste.


Ainda esperei que a multidão se dissipasse

E como nos filmes surgirias na nuvem de vapor,

Mas não! Não estavas lá, porque não vieste.


O céu já não era azul límpido, mas cinzento;

Não sei se lágrimas, mas chovia no meu rosto;

As andorinhas já tinham partido sem adeus;

A fruta caía de podre numa mortalha de folhas frias;

As rosas, já murchas, tinham a palidez do desencanto;


Serão assim as esperas por gente que não chega,

Um desalento cheio do vazio da solidão?

Pior a espera por alguém que não chega,

Que a dor do adeus por quem de partida.


Na partida diria: – Adeus, amor!

Mas quando não se chega, 

Há uma espera desesperada,

Um olá amor, que se não diz, 

Um sorriso que não se abre,

Um abraço que não se envolve,

Um coração frio que não arde,

Um beijo que não encontra calor

Numa boca sedenta de saudade.



AA-20092023

19 de setembro de 2023

Certinhos e direitinhos

Lá vamos andando rotinados

Por caminhos já percorridos,

Com curvas já  antecipadas,

Sem destino que surpreenda,

Nem o vão  risco dos atalhos.


No fundo, certinhos, ensinados,

Sem esgares de surpreendidos.

Como sendo tudo favas contadas,

Em que se almeja obter a prenda

Por se escapar a fúteis trabalhos


Somos vagões vazios, a deslizar

Numa planura dócil que desmotiva;

Basta, tão só, alguém a empurrar,

Que não precisamos de locomotiva.


AA-18092023

Rua de Trás-os-Lagos, assim não

Cansei-me de circular pela Rua de Trás-os-Lagos, estrada que utilizo de e para o trabalho, 4 vezes ao dia. Ter que transpor todas aquelas valas cada vez mais fundas é investir na conta do mecânico. Vou usar um percurso um pouco mais longo, mas terá que ser. 

Independentemente dos motivos e pretextos para esta situação, e de quem é a competência e a responsabilidade pela conclusão da obra, e compreendo todas as equações, parece-me que não é a melhor forma de trabalhar nem de tratar os contribuintes. Meio ano após a abertura e tapamento das valas sem que se proceda à repavimentação, que mais não seja apenas das próprias valas, parece-me exagerado, com natural prejuízo para os moradores.

Importa que a situação seja resolvida, digo eu.

Parentescos familiares - Português-Inglês



Pai - Father

Mãe - Mother

Filho - Son

Filha - Daughter

Irmão - Brother

Irmã - Sister

Avô - Grandfather

Avó - Grandmother

Neto - Grandson

Neta - Granddaughter

Tio - Uncle

Tia - Aunt

Primo - Cousin

Prima - Cousin (female)

Sobrinho - Nephew

Sobrinha - Niece

Marido - Husband

Esposa - Wife

Cunhado - Brother-in-law

Cunhada - Sister-in-law