23 de setembro de 2023

Património e cozinha de tradição

 














































Por terras de Lousada e Paredes - Património e cozinha de tradição e classe. 

Centro de Interpretação do Românico


Num belo Sábado de princípio de Outono, uma visita ao Centro de Interpretação do Românico em Lousada. De autoria dos arquitectos Henrique Marques e Rui Dinis, pretende ser a definição de um conceito baseado nas “características do românico da região”: “a unidade dentro da diversidade”. Segundo os autores "...foi concebido com o intuito de remeter as pessoas, “ainda que de forma contemporânea, para as sensações que têm ao entrar dentro de uma das igrejas do românico,  pela escala, geometria dos espaços e da planta, altura, conseguindo-se assim transmitir a diversidade e representatividade de tudo o que a rota do românico oferece.

Para além da visita ao centro, ainda nela a decorrer uma exposição de aguarelas da autoria de António M. Silva, com uma mostra constituída por 58 trabalhos, um por cada monumento da atual Rota do Românico.

Concebida em duas fases (2006 e 2012/13), esta exposição temática tem vindo a percorrer, desde então, todo o território abrangido pela Rota do Românico, nos vales do Sousa, Douro e Tâmega.

António M. Silva nasceu em 1960 na freguesia de Arcozelo, no concelho de Vila Nova de Gaia. Desde jovem trabalhou em artes gráficas, como desenhador, tendo frequentado a Escola Artística de Soares dos Reis. Tem-se dedicado maioritariamente à pintura, com notada preferência pela aguarela.





























22 de setembro de 2023

Novas leituras - J. Rentes de Carvalho

 


Chegou a tempo o "Tempo Contado", a  mais recente aquisição literária de J. Rentes de Carvalho, o transmontano mais holandês de Portugal. 

Na forma de diário, fragamentos de leitura muito profundos. Ainda há vários títulos do autor em lista de espera mas este é o terceiro cá na minha estante.

21 de setembro de 2023

...estás tolinho!

Já não sei o que faça. Ontem, ao passar por ele em passo de corrida, e não querendo parar, não por desconsideração mas para não perder o ritmo, o meu amigo Carlos Cruz ali no ecoponto de Fornos cumprimentou-me com um "...estás tolinho!". 

E porventura, concordando, devo estar mesmo tolinho por já com esta bonita idade andar por estas nossas estradas e caminhos a correr, não a treinar para corridas a sério, que isso é coisa para campeões, com provas marcadas a cada semana e que pagam para nelas participar, mas apenas para ter algum controle de peso, pois este descontrola-se mesmo que ande só a pão e água. Caprichos dos metabolismos, dizem-me.

Mas o problema destas coisas, destas tolices, é que dá a impressão a alguns, incluindo ao Carlos, que isto de me verem a correr é coisa de agora e de modas. E não é, de todo,  já que corria em solteiro, e mesmo já depois de casado, e só não com a frequência de agora porque com problemas estruturais que me faziam desistir, a ficar-me pelo futebol, e volta e meia voltar a retomar.

Também joguei futebol de salão semanalmente durante mais de 20 anos e pelo menos há 15 anos a pedalar com regularidade por montes e vales arouquenses e arredores, a subir freitas, bonecas e camoucos, enfrentando subidas de 15% ou mais. Para além da fininha de estrada, mesmo de BTT, com o Luis B (outro tolinho com que me cruzei ontem) andei alguns anos a correr tudo quanto é caminho e mato pelas redondezas. Ou seja, esforcei-me para não desmazelar a actividade física mas sempre sem preocupações de grandes feitos e sem qualquer espírito competitivo que me faça sequer sonhar em participar em qualquer uma das milhentas provas, porque, desde logo, quem andou não tem para andar.

Mas sim, alternando com bicicleta e caminhada tenho corrido com regularidade há quase ano e meio, sem qualquer preocupação de ritmos e tempos, que nem sempre registo, mas percebendo que com a minha idade e ainda o com o meu peso, acima do que devia saudavelmente pesar,  não faria má figura ao lado de alguns campeões bem mais novos e mais leves.

Mas feito o desabafo e a explicação, o Carlos teve a consideração certa e que a maioria pensa, porque na realidade eu e muitos vamos andando por aí a correr, a queimar calorias, umas vezes ao sol outras à chuva, parecendo "tolinhos", quando é bem mais fácil ficar parado, quando muito a aventurar a as umas curtas caminhadas nos passadiços a ver a beleza que passa como em Ipanema, e a evitar desníveis que façam soltar a língua de fora. 

Sendo assim, lá vamos andando, correndo e saltando, mesmo que com ares de "tolinhos", pelo menos até que os ossos, digam: -parou, parou, parou!

Festa, hoje há festa...

Pode ser apenas uma percepção minha, mas verifico, e não é naturalmente só no nosso município e nas nossas freguesias, que as autarquias gastam cada vez mais dinheiro em eventos notoriamente recreativos, em que se aliam a dita gastronomia, na forma popular de comes-e-bebes, com programas musicais, supostamente para todos os gostos mas tantas vezes sem gosto nenhum, mas de modo geral com grandes gastos. Para além disso, muito dinheiro dos escassos orçamentos são também canalizados como apoios para eventos desportivos, nomeadamente corridas, que agora são mais que as mães, msmo aquelas, quase todas, promovidas com fins lucrativos.

Admito e compreendo que o recreio, o lazer e a actividade desportiva são importantes e fundamentais, mas dá para perceber que começa a haver algum desequilíbrio entre as necessidades de pão e circo e outras que realmente melhoram o quotidiano e as condições de vida das pessoas, nomeadamente ao nível das nossas estradas, equipamentos, apoios sociais, etc.

Veja-se, ainda agora a Câmara Municipal de Arouca vai gastar, creio que li ou ouvi, 400 mil euros, para as Feira das Colheitas que terão lugar neste próximo fim-de-semana. Todavia, e como paradoxo, eu que percorro de carro e bicicleta muito desse belo concelho, há ainda estradas que são óptimos caminhos de cabras, por isso em muito mau estado e ainda com redes públicas de águas e saneamento a não chegar a grande parte das fregusias. Por conseguinte, poupa-se na requalificação de estradas mas traz-se à praça uns tais de Calema, Pedro Mafama e outros. O povo até é chamado a escolher os artistas, por isso tudo muito democrático.

Claro que Arouca aparece aqui como mero exemplo, porque cá pelo nosso concelho a coisa não fica por menos, nem nos demais. Todos tendem a copiar e aplicar a receita porque hoje em dia estas coisas têm repercussões nos mídia e redes sociais. Justificam-se com um certo senhor "retorno económico"  mas na realidade é daquelas coisas que se atiram para o ar porque regra geral esse senhor fica-se por um grupo priveligiado de grupos e empresas que acedem a esses espaços. No geral, no bolso das populações, não cai um cêntimo que seja desse "senhor retono".

Mas é isto e é assim porque, percebem os diferentes autarcas, são medidas populares, popularuchas e com elas ganha-se simpatia e depois os votos quando chegar a hora. Por conseguinte, a velha fórmula do tempo dos romanos de manter a populaça satisfeita ainda reside no pão e no circo. Ontem como hoje as coisas pouco mudaram a este nível.

Em resumo, tudo é importante, incluindo o pão e o circo, e também gosto, mas importa que as autarquias não padeçam da tentação do desequilíbrio e gerando paradoxos, ficando-se apenas pelo que é popular. Esse equilíbrio não é fácil, pois não, mas na dúvida ganha o que em cada momento parecer mais popular.