9 de outubro de 2023

Trocam-nos as voltas e a torre


Em 1998, era presidente da Junta de Freguesia de Guisande o Celestino Sacramento, então com a jovem idade de 48 anos, quando uma certa empresa fez publicar uma revista sobre as freguesias do concelho, onde se integrava Guisande. No fundo, não eram nem foram novidades as empresas que viviam e vivem essencilamente de negócio de angariação de receitas de publicidade e usam como motivo e pretexto a divulgação das terras. Marketing publicitário.

Em princípio é um negócio como outro qualquer, mas tantas vezes, feito de forma muito ligeira e se não completamente sem rigor, pelo menos com algumas imprecisões e asneiras, algumas até grosseiras.

Neste caso, e num exemplar que até pode ser visualizado no serviço online da Biblioteca Municipal, a nossa igreja matriz, então com a alameda frontal ainda a cheirar a novo, porque realizada uns poucos anos antes, foi retratada, imagine-se, com a torre sineira ao contrário, por isso do lado sul. Asneira da grossa mas, tanto quanto se saiba, não foi feita edição a rectificar e até presumo que poucos terão dado pelo erro crasso. Porventura um sorriso e a velha desculpa que assim a coisa é mais reparada.

Apesar disso, por esses tempos com as internetes ainda a dar os primeiros passos em Portugal e acessível a poucos, por isso ainda fora do horizonte dos meios fáceis e generalizados com que hoje divulgamos as nossas coisas, as juntas de freguesia, num modo geral, alinhavam facilmente nesses negócios de marketing publicitário, porque viam nisso uma forma de divulgar as suas realidades. Houve até negócios a envolver encomenda de pratos e travessas com estampagem dos elementos considerados mais significativos, como a igreja, a capela, etc. e que a poucos, presumo, interessou e que não passam de pingarelhos com qualidade artística duvidosa e sobretudo sem qualquer função. Ainda devem andar pela sede alguns exemplares. 

Outra asneirola da referida publicação, diz que Guisande tinha 3780 quilómetros. A serem quadrados seríamos um pequeno país, mesmo maior que o Luxemburgo. Mesmo que usassem a vírgula ou o ponto a seguir ao primeiro algarismo, ainda continuava a asneira mesmo que já menos grosseira.

Por outro lado constatam-se as vicissitudes do tempo e a prova provada de que o que hoje é uma verdade amanhã pode ser uma valente mentira, uma nova realidade ou algo anacrónico. Veja-se que o nosso presidente enaltecia e vangloriava-se, com razão, de então ter sedeada em Guisande uma das maiores empresas de construção do concelho da Feira. Contudo, o tempo passou, a coisa foi ao charco e os tais "muitos empregos" que de guisandenses nunca passaram de poucos, cairam no desemprego. Durante anos foi um elefante branco (azul)  nascido na completa ilegalidade e permissividade de autoridades, e subsistiu como um monumento às consequências de se dar passos maiores que as pernas. Actualmente já mexem por lá algumas empresas mas os guisandenses nelas empregados contam-se pelos dedos de uma mão e sobram dedos. Em conclusão, os ganhos económicos de tal coisa para a freguesia foi absolutamente zero. Os impactos negativos, com a poluição da ribeira e ocupação de terrenos da reserva agrícola, esses foram muitos, mas em nome desse efêmero interesse económico fecharam-se olhos, taparam-se ouvidos e igoraram-se leis e regulamentos e a coisa foi andando como se tudo estivesse em conformidade.

Em resumo, estas coisas vistas à distância, e parecendo que não, passaram já 25 anos, acabam por ser nostálgicas e vistas até com um sorriso. Não fose coisa séria e até daria para rir. 

Quanto aos efeitos do tempo, basta ver as fotos que ilustram a publicação, o Celestino com um ar ainda jovem e o meu tio Neca, que neste Sábado completou 100 anos de vida, então ali ainda com os seus 75 anos, encostado ao cruzeiro no monte do Viso e de serrote a tiracolo.

Bons tempos em que éramos felizes e não sabíamos, mesmo que a trocarem-nos as voltas e até a torre da igreja.

Vale o ser


Não! Não há volta a dar

Nas voltas que a vida dá

Se nelas não houver doação.

Todo o rio precisa de mar.

O futuro anseia o amanhã,

Vive a fé da sentida oração.


Que importa ao homem ter

Riqueza, honras como herança

Se não tiver como as repartir?

Mais do que ter, vale o ser

Como pura, inocente criança,

No seu berço, serena, a dormir.

Rua de Trás-os-Lagos, reposição do pavimento

Já expressamos por aqui a dificuldade em compreender o facto da Rua de Trás-os-Lagos, aqui em Guisande, estar há tanto tempo sem ser repavimentada, pelo menos nas valas resultantes da colocação dos ramais das redes de águas e saneamento. Em rigor foi pelo menos meio ano após a colocação das redes.

A meu ver, tecnicamente nada justificou este atraso e transtorno para os moradores afectados e a dona da obra, presumo que a Indáqua ou Câmara Municipal, devia exgir responsabilidades ao empreiteiro pela longa demora na reposição dos estragos. Não creio que tenha contratado apenas meio trabalho. 

Eu próprio não fui dos mais penalizados porque com a habitação no troço não intervencionado, mas deixei de nela circular, pois quatro vezes ao dia atravessar aquelas valas fundas era despesa garantida na oficina automóvel.

Finalmente, começaram a repor a situação, estando, à data, parte das valas já repavimentadas. Ainda bem mesmo que peque por tardia.

Em todo o caso, tal como a perpendicular, a Rua da Zona Industrial, está a precisar de uma repavimentação geral, porque degradada, sobretudo no entroncamento com a Rua Nossa Senhora de Fátima, mas isso, parece-me, não será seguramente para já. É esperar!

Tio Neca - 100 anos


Completar um cento de anos de vida é um dom que Deus concede apenas a poucos e com ainda alguma capacidade de sorrir, ainda a menos. Uma benção dessas calhou ao meu tio Neca Almeida.

É certo que se a idade não tem medida, tem seguramente peso e por isso esperar que o tio Neca ainda fosse capaz de dançar um vira ou de manter um diálogo coerente e lúcido era pedir demais. A sua audição, ou falta dela, também não ajuda a qualquer comunicação.

Se ainda tem dias em que a memória, como num denso mar de água, ainda vem à tona respirar sofregamente e ser capaz de identificar quem se apresenta na sua frente, hoje, porém, talvez pela ida ao barbeiro, deixou-o mais distante das memórias e dos rostos de quem durante uma vida se habituou a partilhar e a rever. 

Ainda assim, o sorriso a acompanhar uma cantoria cuja melodia e letra só ele sabe onde compostas.

Mas teve a sua festinha onde conseguiu soprar as velas. Não as 100, porque não caberiam no bolo, mas uma sobre cada algarismo.

No fundo ficamos com a alegria de saber que naquele espaço está bem tratado e cuidado, com uma equipa de colaboradores dedicados e em boas instalações.

 Obrigado a todos, para além dos vários sobrinhos, que tiveram a oportunidade deste simples mas significativo momento.

Obrigado ao Sr. presidente da União de Freguesias, David Neves, e sua colaboradora, por também se associar com genuíno interesse a este momento, que é naturalmente privado e pessoal mas simbólico para toda uma comunidade. Afinal é o seu elemento mais velho, de todos entre todos.

Obrigado ao meu irmão Adérito e minha cunhada Madalena que em muito têm feito pelo nosso tio, no que toca a dedicação e cuidados. Tivesse ele filhos e não seria garantida melhor dedicação.

Parabéns, tio Neca! Talvez, quem sabe, lá no fundo do espaço misterioso que nos rodeia e nos faz seres humanos, de algum modo consiga percepcionar a importância deste dia e desta data.

Os que virão pouco interessa, desde que permitidos por quem rege os mistérios insondáveis da vida.















Nota posterior:

A todos quantos sentidamente expressaram pelo Facebooke por mensagem privada os parabéns pelos 100 anos de vida do meu tio Neca, em meu nome e dos demais familiares e naturalmente dele próprio, quero transmitir o agradecimento. 

É certo que como comunidade vamos andando cada vez mais dispersos e alheados do essencial e muito voltados para nós próprios, mas importará sempre guardar uns segundos a olhar para os demais, sobretudo para os mais velhos e que ao longo dos anos e das gerações, cada um no seu lugar,  ajudaram a tecer a teia que é uma comunidade. Mesmo que em rigor não os conheçamos ou há muito tempo que não os vejamos.

Não devemos esquecer o nosso passado e o passado dos nossos nem, sobretudo, trocá-los por coisas que, parecendo espampanantes, espremidas não valem um centavo furado.
Obrigado a todos quantos compreenderam esse sentido primordial do respeito e carinho para com os nossos anciãos e que neste caso em concreto o expressaram aqui.

8 de outubro de 2023

Lua quase cheia

 


Lua quase cheia. Captada na noite de 2 de Outubro. Na realidade, não quase cheia porque já em progresso para Quarto Minguante, por isso a emagrecer.

Captura sem tripé, pelo que, naturalmente, com perda de alguma definição.

Catequese em Guisande - Ontem e hoje

 


Ontem, Sábado, 7 de Julho, a comunidade paroquial de Guisande passou um pouco ou mesmo muito ao lado do centésimo aniversário do seu mais velho cidadão vivo, mas nem sempre a estas coisas é marcado aquele bocadinho de merecimento, mesmo que na ondulação da brisa dos dias. Falta-nos, no geral, alguma poesia para ver em algo centenário um pouco mais para além do óbvio.

Também ontem na missa das 17:30 horas, animada musicalmente pelo Grupo de Jovens de Guisande, aconteceu a simbólica apresentação e o envio do grupo de catequistas e sua distribuição pelos diferentes anos de catequese. Como muito bem referiu o pároco Pe. António, este grupo de catequistas não é composto por pessoas suas funcionárias nem criados ou criadas dos pais dos catequisandos, mas antes colaboradores. 

É pois, de louvar e enaltecer quem, privando-se de algum do seu tempo pessoal e familiar, semana após semana, encontra tempo, espaço e dedicação para assegurar o serviço de catequese às nossas (cada vez menos) crianças.

Infelizmente, sem paninhos quentes e falsos moralismos, bem sabemos que a catequese enfrenta também os sinais dos novos tempos e são já muitos os pais que consideram ser a catequese um frete e que sem qualquer problema dispensam os seus filhos dessa hora semanal de convivência, orientação moral e cívica. Preferem levá--los aos treinos e jogos do futebol ou qualquer outra coisa de lazer. Um pleno e legítimo direito e não é por isso que são piores ou melhores que os demais. Apenas opções e no uso de liberdades, direitos e garantias. De resto, já ninguém quer o esforço de semear e plantar para depois colher. Numa sociedade consumista, queremos já  comprar pronto a consumir, sem o trabalho de semear e colher. Por conseguinte, a jusante, nem sempre os frutos são bons e até, tantas vezes, podres, mas é o que é e cada um faz como muito bem entende. 

Todavia, apesar destes novos tempos tão singulares, importa valorizar ou pelo menos relembrar o importante papel que a catequese sempre teve na nossa paróquia e que de algum modo ajudou a modelar positivamente várias das nossas gerações. Por exemplo, na foto acima, vê-se o retrato de um grupo de catequese no ano de 1974. Era catequista a Sr.ª Aida Almeida (que não tendo sido minha catequista, ajudou-me na aprendizagem da doutrina para a comunhão solene).

Alguns do grupo. embora de uma geração anterior à minha, consigo identificar, mas deixo essa tarefa para outros ou mesmo para os felizes retratados. Digo felizes porque são escassas as fotografias relacionadas à catequese por esses tempos.

7 de outubro de 2023

Centenário - Ti Neca do Viso


Manuel Joaquim Gomes de Almeida, ou familiarmente o Ti Neca do Viso, completa 100 anos de vida neste dia 7 de Outubro de 2023. Detém desde há vários anos, o estatuto de ser o homem mais velho da nossa freguesia de Guisande. É meu tio, irmão do meu pai.

Nasceu, pois, no mesmo dia e mês do ano de 1923 em Cimo de Vila, naquele casarão mesmo por detrás da capela do Viso.


Certidão de nascimento/baptismo

É filho de Joaquim Gomes de Almeida, nascido em 27 de Abril de 1885 e falecido em 23 de Dezembro de 1965) e de Maria da Luz , nascida em 18 de Novembro de 1890 e falecida em 1967.

Pelo lado de seu pai é neto de Raimundo Gomes de Almeida, nascido a 19 de Janeiro de 1849 e falecido em 10 de Dezembro de 1905, e de Delfina Gomes de Oliveira (esta de Casal do Monte - Romariz), nascida em 19 de Julho de 1859 e falecida em 15 de Fevereiro de 1934. Pelo lado de sua mãe é neto de José Joaquim Gomes de Almeida e de Maria da Conceição de Jesus. 

Pelo lado de sua mãe é neto de Domingos José Gomes de Almeida (falecido em 1894)  e de Joaquina Rosa de Oliveira (falecida em 1884). Pelo lado de sua mãe é bisneto de António Joaquim Gomes de Almeida e Joaquina Antónia de Jesus.

Pelo lado da sua avó paterna, é bisneto de António José de Oliveira e Maria Joana Rodrigues e de Manuel José Rodrigues e de Maria Rosa.

Pelo lado do seu pai é trineto de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de São José Gomes Loureiro. Ainda pelo lado se seu pai e tetraneto de Domingos Francisco de Almeida Vasconcelos e de Clara Angélica Rosa, (estes de Mafamude-Vila Nova de Gaia) e pentaneto de Manuel Francisco da Trindade e de Maria de Almeida (estes da cidade do Porto).

Pela ramificação familiar acima descrita, percebe-se que tanto pelo lado do pai como da mãe tinha antepassados comuns. Por conseguinte, os seus pais eram primos em grau afastado. Ou seja, os bisavôs de meu Tio Neca, tanto pelo lado do pai como da mãe eram irmãos (Domingos José Gomes de Almeida, nascido em 22 de Março de 1813,  e António Joaquim Gomes de Almeida, nascido em 1820).

O meu Tio Neca teve vários irmãos, sendo ainda viva a Laurinda, a mais nova da prole, também a caminho dos 100 anos. Já partiram a Delfina, o José, o António (meu pai), o Joaquim José e a Maria Celeste.

Houve ainda uma primeira Laurinda que faleceu pouco depois do nascimento.

Foi seu padrinho de baptismo o Sr. Manuel Moreira da Costa, da casa Moreira do lugar de Trás-da-Igreja (Igreja), de quem dizia que uma vez recebeu de prenda uma pata. Foi sua madrinha Josefina Gomes de Oliveira, do lugar do Viso.


Os pais do meu tio Neca (meus avôs paternos), Joaquim Gomes de Almeida e Maria da Luz.



Não sabemos quantos mais anos tem Deus reservados para o meu Tio Neca. Serão os que forem. Para já encontra-se bem, no Lar da Misericórdia, em Arouca, estando bem tratado e cuidado. Sempre alegre, risonho, a brincar com o sobrinho Adérito o qual desde há anos é o seu principal companheiro, seu ajudante e em grande medida cuidador. Sempre bem disposto embora já com a memória por vezes a dar sinais da longa idade, mas no geral, mesmo que com os naturais problemas de mobilidade, ainda bem de saúde. Que Deus o conserve por mais anos se for essa a Sua vontade!

Ainda hoje, depois do almoço, alguns de nós contaremos estar com ele em Arouca para com um bolo celebrarmos o centenário.