22 de outubro de 2023

Entrevista de Elísio Mota - Factos e curiosidades


Em Setembro de 1982, o saudoso Elísio Mota, então presidente do Centro Cultural e Recreativo "O Despertar" de Guisande, concedeu uma entrevista ao jornal "O Mês de Guisande", traçando um resumo da história e actividades da associação. 

Falou da origem do nome "O Despertar", falou da actividade da secção de teatro e das actuações com sucesso nas freguesias de Vila Maior e Milheirós de Poiares e do subsídio recebido da Câmara Municipal da Feira (7.440,00 escudos anualmente).

Enalteceu o espírito de camaradagem que se vivia entre os elementos do grupo e a sua vontade de fazer coisas pelo desenvolvimento da freguesia, até aí estagnada no movimento associativo, cultural e recreativo e o desporto resumido ao futebol.

Falou igualmente da realização da Festa do Emigrante em 1977 com  a organização de um prova de atletismo em diferentes escalões e que reuniu 500 atletas. Falou da atleta que então estava inscrita na Federação (a Isaura Lopes). Falou dos muitos troféus, taças  e galhardetes conquistados pelos atletas de "O Despertar" em várias provas de atletismo.

Abordou o evento das Mini-Olimpíadas concelhias e a participação da associação no mesmo, que por esses tempos tinha muita importância concelhia. Posteriormente a associação viria a conquistar inúmeros troféus e pódiuns nessas provas.

Falou também dos projectos que tinha em mente para a promoção de outras disciplinas desportivas (como basquetebol, andebol e voleibol) mas que para tal ser possível faltava um rinque polidesportivo ( o que só veio a concretizar-se vários anos mais tarde e mesmo assim não coberto e que hoje está abandonado e degradado).

Bons tempos. Infelizmente, factos já um pouco ou totalmente esquecidos, que importa, digo eu, relembrar aos mais novos que, naturalmente, por razões óbvias não se lembram nem deles têm memória.

21 de outubro de 2023

Trail do Viso - Inscrições esgotadas

A organização do Trail do Viso comunicou que o limite imposto para  as inscrições foi atingido ainda antes do prazo concedido, tanto para a prova de trail (16 Km) como para a caminhada (8 Km), o que demonstra a boa aderência dos amantes deste tipo de provas.

Como anteriormente noticiado, será já no próximo Domingo, 29 de Outubro, no monte do Viso. O evento abre portas às 07:00 horas e até às 08:30 decorre o levantamento dos kits de participação. Depois pelas  09:00 horas será dada a partida para a prova de trail  e 15 minutos depois inicia a caminhada.

Parabéns à organização, à equipa do Guisande Trail Running, pelo esforço e preparação do evento.

Nota de falecimento


Faleceu Iria Santos da Conceição Mota, natural de Gândara -  Guisande, e que de há anos vivia em Lisboa. Nasceu em 29 de Julho de 1927, pelo que tinha 96 anos. Era viúva de Reinaldo Ferreira da Mota.

Irmã de alguns guisandenses, nomeadamente a Elvira, a Conceição, esposa do Sr. Arménio e mãe do Artur Costa, a Isaura, esposa do Belmiro Lopes, o António, o Alcides José e o Manuel, estes dois últimos já falecidos.

Não temos grandes pormenores sendo que, ainda de forma não oficial, temos a indicação de que o  funeral será amanhã, Domingo, 22 de Outubro de 2023, pelas 11:30 horas  em Guisande, sendo sepultada no cemitério local. 

Actualizaremos esta nota e confirmaremos logo que tenhamos dados oficiais.

Sentidos sentimentos a todos os familiares. Que Deus, que lhe deu a graça de uma vida longa,  a tenha em eterno descanso.


Actualização posterior: Confirma-se a data e hora do funeral.

20 de outubro de 2023

Não gosto do mar, pronto


Tenho uma paixão pelos rios mas não tanto pelo mar. Nunca gostei dessa massa monstruosa, caminho ondulante de embarcações e marinheiros, sempre em tempestade e raramente em bonança. Tragou ao longos dos tempos, desde que o homem em frágeis canoas se aventurou a passar da orla das praias, uma infinidade de gente, em exploração, em recreio, em trabalho, em guerra. Quantos corpos e esqueletos de embarcações jazem nas suas profundidades?  Mas, em contraponto, tenho um fascínio pelo mesmo, mesmo que apenas de relação apenas visual e poética.

Como dizia Pessoa, 

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Apesar do significado profundamente poético, a verdade é que o mar nunca foi nosso nem de ninguém, porque indomável. 

Na praia, que todos gostamos quando os calores apertam, basta-me que me chegue aos tintins. Mesmo que fosse um exímio e intrépido nadador não arriscaria mais do que a distância de sentir os pés em terra e mesmo assim, di-lo a experiência, é demasiado risco. Mais vale um cobarde vivo que um corajoso morto, é sentença que aplica-se na perfeição na nossa relação com o mar quando toca a desafiá-lo.

Apesar disso reconheço a sua importância para a vida e para na Terra, da forma como regula o clima e todas essas coisas mais ou menos aprendidas nas escolas. 

Mas mesmo assim, a relação do homem com o mar, com o oceano vasto, foi sempre temerosa, de respeito. Alguns, muitos, dizem que de fascínio, quase de enfeitiçamento, mas mesmos esses, não raras as vezes, pagam com a própria vida essa ligação.

Há coisas assim, tão grandes, imensas, que a nossa relação com elas ou é de fascínio ou temor, porque um e outro estão sempre interligados.

Assim em jeito de análise, algumas considerações por essa nossa contradição permanente em relação ao mar, ao oceano.

O fascínio e o temor pelo mar ou oceano são sentimentos profundos e contraditórios que têm fascinado a humanidade ao longo da história. Esses sentimentos reflectem a complexidade e a imprevisibilidade dos mares, bem como a profunda ligação entre os seres humanos e a água.

Fascínio:

1. Beleza natural: O oceano é conhecido por sua beleza impressionante, com suas vastas extensões de água azul profunda, praias de areia branca e uma rica diversidade de vida marinha. A beleza natural do mar muitas vezes atrai as pessoas para a costa e as inspira.

2. Mistério e descoberta: O oceano cobre grande parte da superfície da Terra e, no entanto, grande parte dele permanece inexplorada. As profundezas marinhas escondem uma infinidade de segredos e mistérios que a humanidade ainda não desvendou.

3. Fonte de recursos: Os oceanos fornecem uma abundância de recursos, incluindo alimentos, energia, minerais e até mesmo rotas de comércio. As atividades marítimas desempenham um papel fundamental na economia global.

4. Recreação e turismo: Muitas pessoas têm um fascínio pelo mar devido às atividades de lazer que ele oferece, como natação, mergulho, surf e passeios de barco. O turismo costeiro, os cruzeiros, também representam uma indústria significativa e em crescimento.

Temor:

1. Poder destrutivo: O mar tem o potencial de ser incrivelmente destrutivo, especialmente em tempestades e tsunamis. Inundações costeiras, erosão e perda de vidas são ameaças associadas ao poder do oceano.

2. Isolamento e solidão: No alto mar as pessoas podem sentir-se isoladas e solitárias, longe da civilização e da ajuda. Isso pode gerar sentimentos de temor e vulnerabilidade. Estes ingredientes foram motivo de obras literárias e de cinema como o Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, que explora as situações de naufrágio e sobrevivência em terras desertas e isoladas colocando o homem em extrema solidão e perante os elementos.

3. Desconhecido e incontrolável: A imprevisibilidade do oceano, com suas correntes, tempestades e mudanças climáticas, cria uma sensação de incontrolabilidade que pode causar ansiedade e medo.

4. Mitos e lendas: Muitas culturas têm mitos e lendas que retratam o oceano como um reino misterioso e habitado por criaturas sobrenaturais. Essas histórias contribuem para a aura de temor em torno do mar. São mais que muitos os seres míticos ou de ficção associados ao oceano como o Kraken, as sereias, o bíblico Leviatã, Kelpie, Moby Dick, o nosso Adamastor, etc.

5. Impacto ambiental: À medida que a humanidade compreende melhor o impacto das actividades humanas nos oceanos, como a poluição e a pesca excessiva, cresce o temor pelo estado de saúde dos ecossistemas marinhos e o seu futuro. As alterações climáticas, o degelo nos polos e a consequente subida dos mares e inundações de zonas costeiras estão na ordem do dia das preocupações da humanidade.

Em resumo, o fascínio e o temor pelo mar ou oceano são reflexos da complexidade e da dualidade desse ambiente. Enquanto o oceano inspira admiração por sua beleza e vastidão, ele também gera temor devido ao seu poder e à sua capacidade de desafiar o controle humano. Esses sentimentos continuam a influenciar a nossa relação com o oceano e a forma como o exploramos e o protegemos. Continuamos assim com uma relação de temor e fascínio.

Fotos com história


20 de Agosto de 1962 - Passam hoje 61 anos sobre o registo desta fotografia.

Da Sr.ª Lúcia, sobra a saudade. Que Deus a tenha! Do Ti Alcino, ainda por cá na caminhada da vida. Permitir-me-à que partilhe um momento que certamente foi de felicidade para ambos, então jovens, acabados de casar. Foi em 20 de Outubro de 1962, num Outono soalheiro. Por esses dias, estava eu a espernear,  para ver a luz dali a poucos dias.

Não deixa de ser curioso que o Ti Alcino esteja a abrir a porta do carrão conduzido pelo saudoso Ti Elísio Santos, que os aguardava, sabendo-se que na sua profissão, como ajudante de motorista e revisor da empresa de transportes de passageiros "Feirense", tenha, pode-se dizer, levado a vida a abrir as portas  a senhoras, como bom profissional e cavalheiro. Até mesmo nos muitos passeios de autocarro que organizou, ajudou tantas vezes a abrir as portas dos fundos para o assalto aos farnéis.

Gente nossa. Gente boa!

18 de outubro de 2023

PR7 - Nas Escarpas da Mizarela - Alguns olhares


Alguns dos muitos olhares captados na caminhada do PR7 de Arouca - Nas escarpas da Mizarela - Junho de 2021









Rio Caima e seus afluentes

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O rio Caima é um afluente da margem direita do rio Vouga.

Nasce no planalto da serra da Freita, na freguesia de Albergaria da Serra, concelho de Arouca, a uma altitude de cerca de mil e cinquenta metros, a leste da aldeia de Albergaria da Serra, reunindo águas de uma teia de pequenos ribeiros que se estendem do alto do Junqueiro, do lado norte até ao Cabeço do Serlei, do lado sul. 

Segundo alguns dados oficiais tem uma extensão de 50 Km mas por outras medições, incluindo a nossa, tem seguramente 56 Km. Tem um um traçado muito sinuoso e drena uma bacia hidrográfica com 196,4 Km2.

Os seus principais afluentes, da foz para nascente são:

Pela margem direita:

Ribeira de Vermoím, rio Vigues, ribeira de Fuste (ou de Sandiães), ribeira de Caimó (ou de Paço de Mato);

Pela margem esquerda:

Ribeira de Mouquim, rio Fílvida (ou ribeira de Dornelas), ribeira da Corga do Gavião, ribeira da Felgueira (ou de Telhadela), ribeira de Moscoso (do Cambalhão ou da Chã), ribeira das Cabras (ou da Cabria).

Tem ainda outros afluentes de menor importância, como pela margem direita:

Ribeiro de Salgueiros, ribeira do Malhó, ribeira do Trebilhadouro, ribeira de Função, ribeiro da Carvalheda, ribeira da Póvoa, corga da Mizarela, ribeira da Foz e ribeiro de Junqueiro.

Pela margem esquerda: Ribeira de Vale da Cal, ribeira das Corgas, ribeira do Pisão ou do Casal, ribeiro de Gatão, ribeiro de Vilar, ribeira do Viadal, ribeira da Castanheira, ribeiro de Cabaços, ribeiro da Portela de Anta.

Perto da aldeia de Mizarela despenha-se de uma altura de cerca de 75 metros, dando origem à popular queda de água conhecida por Frecha da Mizarela, considerada a mais alta de Portugal continental  mas inferior à Cascata do Aveiro (110 metros), localizada na ilha de Santa Maria, nos Açores. É também uma das mais altas da Europa.

O seu percurso, na sua primeira metade tem uma orientação predominante leste/oeste e depois do centro de Vale de Cambra, onde engrossa o caudal com as águas do rio Vigues, do lado norte, e do rio Moscoso, do lado sul,  inflecte para sul. Para além do concelho de Arouca onde nasce, passa pelos municípios de Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha. Desagua no rio Vouga na freguesia de Macinhata do Vouga,  junto à aldeia de Sernada do Vouga, um pouco a leste desta, já no concelho de Águeda.

No concelho de Vale de Cambra, na freguesia de Rôge, foi construída uma barragem a que se deu o nome do Eng.º Duarte Pacheco, então ministro das Obras Públicas, tendo entrado em funcionamento em 1940. É uma barragem de gravidade, em alvenaria, com uma altura de 28 metros acima da fundação e 20 m acima do terreno natural e tem um comprimento de coroamento de 66 metros formando uma passagem pedonal.

As águas desta albufeira, com uma capacidade útil para 330.000 m3 são essencialmente para rega dos férteis terrenos do vale do Caima, com um interessante sistema de levadas, designado de Canais de Rega de Burgães, que embora em grande parte já em desuso ainda possui troços a funcionar e que podem ser vistos percorrendo alguns dos belos trilhos pedestres que os acompanham.

O rio Caima é um interessante e importante rio, com biodiversidade e diversidade de características, como de planalto, montanha, correndo encaixado entre encostas abruptas da encosta poente da Freita, mas também corre em terrenos planos e férteis, nomeadamente na segunda metade do seu curso.

Frecha da Mizarela

Pontão junto à aldeia da Ribeira (abandonada)

Nota: O mapa com o rio Caima e seus afluentes é de nossa autoria. Direitos reservados.