28 de janeiro de 2024

Não há pachorra


Entre o que se vai passando na Madeira  dos Albuquerques e Calados, com os Cafofos já a aprontarem-se para um segundo round, e a campanha eleitoral nos Açores com Cordeiros e Bolieiros nos lados opostos da barricada, por cá também em pré-campanha, de um lado e doutro vamos ouvindo umas fogachadas, como se nós, eleitores, sejamos todos uma cambada de mentecaptos incapazes de distinguir certas coisas.

Por exemplo Pedro Nuno dos Santos, o neto do sapateiro, candidato a primeiro ministro pelo partido Socialista, diz que há cinco autoestradas (SCUTs) em que vai deixar de se pagar portagens no caso de o PS formar governo nas próximas eleições. E justifica-se de que os anteriores governos fizeram uma "maldade aos portugueses". E afirma-o com uma convicção tal que parece alheio ao facto do seu partido ter governado o país nos últimos 10 anos, dele fazendo parte, como se não fora tempo bastante para, logo no primeiro ano, concretizar o que uma década depois promete. Parece igualmente ignorar, ou esperar que não nos lembremos, que tal promessa havia sido já feita pelo seu correligionário António Costa em 2015 e que nunca foi cumprida. Realmente, uma maldade nunca vem só asim como a falta de memória.

Da esquerda à direita, passando pelos extremos, vamos assim assistindo a um bombardeamento de atoardas que mais do que incentivarem ao voto quando o calendário marcar 10 de Março, convidam, em boa verdade, à abstenção, ou então ir votar e nos boletins, em vez da cruzinha no sítio certo, desenhar uns manguitos ou uns erectos marsapos.

Não há pachorra!

Herança dos afectos

Sou resultado de um tempo e de uma educação em que o lugar a carinhos e outras expressões de afectos filiais ou de outra natureza, eram escassos ou distribuídos com parcimónia. De um filho esperava-se que, logo que com passos firmes, cabeça com entendimento  bastante para compreender e aceitar ordens e corpo capaz de suportar tarefas,  fosse mais um criado de servir a casa e ajudar na parca economia arrancada da terra, mitigada nas tetas de uma vaca ou nos ovos que se confirmavam com o mindinho estarem no cu da galinha. 

Era assim no tempo dos nossos pais e antes deles, dos seus e nossos avós. Por conseguinte de uns para os outros foi passando esta herança de poucos recursos incluindo os afectos. Não surpreende por isso que a muitos, a juntar à fome, miséria e trabalho duro, se somassem valentes coças, daquelas que enegreciam o corpo mas que, paradoxalmente, a dar forma ao ditado de que "o que não mata engorda", ajudavam a formar gente dura e resistente ou, como modernamente se diz, resiliente.

Decorre destas ideias de que no geral somos fruto do tempo e das condições dele em cada época da nossa história e sociedade. Uma macieira dá maçãs e uma oliveira azeitonas. É, se quisermos, a ordem natural das coisas e mesmo da natureza.

Pela parte que me toca e creio que dos meus, nunca houve fartura, daquela que mesmo hoje em dia qualquer classificado como pobre, dispõe e até esbanja se não for da sua medida e agrado, mas também nunca se passou fome, nem necessário foi andar descalço, roto e despido, mesmo que as roupas de uns se acomodassem a outros. E também nunca houve maus tratos e coças para além das que hoje em dia faltam por defeito para repor algum sentido de disciplina e responsabilidade. Os afectos esses eram expressos pela sopa com pão colocada na mesa, pela roupa lavada e remendada, por um brinquedo, mesmo que simples, num momento especial, pelo aconchegar a roupa na cama em dia de frio, pelo lugar ao lado da fogueira em noites de frio, pelo rato de chocolate pelo Natal, por uma amêndoa na Páscoa. O resto, abraços e beijinhos, esses eram interiores e não havia tempo para eles. Sentiam-se mutuamente numa centelha espiritual mas raramente física.

Quanto à mão estendida para rectificar a indisciplina, lá sabem agora os novos o que isso é? De resto ainda por estes dias foi notícia de que as autoridades apreenderam nas nossas escolas algumas dezenas de armas entre os alunos (e nestas coisas apenas uma pontinha do icebergue). Além disto, notícias de agressões, como ainda agora no Vimioso, e de alunos a professores, tornaram-se banais e inconsequentes. As escolas, convenhamos, são tudo menos exemplos de disciplina e boas maneiras e mesmo no que ao ensino diz respeito, basta atentar nos resultados, com serviços mínimos ou mesmo negativos. É o que é. Um burro nunca há-de ser cavalo.

Mas onde queria chegar? À questão da herança dos afectos. Se nesses tempos passados foi como resumi, e cada um terá a sua própria memória e experiência, no geral os que assim foram moldados e cresceram raramente são expansivos na  manifestação para com os seus. Não porque não os tenham ou sintam, mas porque os consideram como supérfluos ou mesmo inúteis. De resto os sentimentos na sua essência são invisíveis quanto mais profundos. Se um filho não chora ao lado do caixão de um pai ou mãe é porque a sua dor é interior daquela que dilacera por dentro. Ao contrário, sem qualquer ligação afectiva, é ver algumas carpideiras agarradas aos mortos ou aos vivos num choro e numa dor patéticas e desproporcionadas porque fingidas ou encenadas.

Os tempos mudaram e a avaliar pelo que se vai vendo, nomeadamente pelas redes sociais, parece que hoje em dia é que as pessoas sabem amar e ser carinhosas. É só paixão, amor e carinho, abraços e beijos a filhos, a amantes e namorados, juras de amor, algumas patéticas porque inconsequentes. Mas vive-se disto, destas aparências, e para mal dos nossos pecados no geral não passa de uma teatralização onde se espera que as plateias aplaudam demoradamente. É certo que não será por aqui que virá o mal ao mundo e nestas coisas é como a presunção e água-benta que cada um toma a que quer, mas o artifício, como o fogo dele, é sempre efêmero, mesmo que deslumbrante e colorido por uns lapsos de segundo.

Conselho Económico Paroquial - Nova equipa

Nas missas deste fim-de-semana, o nosso pároco Pe. António Jorge divulgou a composição do novo Conselho Económico Paroquial com mandato para o próximo quinqénio.


Presidente: Pe. António Jorge Correia de Oliveira

Secretária: Sara Patrícia Santos Conceição

Tesoureiro: Carlos dos Santos Almeida

Vogais:

Johnny Deivis Baptista de Almeida

Manuel Arménio Santos Moreira

Pedro Baptista Alves


Para além das responsabilidades correntes, face à necessidade de realização de obras, tanto na capela do Viso como na Igreja, e mesmo no salão paroquial, a euipa terá responsabilidades pela frente  pelo que desejamos votos de bom trabalho e colaboração mútua.

Quanto à qualidade e competência dos novos membros quanto às funções agora assumidas, será a sua acção a prová-las, mas, por princípio, creio que as têm.

Quanto à composição em abstracto, se me é permitida uma simples opinião, parece-me que seria importante e enriquecedor que dela, ou de qualquer outra similar, fizesse parte alguém mais velho, ou usando um moderno eufemismo, alguém senior, sobretudo experiente e conhecedor da matriz e de alguns dos valores identitários da nossa paróquia que foram cimentados ao longo de décadas. 

Em todo o caso, são sempre critérios e decisões que cabem apenas a quem tem essas responsabilidades. Importa é, no interesse geral, uma boa e transparente contabilidade e gestão dos dinheiros da paróquia de acordo com as necessidades correntes ou estruturais como obras de conservação e requalificação do nosso património paroquial.

Votos de bom trabalho!

27 de janeiro de 2024

Olhares - Espigueiros numa manhã de sábado

 


A minha alma é celeiro 

Onde te recolhi madura

Como grão primeiro

De uma ceifa pura.

Na essência do repartir

Foste à terra amante,

A germinar, a florir,

A dar fruto abundante.


AA-24012024

26 de janeiro de 2024

Há dias assim


Ele há dias em que damos connosco próprios a questionar do motivo do sentido da nossa existência, senão na vida, pelo menos naquele instante, tal é o peso da indiferença e o vazio que se sentem. Se estamos aqui já pensamos em estar ali, mas se lá chegados logo uma vontade de estar acolá e mais além e assim em todos os lugares e em lugar nenhum ou, numa divina ubiquidade, a de estar em todos simultaneamente. Mesmo se nos dispomos a fazer algo, físico ou mental, logo surge uma vontade de nada fazer ou porque isso implicará inspiração que não brota, forças que não sentidas ou então por falta da faísca que dá sentido e finalidade às coisas.

Se o tempo está com fraca cara, chuvoso e frio, a coisa quase se justifica à modorra e imobilidade, mas se o tempo está bom, ameno e soalheiro, ainda atentamos em dar uma caminhada, um passeio ou simplesmente ir ao jardim ou à horta ver as rosas a desabrochar ou a fruta a crescer, mas nesses momentos tudo nos parece na mesma e a natureza para nos maravilhar precisa de tempo, noite, dias, semanas e meses e não temos a paciência necessária para a ver dar frutos assim num repelão só porque nos apetece.

Há, de facto, dias assim, em que mesmo nada nos doendo nem preocupando, sente-se um vazio no corpo e na alma ou, então ao contrário, um sentimento de que estamos cheios de nada.

Festival RTP da Canção - Mais do mesmo


O "Festival RTP da Canção" parece que vai fazer agora 60 anos, sendo considerado o programa de entretenimento mais antigo da televisão portuguesa. Começou em 1964, então como "Grande Prémio TV da Canção Portuguesa".

Costuma-se dizer que em equipa que ganha não se mexe ou como numa boa receita de culinária não se toca, mas como neste aspecto a nossa RTP nunca acertou com os ingredientes certos nem com o tempo de cozedura, desde que a nossa televisão começou a ser colorida, o seu festival de canções inverteu-se e desde então tem sido de um cinzentismo escuro e nem os cada vez maiores palcos, quantidade de luzes e efeitos, tamanho dos cenários estapafúrdios e virtuais e ainda o desfile de apresentadores e apresentadores em trajes de gala e com generosos decotes, têm trazido luz e cor à coisa.  E sobretudo qualidade.

Além do mais, quando se põem os tele-espectadores a decidirem a coisa com telefonemas que dão boa receita, tudo se conjuga para que não passe anualmente de um entretenimento sem grande interesse no que a qualidade musical e artística diz respeito. Depois, invariavelmente, o teste no palco europeu do Eurofestival, também repetidamente, com raras excepções, confirma que não fomos talhados para estas coisas e assim temos andado lá pelos fundos da tabela e a ouvir dos júris: Portugal, one point!

A vitória do Salvador Sobral em 2017 foi de facto uma muito boa excepção, a confirmar a regra, por um conjunto de motivos, mas mesmo ela sem qualquer deslumbramento e também a fazer prova que pelo teste europeu a coisa tem andado nivelada por baixo. De resto, tanto na Europa como em Portugal, que lhe segue as tendências, este concurso na sua essência há muito que deixou de ser musical em detrimento de uma miscelânia mediática de efeitos visuais que se permitem arregalar os olhos também entopem os ouvidos.

Mas é o que é e não passará disto por mais que todos os anos, como aprendizes de alquimistas, se inventem novas fórmulas e se arregimentem velhas e novas caras. 

Neste ano de 2024 parece que vão ser 20 autores que simultaneamente são apresentados como compositores e intérpretes, como se isso seja garantia do que quer que seja. 14 terão sido escolhidos pela RTP e os restantes por submissão directa. Há muito que até essa componente democrática dos primeiros anos, em que em teoria qualquer um poderia concorrer, acabou e os critérios de escolha têm sido manhosos ou discutíveis. Até tivemos (em 1976) um único cantor (Carlos do Carmo) a interpretar todas as músicas. O próprio nome do festival foi alterado várias vezes e somente a partir de 1979 é que se fixou no actual mas mesmo assim agora tratado apenas como "Festival da Canção" seguido do ano correspondente. Não se pode, pois, dizer que não tenhamos tentado de todas as formas e feitios. Seja como for, basta atentar no nome de alguns dos artistas para o concurso deste ano de 2024 para se adivinhar o que aí vem: Assim vamos ter um Bispo, um Buba, um Huca, um Borch, uma Mila, uma Mela, um No Maka e um Silk, entre outros. Bem sei, são só nomes, mas agora parece que quase ninguém tem nomes próprios.

Não tenho nenhum preconceito com este festival e muito menos com a música portuguesa. De resto musicalmente não sou preconceituoso e tenho apenas dois tipos, a que gosto e a que não gosto. É certo que a que gosto é rara como o atum em mar de sardinha, mas há ainda boa música e músicos e daquela e daqueles que não precisam dos empurrões dos média que como Midas, num toque de mágica, transformam merda em ouro. O que não falta por aí no panorama musical português é merda, mas, se servir de consolo ou atenuante, da boa. Mas, como qualquer coisa que se vende, é porque há quem compre ou consuma.

Posto isto, dê as voltas que der, este velhinho Festival RTP da Canção não passará de um pingarelho anual, uma laranja seca da qual se procurará extrair sumo que não tem, sendo que nestas coisas haverá sempre Fanta e outros refrigerantes que parecerão saborosos mesmo que sintéticos e a fazerem mal aos triglicerídos e colesterol e ainda a aziar a vesícula.

25 de janeiro de 2024

Guisande F.C. - Liga Masters AFA - Jornada 9

 

Após a realização da partida 9, em que no passado Sábado, 20 de Janeiro de 2024, recebeu a ADC Sanguedo, em que não foi além de um empate a zero golos, o Guisande F.C. Veteranos segue praticamente a meio da tabela com 9 pontos, o que corresponde a uma média de 1 ponto por jogo. A classificação acima mostra que há várias equipas com diferentes números de jogos o que de algum modo a torna provisória.

Considerando as maiores exigências desta prova, o nosso clube tem tido uma participação muito positiva o que é de enaltecer.