5 de fevereiro de 2024

O que é que andam a beber ou a fumar?

Eu pecador me confesso: Comecei a trabalhar numa fábrica um mês antes de completar 12 anos de idade. O meu ordenado começou em 900 escudos. Saí dessa fábrica para cumprir o serviço militar obrigatório, que durou 2 anos completos, em que o valor do pré recebido não dava sequer para as viagens de comboio de Espinho a Lisboa, mesmo que com direito a desconto, quanto mais para outras coisas da juventude. Felizmente não fumava nem bebia. Foram-se as poupanças porque dos pais também não podia esperar ajuda e mesadas é coisa de meninos ricos ou com papás bem remediados e até esses arranjavam quem os livrasse, nem que fosse por uma unha encravada.

Terminei a tropa e vi-me sem emprego porque na fábrica entretanto matara-se o patrão e encerrara a actividade e ainda com algum dinheiro por receber e que jamais recebi. Não tive nem nunca tive subsídio de desemprego e tive que rabiar a arranjar ocupação, mesmo que precária, até chegar a emprego com maior estabilidade o que aconteceu ainda antes de casar. 

Depois casei, comprei terreno, fiz projecto e construi casa, e literalmente, porque com muita mão-de-obra dispensada porque o dinheiro era contado e em parte com um empréstimo que, na parte final, ainda pago e sem incumprimento ao longo de quase 25 anos. Criei e eduquei filhos, cães e gatos, e continuando esse encargo filial mesmo já depois de adultos. Pelo meio, com muita actividade cívica e associativa que me orgulha, consegui completar formações profissionais e escolares e obter o nível secundário e andam por aí doutores e engenheiros a quem não lhes reconheço mais competência ou conhecimentos, mas as coisas são mesmo assim, porque neste país um burro carregado de livros há-de ser sempre doutor. E isto, pouco ou muito, sempre sem qualquer apoio ou subsidiozito. 

Dizia o poeta cubano José Martí que "Há uma coisa que um homem deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro." Ora árvores plantei muitas, filhos tive dois e livros já escrevi também dois e ainda outros em projecto. Assim, a ter em conta essa filosofia, o dever foi cumprido.

Neste simples percurso de vida pouco ou nada recebi do estado social, incluindo, felizmente, por situações de baixa médica, mas a ele, pelo contrário, sempre paguei e continuo a pagar, impostos, contribuições, desde parte dos rendimentos de trabalho, a IMI da casa que construí com o meu esforço, IUC, como IVA em cada rebuçado chupado, em cada cerveja bebida, em cada litro de gasolina gasto e pão comido. Consultas e exames e um ou outro episódio de urgência médica foram sempre, graças a Deus, raros e rápidos. Apesar disso, e porque agora preciso, uns exames prescritos e marcados no Hospital da Feira vão já no 4.º reagendamento e um ano depois não tenho certeza de quando virão a ser feitos. Se tentar marcar hoje uma consulta no médico de família arrisco-me que seja atendido só lá para a Festa do Viso, em Agosto. É este o nosso SNS tão ideológica e radicalmente avesso a outras opções que deem respostas a quem delas precisam. Mas há quem o defenda assim, sem tirar nem pôr. Perguntem ao neto do sapateiro, o que acha do assunto!

Este é o meu exemplo, retrato comum e vulgar, mas como ele ou semelhante no percurso, o de muitos milhares de portugueses mais ou menos da minha geração, que não nasceram de cu para o ar ou em palhas douradas,  e que tanto deram a este país e pouco ou nada receberam para além de pagar impostos, adiamentos de consultas e exames, multas por dá cá aquela palha e outras desconsiderações como uma reforma tardia mesmo para quem começou cedo, mesmo cedo demais. 

Alguns, mais espertos ou mais ousados, pelo menos foram para outras bandas onde o rácio do dar e receber é bem mais justo e alguns até por uma simples dor de cabeça ou um osso amassado por terras da estranja, e que aqui seriam ossos do ofício porque trabalham no duro velhos e coxos, vivem de há anos com rendimento mensal garantido, sem fazer puto, usufruindo de uma larga e dourada reforma. Por aqui, com esses atributos, só mesmo alguns felizes reformados de um certo funcionalismo público que em certo tempo teve tetas fartas.

Mas são diferentes os tempos e até temos um partido de um homem só que quer criar uma Herança Social para ajudar os jovens entre os 18 e os 35 anos, para começarem a vida, eles que até essas idades limitaram-se a ser encargos pesados para os pais, tantas vezes hipotecando alguma folga na reforma, gastando e investindo nos filhos recursos minguados.

Esta é a realidade e o tempo da subversão das ideias e ideais e sempre à custa de quem trabalha e produz. Certos políticos extremados têm inveja ou mesmo um ódio de estimação a quem produz e a quem teve a descaradeza de trabalhar e poupar. Por ora, armados em robins dos bosques,  a apalogia de dar a cana e ensinar a pescar é uma merdice, uma treta, porque o que se vai defendendo é dar o peixinho pescado e se possível limpo de tripas e já temperado. Mais uns tempos à frente e o peixe será servido em louça da Vista Alegre,  pronto a meter-lhe os dentes. 

Sou a favor do Estado Social e dos justos apoios a quem realmente deles carece, com critérios de aplicação rigorosos e escrutinados a todo o momento, mas não o que promove e apoia a sornice, a subsídio-dependência, o chico-espertismo, e sobretudo sem respeitar, em contraponto, quem trabalhou, trabalha e cumpre deveres e obrigações. 

Que estranhos tempos estes em que se desrepeita quem fez pela vida mesmo que em condições difíceis. Esta gente ou anda a beber e a fumar coisas estranhas, ou a tomar comprimidos para bater na tola, ou então vive numa bolha muito singular mas em ambos os casos a pedirem que os mandem para aquele sítio onde apanhar sabonetes do chão é perigoso.

Desculpem qualquer coisinha os mais sensíveis, mas chegado a esta idade já não há pachorra nem paciência para aturar certos desmandos e para certas pessoas e políticos, pouco mais resta que mandá-os todos à merdinha, isto para ser diplomático e não responsabilizar as mãezinhas que, sem culpa, os pariram.

Obrigado, famílias de acolhimento

O Grupo de Jovens de Guisande promoveu no dia de ontem, Domingo, 04 de Fevereiro de 2024, um encontro com as famílias que na nossa paróquia acolheram no Verão passado vários jovens peregrinos no âmbito da realização da Jornada Mundial da Juventude. Decorreu pelas 18:30 horas no salão do edifício da Junta de Freguesia no lugar da Igreja.

Foi uma forma de agradecerem o envolvimento das famílias bem como darem eco do reconhecimento dos vários jovens peregrinos que por vídeo ou mensagem expressarem à comunidade e às diferentes famílias os seu agradecimento. Também as famílias foram convidadas a manifestarem um pouco da sua experiência. Por minha parte expressei o que por aqui já tenho escrito, que de algum modo ficou a sensação de ter havido pouco tempo para uma efectiva partilha familiar, porque com a agenda oficial muito preenchida, mas no final o saldo foi deveras positivo, certamente que, por ordem de interesses, principalmente para os jovens, mas também para as famílias, mesmo que com diferentes envolvimentos, mais ou menos práticos, mais ou menos emocionais.

A cada família acolhedora o Grupo de Jovens entregou uma moldura com uma fotografia alusiva ao acolhimento.

Foi um bom momento e que de algum modo serve de encerramento desse importante acontecimento que passou pelo nosso país e pela nossa comunidade.

Parabéns ao Grupo de Jovens!






4 de fevereiro de 2024

S. Brás e Senhora das Candeias - Vale

Festa a S. Brás e Senhora das Candeias.

Na bairrista freguesia de Santa Maria do Vale, numa tarde muito amena, uma festividade simples mas repleta de tradição. Programa de animação com dois bons ranchos folclóricos (de Ponte de Lima e Penafiel) e muita assistência. 


Alminhas em Estôze

 





No lugar de Estôze, um dos mais antigos da nossa freguesia, existem dois interessantes exemplares de alminhas. Uma delas encastrada na fachada da casa da D. Laurinda Angélica (2 fotos de cima), com imagem em azulejo policromático de um Cristo Crucificado e a ainda as designadas como alminhas do Vitorino (2 fotos em baixo), também com azulejo colorido e com a temática habitual das Senhora do Carmo.

A grafia do lugar de Estôze ao longo dos tempos tem tido algumas variantes e mesmo no dias de hoje presta-se a alguma confusão, nomeadamente quanto ao uso do "z" ou "s" ou ainda quanto ao acento sobre o "o", por vezes com o acento circunflexo ("^") e outras com o til ("~"). Aparece ainda nas duas formas, com "z" ou com "s" mas sem qualquer acento.
Eu próprio poderei nem sempre escrever da mesma forma mas pessoalmente considero como mais correcta a variante"Estôze".
Ainda em documentos antigos já vi a variante Estôs ou Estôz, sem o "e".
De todo o modo é um topónimo de origem desconhecida e mesmo após várias pesquisas não encontrei qualquer outro semelhante no nosso país.

Obras no cemitério de Guisande

A Junta da União de Freguesias está a realizar obras no cemitério de Guisande com vista à criação de novas sepulturas de modo a dar resposta à procura. Em simultâneo está a instalar sistemas de drenagem de maneira a mitigar os problemas de águas infiltradas no solo e que afectam o cemitério, sobretudo em tempo de inverno e de chuvas. Uma boa decisão.

Quanto fiz parte da Junta e ali também se realizaram obras com o mesmo objectivo, dependesse de mim e teriam sido construídas todas as sepulturas nos cantões ainda sem elas e de modo a aproveitar a oportunidade da mesma empreitada, porque é sempre um transtorno  e inconveniente para as zonas abrangidas  pelos trabalhos. Infelizmente, não tinha poder de decisão e também face a limitações  financeiras sentidas nesse primeiro mandato, entendeu quem mandava optar por fazer apenas o suficiente para as necessidades da altura.

Agora, como já era de esperar, teve que se voltar a fazer obras e novamente parte do cemitério transformado em estaleiro. Desconheço se desta vez irão ser realizadas sepulturas em todos os cantões ainda vagos. Se sim, é uma boa opção até porque a concessão das sepulturas pagará  o investimento. Se não, tem que se aceitar a opção, mas o problema voltará a sentir-se daqui a mais alguns anos e lá teremos novamente o cemitério em trabalhos e cada vez com menos espaço para movimentar máquinas.



2 de fevereiro de 2024

Reunião do Conselho Pastoral Vicarial da Feira

Local: Centro Paroquial de Santa Maria de Fiães

Data e horário: Quinta-Feira, 1 de Fevereiro de 2024 pelas 21:00 horas

A reunião principiou por volta das 21:15 horas. Presidiu e orientou a mesma o Pe. José Carlos Teixeira Ribeiro, vigário.

A recém nomeada delegada vicarial no CPD - Conselho Pastoral Diocesano, Maria Isabel Ribeiro Fontes da Silva, deu conta de que já participou num encontro do CPD mas que dos pontos da ordem de trabalhos pouco foi debatido pois o tempo programado foi quase todo preenchido com a apresentação mútua dos diversos delegados. De todo o modo e como disse que no CDP representava a vigararia e não a si própria, entendeu ser importante desde já colher testemunhos, opiniões e pontos de partilha para poder transmitir e partilhar em futura reunião.

O vigário Pe. José Carlos começou por fazer uma referência ao Caminho Sinodal, seu significado, sentido e objectivo e dentro desse contexto lançou ao grupo a questão do que é que em cada uma das nossas paróquias está a ser feito e dinamizado nesse sentido de caminho, nomeadamente qual a dinâmica e organização dos diferentes grupos.

Foram sendo colhidas várias impressões e testemunhos e foi possível perceber que há algumas paróquias com as estruturas em funcionamento, com  conselhos permanentes e conselhos paroquiais de pastoral mas também, porventura a maioria, ainda sem este nível de organização e os grupos vão funcionando cada um por si e coordenados entre eles ou pelos párocos.

O Pe. José Carlos considerou que apesar de estarem previstos e serem importantes esses grupos coordenadores, não são, todavia, condição para um melhor ou pior funcionamento, porque disse compreender e aceitar que cada paróquia, para além da dimensão de cada uma e suas especificidades, tem quase sempre as suas dinâmicas próprias e que funcionam relativamente bem. Exemplificou até, pela sua experiência e conhecimento, que mesmo na sua comunidade de origem (Amarante), com pequenas e várias paróquias apenas com um pároco comum, que tem sido aplicado um sistema de organização inter-paroquial e que vai funcionando face às limitações e que torna-se indispensável um entendimento, coordenação e partilha das diferentes paróquias de modo a atender às necessidades e expectativas de cada uma, mesmo que com cedências e adaptações de parte a parte.

Em resumo, as estruturas de organização das dinâmicas e actividades das paróquias são importantes mas não necessariamente fundamentais ou imprescindíveis. Mas importará sempre uma coordenação regular e colaboração mútua entre os diferentes grupos no interesse do funcionamento geral e que os párocos têm que dar atenção no seu funcionamento, promoção e incentivo.

Seguidamente foi lançada a questão do que é que em cada paróquia e sobretudo na Catequese, está ser feito no sentido das dinâmicas do Caminho Sinodal, nomeadamente nos escalões de adolescentes e jovens.

Nesta questão também foram vários os testemunhos, nomeadamente por parte de quem nas paróquias teve ou tem essa experiências como catequistas ou pais e a nota comum foi a de que está a ser muito difícil e nota-se cada vez mais um afastamento das crianças e jovens, por motivos vários, como o ambiente e dinâmica da nossa actual sociedade, muito fechada em si própria, com cada vez mais famílias desestruturadas,  bem como pelos pais e educadores que tendencialmente se demitem das suas funções e responsabilidades educativas deixando as opções e escolhas dos seus filhos, desde tenras idades, aos seus arbítrios, critérios e vontades, sendo que estas sem qualquer orientação e estruturação de valores. 

Foram relatados exemplos que demonstram negativamente esse desligamento como a da resposta de uns certos pais que responderam ao pároco que o “filho ainda andava pela Catequese porque queria e gostava, porque se fosse por vontade deles, já não”. Ou seja, o paradoxo da vontade positiva a prevalecer sobre a negativa dos pais. Mas este outros exemplos que ilustram as dificuldades que catequistas e orientadores sentem nas suas comunidades.

Em todo o caso, como salientaram alguns dos intervenientes e realçado pelo Pe. José Carlos, apesar destas dificuldades que são notórias, importará criar dinâmicas que envolvam as crianças e jovens de uma forma participativa e não apenas como ouvintes, levando-os a integrar tarefas e eles próprios serem promotores de dinâmicas em que se sintam activos e interessados. No fundo há uma necessidade de reinventar os meios para atingir os mesmos fins que é a partilha e valorização da Palavra e no modelo de vida e de vivência que é Jesus.

Mas a nota dominante foi que de facto os tempos estão difíceis em manter um interesse positivo por parte das crianças e jovens e mesmo dos pais, pelo que todos os caminhos e formas que conduzam a um renovar de interesse será de acolher. Mas é um grande desafio que se coloca na actualidade não só nas paróquias mas naturalmente em toda a Igreja. A própria Igreja, nomeadamente com os mediáticos casos de pedofilia no seu seio, como admitiu o vigário, tem ela própria sido motivo de erosão e algum afastamento e até descrédito perante muitos sectores e opiniões o que não tem ajudado, pelo que para o clero e sobretudo para os párocos a tarefa torna-se mais difícil pelo que cada vez é mais importante o envolvimento laical nos diversos níveis da comunidade. De resto, face ao número de padres que vão partindo e dos que se vão formando, as previsões conduzem a uma realidade de objectiva diminuição de párocos e dos actuais 16 na vigararia da Feira, o vigário considera que será inevitável que daqui a poucos anos esse número seja reduzido para metade.

A reunião foi dada como terminada por volta das 23:15 horas. Foram recolhidos pelos presentes os contactos pessoais para agilizar convocatórias e partilhas e foi acordado estabelecer um grupo na plataforma Whatsapp onde poderão em cada momento ser partilhadas pelos representantes das paróquias as experiências, questões, pensamentos, conteúdos pastorais, modelos de agendas, dinâmicas, actividades, etc.

Em resumo foi uma reunião interessante, porventura com uma duração um pouco longa mesmo com a maior parte dos presentes a não intervirem. Importará em reuniões futuras ser adoptado um esquema de trabalhos que possa ser produtivo mas mais sintético. Talvez lançar os temas de forma objectiva e depois estes serem aprofundados individualmente a nível do grupo Whatsapp e deles se fazendo um resumo que servirá de base à representante no Conselho Pastoral Diocesano para as suas participações ao nível diocesano.

A reunião contou com 19 elementos, tendo marcado presença os três representantes das paróquias do Pe. António Jorge (Guisande, Pigeiros e Caldas de S. Jorge). 

1 de fevereiro de 2024

500 amigos (e amigas)


Convenhamos que o Facebook vulgarizou o conceito de amigo. Parece que à data tenho 500, meio milhar. Deve haver engano porque pensando bem, assim com umas contas por alto, em tal conta serão pouco mais que os dedos de uma mão, e desses alguns nem estão na lista deste meio milhar.  Mas tenho uma boa parte como gente que conheço, considero e estimo. O resto, até acredito que são todos boas pessoas e que todos me querem bem, ou pelo menos não me desejam mal, sendo que nesta coisa de desejar, desejo sempre em dobro daquilo que me desejam. Mas também sei que nestes 500 andam por ali alguns com umas pedritas nas mãos atrás das costas e com uns alfinetes bem afiadinhos. Melhor é fingir que não sei.

Vale o que vale e o que não faltam por aí é trocadilhos e frases sobre amigos, mas aparte alguma ironia, dos bons todos queremos ter e precisamos, tanto nos bons como sobretudo nos maus momentos. A todos estimo.

Em todo o caso, a avaliar por certas figuras que os coleccionam, 500 amigos é mesmo um número baixo, e qualquer Manel Pancrácio e Zé da Esquina tem bem mais que isso, dos quais alguns que conhecem.

Mas convenhamos que 500 é um número redondinho e quase apetece não ter mais "amigos"  para não estragar a conta.  Caso para se dizer  que me bastam"poucos mas bons". É verdade que não tenho mais porque sou envergonhado a convidar, mesmo com o Facebook todos os dias a recomendar-me paletes de gente conhecida ou nem por isso, mas deste meio milhar quase ninguém convidei e, pelo contrário, quase todos tiveram a amabilidade e fizeram-me o favor de se convidarem. Bem hajam por isso e obrigado por fazerem parte dos 500!