31 de março de 2024
Visita Pascal - Guisande - 2024
30 de março de 2024
Compasso da Páscoa em Guisande
Nem sempre consigo tal premissa e, como a maioria, por vezes também não resisto à tentação de partilhar banalidades, lugares comuns e pingarelhos, mas regra geral procuro que qualquer coisa que aqui publique e partilhe, tenha algum significado, sumo, como se espera de uma laranja.
Bem sei que a maioria está a sintonizar outra frequência e quando temos às costas uma mochila carregada de anos e de experiência de vida, corremos o risco de andar a falar para as paredes ou para surdos-mudos, tal é o desfazamento entre gerações, níveis de cultura e diversidade de interesses. Mas quanto a isso não há nada a fazer, a não ser remar contra a maré ou navegar contra o vento. Mas isso tem custos, porque desgasta a embarcação, cansa o navegante e demora-se a chegar a bom porto e quando, por adversidade, não se naufraga na viagem.
Neste contexto e pensamento, para a Páscoa deste ano de 2024, que será fria e molhada, deixo de lado os habituais clichês dos coelhinhos, pintainhos, ovos e amêndoas. Tudo coisas boas e ternurentas, mas de tão generalizadas, enjoativas e com ar de banalidade.
Em alternativa partilho uma fotografia antiga, de meados da década de 1950, com o compasso pascal na nossa freguesia. Na cena, o saudoso Pe. Francisco, com o seu barrete, alva branca de meio corpo sobre a batina preta, estola bordada sobre a alva, à sua direita o juiz da Cruz, o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, atrás, certamente já cansado, apesar de ser homem duro e de trabalho, o Ti Domingos Lopes, que tinha a tarefa de carregar a sua cruz e a do juiz, de quem era caseiro. Ainda, à esquerda do pároco, com a caldeirinha da água benta, um quarto elemento que não consegui ainda identificar, mas que talvez os mais velhos que eu e que por aqui espreitem, consigam reconhecer.
Como se vê, pelo menos neste compasso não havia campainha, a não ser que venha debaixo da opa do juiz da Cruz ou que seja quem tirou a fotografia.
Recorde-se que por esses tempos, e durante muitos mais anos, a visita pascal na nossa paróquia era feita apenas por uma cruz, pelo que o percurso durava todo o dia e até altas horas da noite quando terminava no lugar de Cimo de Vila, na casa do Ti Joaquim "da menina" já a descer o monte do Viso.
A foto foi colorida artificialmente, apenas para dar um pouco de vivacidade ao quadro. Reconheço o local, então caminho estreito mas hoje rua pavimentada, mas fica como teste para quem quiser adivinhar.
Por tudo isto e com isto, desejo aos meus visitantes e amigos, incluindo os que interessados e de boa fé andam pelo meu Facebook, votos de uma feliz e santa Páscoa! Bem hajam!
Pastelaria
É sempre assim: Natal ou Páscoa, cá em casa cheira a pastelaria. Tudo feito como deve ser, a começar pelos ovos vindos da capoeira ao fundo do quintal e pela qualidade dos demais ingredientes.
Bem sei que a patroa por vezes queixa-se que assim não tem tempo de ir arranjar o cabelo, artificializar as unhas e preparar a lingerie. - Deixa lá, querida, isso é para gente "xpto", moderna, que já compra tudo feito. O prazer de comer a saborear as coisas que fazemos de forma ritual, quase sacramental, fica-lhes à porta. Do lado de fora! Não se pode ter tudo, pois não?
Compensações pascais
Via Sacra 2024 - Grupo de Jovens
Ontem, Sexta-Feira Santa, depois da celebração da Adoração da Cruz, pelo Pe. Benjamim, decorreu no Salão Paroquial a encenação da Via Sacra. Tendo em conta o estado do tempo, com chuva e muito frio, foi tomada esta opção e em meu entendimento funcionou bem, resultando num momento de intimidade e oração.
A interpretação de cada uma dos quadros ou estações da Via Sacra foi adequada e muito simbólica. Sob um ponto de vista de encenação, teatralidade, gestão dos movimentos em palco e expressão dramática dos intervenientes , e mesmo enriquecimento do cenário, há coisas a melhorar, mas estamos certos que acontecerá em futuras edições. Para uma primeira vez foi muito positivo.
De enaltecer o esforço e participação entusiasta do Pe. Benjamim, sempre muito cativador, e que dirigiu a parte da oração. Uma palavra de apreço para a parte coral que acompanhou cada um dos momentos. O salão esteve bem composto de participantes o que ajudou à vivência.
Em resumo, um momento muito interessante a marcar positivamente este Tríduo Pascal na nossa comunidade. Parabéns ao Grupo de Jovens da paróquia pelo seu entusiasmo e participação. Certamente que esperamos mais momentos destes, nomeadamente na vertente teatral que é sempre convidativa e traz-nos à memória outros tempos em que aquele espaço do salão se enchia. Nunca é tarde!
Bem hajam!
29 de março de 2024
28 de março de 2024
Eu, pecador, me confesso
Confessou-se Torga, o poeta,
Como pecador que era
No bom e no mau da vida,
Ambos ao leme da sua nau,
Mareando em deriva.
Também eu, pobre pecador,
Aflito, me confesso contrito,
Do pecado herdado
E construído
Mas nunca consentido.
Mas se para o perdão pleno
Necessário é o arrependimento,
No meu entender pequeno,
De tão pouco provento
Estou condenado,
Porque não me arrependo,
Do que possa ter pecado
Por conta do meu viver,
De animal, institivo,
Gravado à força de cinzel,
Qual cobre derretido,
Moldado em forma de sino
Que na torre a mesma nota replica,
Numa vida presa, que implica
Aceitar a cantiga do destino.